Almanaque Raimundo Floriano
(Cultural, sem fins comerciais, lucrativos ou financeiros)


Raimundo Floriano de Albuquerque e Silva, Editor deste Almanaque, também conhecido como Velho Fulô, Palhaço Seu Mundinho e Mundico Trazendowski, nascido em Balsas , Maranhão, a 3 de julho de 1936, Católico Apostólico Romano, Contador, Oficial da Reserva do Exército Brasileiro, Funcionário Público aposentado da Câmara dos Deputados, Titular da Cadeira nº 10 da Academia Passa Disco da Música Nordestina, cuja patrona é a cantora Elba Ramalho, Mestre e Fundador da Banda da Capital Federal, Pesquisador da MPB, especializado em Velha Guarda, Música Militar, Carnaval e Forró, Cardeal Fundador da Igreja Sertaneja, Pioneiro de Brasília, Xerife nos Mares do Caribe, Cordelista e Glosador, Amigo do Rio das Balsas, Inventor da Descida de Boia, em julho de 1952, Amigo da Fanfarra do 1° RCG, autor dos livros O Acordo PDS/PTB, coletânea de charges, Sinais de Revisão e Regras de Pontuação, normativo, Do Jumento ao Parlamento, com episódios da vida real, De Balsas para o Mundo, centrado na navegação fluvial Balsas/Oceano Atlântico, Pétalas do Rosa, saga da Família Albuquerque e Silva, Memorial Balsense, dedicado à história de sua terra natal, e Caindo na Gandaia, humorístico apimentado, é casado, tem quatro filhos, uma nora, um genro e dois netos e reside em Brasília, Distrito Federal, desde dezembro de 1960.

Coluna do Calixto - Onde Reminiscências, Viagens e Aventuras se Encontram domingo, 04 de março de 2018

MAXIMILIANO KOLBE & A MILÍCIA IMACULADA

 

MAXIMILIANO KOLBE & A MILÍCIA IMACULADA

Robson José Calixto

 

 

No dia 14 de agosto, dia do meu aniversário, é comemorada a festa de Santo Maximiliano Maria Kolbe. Ele foi canonizado e declarado mártir da caridade pelo Papa João Paulo II, que o chamou de “patrono de nosso difícil século XX”, a 10 de outubro de 1982.

 

Mas Kolbe nasceu Raimundo, a 08 de janeiro de 1894, na cidade de Zdunka-Wola, Polônia. Por volta de 10 anos Kolbe foi repreendido pela mãe. Chateado correu para a Igreja e rezou à Virgem Maria para iluminasse o caminho dele, quando ela lhe apareceu em visão, carregando duas coroas, uma branca e uma vermelha. A Virgem Maria perguntou ao pequeno Raimundo se aceitava aquelas coroas: a branca, significando que perseveraria na pureza, e a vermelha, o martírio. Ele aceitou as duas, então Nossa Senhora teria lhe olhado com doçura, desaparecendo a seguir.

 

A 04 de setembro de 1910, com quase 17 anos, Raimundo ingressa no noviciado franciscano, recebendo o nome de Maximiliano, denominação real na Áustria.

 

Já na Segunda Guerra Mundial, no dia 17 de fevereiro de 1941, oficiais da Gestapo alemã, em carros pretos, levaram Kobe e outros quatro frades para a prisão de Pawiak, divisão de Varsóvia. De lá, após alguns meses, Kolbe foi levado para o famoso campo de concentração de Auschwitz, na confluência dos rios Vístula e Sola, em 28 de maio de 1941.

 

Ao chegar a Auschwitz, Kolbe recebeu roupas com listas verticais cinzas e azuladas e o número 16.670, que aparecia abaixo de um triângulo vermelho (inimigo do Reich) com a letra “P” (Polonês). Ele foi obrigado a realizar trabalhos forçados, como servente, jardineiro, carregando pesos maiores que podia suportar. Quando parava cansado Kolbe apanhava e era xingado, mas ele orientava e mostrava que o amor é sempre mais forte que a morte. Exausto e mal alimentado, acabou internado no hospital do campo de concentração, doente do pulmão. Ao melhorar foi encaminhado para cortar batatas, por horas, alimento básico dos prisioneiros, contudo permanecia com atitude positiva, resignada e fervorosa, estando pronto para seus próximos sofrimentos.

 

Todavia, em julho de 1941, um prisioneiro do bloco 14, o mesmo de Kolbe, fugiu do campo de concentração e o seu Comandante bradou que, caso o fugitivo não fosse encontrado, 10 outros presos morreriam de fome nos subterrâneos do Bunker. Os prisioneiros do bloco 14 passaram horas na posição de sentido, só ouvindo a movimentação dos soldados e veículos e latidos dos cães ao longe. Foram dormir famintos naquela noite. No dia seguinte, enquanto continuavam a procurar o fugitivo, os demais prisioneiros do Bloco 14 passaram o dia todo na posição de sentido sob o sol a pino – uma tortura. Muitos desmaiaram.

 

Quando o Comandante Fristch retornou, foi logo anunciando e confirmando, que o fugitivo não fora encontrado e 10 morreriam de fome. Foi passando entre as filas de prisioneiros, escolhendo os que seriam sacrificados, entre eles um militar chamado Francisco Gajowniczek, que gritou palavras de despedida à esposa e aos filhos. Kolbe foi tomado de compaixão, saindo da fila e caminhando em direção ao Comandante Fritsch, informou que era padre católico e que desejava tomar lugar de Francisco Gajowniczek, que tinha esposa e filhos, apesar da surpresa, a oferta foi aceita. Os condenados foram encaminhados aos subterrâneos de Auschwitz, entre o final de julho e o início de agosto, para morrer de forma lenta e dolorosa, de fome e de sede. Foram despidos das roupas e avisados que “secariam como tulipas”. Kolbe organizou um grupo de orações, liderando, ajoelhado, cânticos e rosários.

 

Pelas manhãs eram retirados os corpos dos que faleceram à noite. Após três semanas pouco dos condenados sobraram, entre eles Kolbe. Era preciso desocupar a cela para outros prisioneiros, assim em 14 de agosto de 1941 aplicaram na mão esquerda de Kolbe uma injeção de ácido muriático, que queima enquanto passa, apressando a morte dele.

 

Ao longo de seu ministério, Santo Maximiliano Maria Kolbe desenvolveu muitas atividades, uma delas de muito interessante e pouco conhecida, mesmo no Brasil. No ano de 1917, na Europa era comemorado o quarto centenário do protestantismo, iniciado por Martinho Lutero, em 1517. A Maçonaria comemorava duzentos anos de presença na Itália. Esses movimentos foram acompanhados por críticas à Igreja Católica. A Maçonaria festejava Giordano Bruno, carregando estandarte que invertia os acontecimentos, Lúcifer derrotava São Miguel. Na Praça de São Pedro alçaram um cartaz que dizia que Satanás reinaria no Vaticano e o Papa seria seu servo.

 

Santo Maximiliano Maria Kolbe revoltou-se contra tudo aquilo e se convenceu que precisava estar a serviço de Maria Imaculada para combater e vencer os inimigos da fé, para tanto seriam utilizados a imprensa com foco mariano, a oração, a medalha milagrosa e empenho efetivo do apostolado (organizações para leigos católicos).

 

A primeira reunião ocorreu a 16 de outubro de 1917, diante de uma pequena imagem da Imaculada, quando definiram as diretrizes espirituais do movimento. Ao final da reunião os sete participantes receberam, cada um, a medalha milagrosa – “Ó Maria concebida sem pecado, rogai por nós que recoremos a Vós”. Estava fundada a Milícia da Imaculada e os participantes tornaram-se seus primeiros cavaleiros (milites).

 

Os militantes da Milícia se põem à total dedicação à Imaculada, tornando-se “coisa e propriedade” de Nossa Senhora. A finalidade da Milícia é “procurar a conversão dos pecadores, hereges, cismáticos, infiéis, tendo como condições: a oferta de si mesmo à Imaculada, portar consigo a medalha milagrosa e recitar ao menos uma vez por dia a oração “Ó Maria concebida sem pecado, rogai por nós que recoremos a Vós””.

 

Há três graus de participação na Milícia da Imaculada:

 

  1. O primeiro grau é quando cada um se consagra à Imaculada e procura alcançar os objetivos propostos;
  2. O segundo grau implica em seguir os estatutos e programas estabelecidos, se unindo e realizando do objetivo de construir o reino de Deus; e
  3. O terceiro grau consiste na consagração e submissão sem limites à Imaculada, colocando-se inteiramente sob sua proteção e à sua disposição.

 

Assim, o exército da Imaculada se propõe, por todos os modos, “conquistar por meio de Maria Imaculada o mundo inteiro pra Cristo”.

 

Em janeiro de 1922, Kolbe publica, com cinco mil exemplares, o primeiro boletim do “Cavaleiro da Imaculada”. Frei Kolbe conseguia, mesmo quando os recursos estavam escassos, até por meios anônimos e inesperados, manter e ampliar a publicação a partir de compra de maquinário gráfico próprio. Fiéis americanos também ajudaram na compra dos equipamentos. O crescimento da obra obrigou a levar os escritórios, a gráfica e os irmãos religiosos (franciscanos conventuais) colaboradores mudarem de Cracóvia para Grodno e novas publicações: duas revistas, o Cavaleiro da Imaculada, com 60 mil exemplares, e a Chama Seráfica, com 8 mil exemplares.

 

O crescimento da obra demandou nova expansão e mudança de Grodno para Varsóvia, a partir de doação de terreno com 28 mil m2 pelo Príncipe Drucki-Lubecki. A mudança completa foi a 20 de novembro de 1927, sendo que o primeiro prédio construído foi dedicado à Virgem Maria. Todo o conjunto foi batizado em polonês de Niepokalanow, isto é, Cidade da Imaculada.

 

A partir daí o Cavaleiro da Imaculada atingiu 750 mil exemplares e, a seguir, i milhão de exemplares. Para crianças, em 1933, foi lançado o Pequeno Cavaleiro da Imaculada. Já em 1938 Frei Kolbe lançou para o clero de todas as raças e línguas o Miles Immaculatae, em latim.

 

Informações sobre a Milícia da Imaculada, no Brasil, podem ser encontradas pelo site www.miliciadaimaculada.org.br, com TV e Rádio onlines. A Milícia está presente em diversos países e diversas regiões do país.

 

Parece que também era sonho de Frei Kolbe Maximiliano um dia chegar com o movimento até Brasil, promovendo o apostolado da Imaculada. O primeiro enviado foi o Frei Agostinho Januszewicz, partindo para o Brasil, a 04 de outubro de 1974, a bordo do navio “Cristóforo Colombo”, chegando ao Rio de Janeiro em maio de 1975.

 

A fundação do Jardim da Imaculada foi no ano de 1977. A revista Cavaleiro da Imaculada começou a ser produzida em 1979.

 

A Sede Nacional da Milícia da Imaculada, o convento do Jardim da Imaculada foi estabelecido pelo ato da Direção Geral da M.I. de Roma, com a data de 01 de janeiro de 1982.

 

Obs.: O presente texto foi compilado a partir, principalmente, das seguintes referências:

 

  • Fuitem, Frei Diogo Luís (OFM Conv.) – Vida de São Maximiliano Maria Kolbe – Mártir da Caridade. Edições Loyola, 2011.
  • Beckhäuser, Frei Alberto (OFM) – Os Santos na Liturgia – Testemunhas de Cristo. Editora Vozes, Petrópolis, 2013.
  • miliciadaimaculada.org.br.

 

 

Brasília - DF, 03 de março de 2018.

 


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