Almanaque Raimundo Floriano
(Cultural, sem fins comerciais, lucrativos ou financeiros)


Raimundo Floriano de Albuquerque e Silva, Editor deste Almanaque, também conhecido como Velho Fulô, Palhaço Seu Mundinho e Mundico Trazendowski, nascido em Balsas , Maranhão, a 3 de julho de 1936, Católico Apostólico Romano, Contador, Oficial da Reserva do Exército Brasileiro, Funcionário Público aposentado da Câmara dos Deputados, Titular da Cadeira nº 10 da Academia Passa Disco da Música Nordestina, cuja patrona é a cantora Elba Ramalho, Mestre e Fundador da Banda da Capital Federal, Pesquisador da MPB, especializado em Velha Guarda, Música Militar, Carnaval e Forró, Cardeal Fundador da Igreja Sertaneja, Pioneiro de Brasília, Xerife nos Mares do Caribe, Cordelista e Glosador, Amigo do Rio das Balsas, Inventor da Descida de Boia, em julho de 1952, Amigo da Fanfarra do 1° RCG, autor dos livros O Acordo PDS/PTB, coletânea de charges, Sinais de Revisão e Regras de Pontuação, normativo, Do Jumento ao Parlamento, com episódios da vida real, De Balsas para o Mundo, centrado na navegação fluvial Balsas/Oceano Atlântico, Pétalas do Rosa, saga da Família Albuquerque e Silva, Memorial Balsense, dedicado à história de sua terra natal, e Caindo na Gandaia, humorístico apimentado, é casado, tem quatro filhos, uma nora, um genro e dois netos e reside em Brasília, Distrito Federal, desde dezembro de 1960.

Estadão quarta, 30 de setembro de 2020

MARIO VARGAS LLOSA: TEMPOS ÁSPEROS É NOVA FICÇÃO DO ESCRITOR, A PARTIR DE UMA MATÉRIA REAL

 

‘Tempos Ásperos’ é a nova ficção de Mario Vargas Llosa criada a partir de uma matéria real

'O romance e a história sempre tiveram relações muito próximas', diz o escritor peruano, prêmio Nobel de Literatura de 2010

Aritz Parra, Associated Press

30 de setembro de 2020 | 05h00

MADRI  — Mario Vargas Llosa vê a América Latina “resignada à democracia” e distante, salvo exceções de ditaduras que qualificou como “ideológicas”, da barbárie dos regimes ditatoriais de caráter militar.

Apesar das tentativas do Nobel de Literatura de 2010 de evitar comentários a respeito da política, a apresentação de seu romance mais recente a jornalistas em Madri, em outubro passado, serviu para isso. Porque Tempos Ásperos (lançado agora no Brasil, pelo selo Alfaguara) se inspira em um golpe militar apoiado pelos Estados Unidos contra o presidente guatemalteco Jacobo Árbenz, episódio que, segundo Vargas Llosa, mudou o destino da região.

 
 
Mario Vargas Llosa
Mario Vargas Llosa. Novo livro se inspira em golpe militar apoiado pelos Estados Unidos contra o presidente guatemalteco
Jacobo Árbenz  Foto: Lexey Swall/The New York Times
 

“Um país, exceto em casos excepcionais, não chega a essa situação em um dia”, disse o escritor peruano, aludindo à famosa questão de Conversa no Catedral: “Em que momento o Peru ficou assim?”. Ele destacou que a América Latina “viveu um longo processo em que perdeu oportunidades”, começando com uma independência “malfeita” em que a sede de poder frustrou o sonho libertador de Simón Bolívar e deu origem a ditaduras militares por toda parte.

“Felizmente, hoje em dia essa América Latina se resignou à democracia, ela entendeu que a democracia é o caminho para lutar efetivamente contra o subdesenvolvimento e o fracasso”, afirmou. “Já não existem ditaduras militares desse tipo, hoje temos outras ditaduras que são ideológicas, como Cuba ou a Venezuela. E temos, sobretudo, democracias muito imperfeitas, porque são muito corruptas, porque há muita demagogia e porque o populismo também causa estragos.”

Em seu novo romance, Vargas Llosa desvenda conflitos e conspirações que devastaram a política regional entre 1940 e 1959. O ano-chave é 1954, quando Washington, por meio de sua agência de inteligência, apoia o líder do golpe, coronel Carlos Castillo Armas, e derruba o governo democrático da Guatemala.

Obcecado pela Guerra Fria, o governo dos Estados Unidos havia acusado o presidente Jacobo Árbenz Guzmán de ser um fantoche soviético ao empreender uma reforma agrária contrária aos interesses de um grande conglomerado de frutas. O autor vê nesses acontecimentos a razão da virada de Fidel Castro para o comunismo: “Minha impressão é a de que, se os Estados Unidos tivessem apoiado as reformas em vez de derrubar Árbenz, provavelmente a história da América Latina teria sido outra”.

O autor de Pantaleão e as Visitadoras e A Festa do Bode disse que, como em muitas outras de suas obras, o germe de seu último romance foi uma história que ouviu durante um jantar e depois se dedicou a pesquisar, alimentando a imaginação para preencher “as lacunas”.

“Começo a investigar para mentir com conhecimento de causa, para poder criar ficção a partir de uma matéria real”, contou. “O romance e a história sempre tiveram relações muito próximas. Os fatos históricos são respeitados, mas, nos detalhes, a liberdade de um romancista é e deve ser total.”

Aos 84 anos e com mais de uma dezena de romances, peças de teatro e centenas de artigos de opinião e palestras, o premiado escritor disse que se sente mais inseguro em lidar com a máquina de escrever hoje do que quando começou.

“Não sei se é a pressão de não decepcionar seu público ou se enclausurar com seus fantasmas que fazem com que nunca se esteja seguro”, afirmou Vargas Llosa.

Mas escrever “é a hora do pânico, e também um momento extraordinário de satisfação, quando se descobre uma porta que abre a história em uma direção que não se suspeitava”. / TRADUÇÃO DE ROMINA CÁCIA

TEMPOS ÁSPEROS

Autor: Mario Vargas Llosa

Trad.: Paulina Wacht e Ari Roitman

Ed.: Alfaguara (280 págs., R$ 59,90)


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