Marie Lafayette, estilista que assinou o vestido de Noiva de Michelle Bolsanaro, em 2013, será também responsável pelos looks que a futura primeira-dama e sua filha Laura, de 9 anos, usarão no dia da posse do presidente Jair Bolsonaro.
Na semana passada, Marie, de 37 anos, recebeu a coluna para um bate-papo em seu ateliê de alta costura, em Botafogo.
Como foi vestir Michelle Bolsonaro para o casamento, em 2013?
Foi legal. Fizemos o vestido em três meses, o que é relativamente pouco para noivas. O vestido foi super inovador, tinha um tule ilusión, aquele que parece uma segunda pele, com cristais Swarosky e um detalhe floral de renda nas costas. Michelle é clássica, discreta.
Gosta de tons neutros?
Gosta de tons noutros e também de um pouco de cor. É clássica, mas é um pouco eclética. Na verdade, ela mantém esse estilo da conscientização...
O que é estilo da conscientização?
Conscientização da realidade que o país vive, da nossa situação econômica, é uma pessoa muito bacana. Ela tem uma forma “sencilla” (simples, em espanhol) de se vestir, sem ostentação.
Qual é o modelo do vestido da posse? O tecido? A cor? Você não pode contar nada?
Posso te contar algo muito mais legal. A gente está com uma parceria muito bacana. As roupas da posse e outras, mais para frente, quando tivermos com um acervo legal, vão fazer parte de um bazar beneficente, tipo um leilão, sabe? Ela vai escolher as instituições de caridade. Uma coisa diferenciada, uma coisa sustentável...
Quantos vestidos de noiva você faz por mês?
Atualmente, faço entre 10 e 12, mas cheguei a fazer 40. É que agora, além de me dedicar ao atelier de alta costura, estou montando uma linha de prêt-à-porter. Estou até namorando um espaço em Ipanema para essa linha nova. Além disso, pretendemos expandir para São Paulo e para o Sul.
Qual é a sua formação?
Fiz uma especialização em Madri, na Espanha. Depois, fiz Esmod (tradicional escola de moda) em Paris. Ali aprendi muito do meu ofício. Roupas de princesa, noiva, coquetel, robe de soirée, robe de nuit. Aí, quando voltei para o Brasil, comecei a fazer algo diferenciado, que ninguém fazia aqui: réplicas de vestidos de noivas em Barbies, e deu muito certo. Peguei casamentos que tiveram muito destaque na mídia, como o da Lívia Rossi e o da Fernanda Pontes, e tenho contratos assinados até setembro de 2020.
Mais difícil do que fazer vestido de noiva, só mesmo fazer o de uma primeira-dama, né?
É (risos). A noiva tem que estar impecável no álbum da família...
E a primeira-dama tem que estar bem na foto de uma nação.
É muita responsabilidade. Às vezes, demoro á dormir pensando nisso. Mas Deus escreve coisas na nossa vida. Eu já estava sendo preparada por Ele...
Você tem mandinga, ritual de proteção?
Não, há alguns anos, fui tocada por Deus e virei evangélica. Minha superstição é só carregar a Bíblia. Tenho uma na cabeceira da minha cama e outra aqui no ateliê. A gente combate as coisas através da oração. Deus tem propósitos na nossa vida, ele começou a me tocar quando contratei uma babá evangélica e parei de ver TV, há dois anos. Não vejo nem minhas roupas que saem nas novelas. Essa babá foi colocando salmos e louvores para a gente ouvir e isso me mudou. Deus escreve algumas coisas na nossa vida...
Como assim?
Quando eu tive a oportunidade de fazer o vestido dela, em 2013, eu já estava sendo tocada por Ele. Isso mudou muito minha conscientização. Tem certas coisas que estão predestinadas.
Quais foram suas referências de estilo?
Tudo partiu muito mais de uma conversa entre a gente do que de um estilo específico. Farei os dois looks dela, da posse e do jantar, e o da filha deles (Laura, de 9 anos) também
Eles agora são um casal histórico.
Michele Obama ou Carla Bruni? Que primeira-dama combina mais com você?
Carla Bruni é bem classuda. Mas eu gosto mesmo da Kate Middleton e da Grace Kelly. Grace Kelly é minha paixão, meu amor eterno, uma referência de estilo.
Você vai nesse caminho?
Outro dia um jornalista foi no meu Instagram, pegou uma foto minha e disse que o vestido dela era de florzinha. As pessoas distorcem demais as coisas.
Vai ser de florzinha?
(Silêncio). Não. De florzinha, não.