Pelo tom de voz percebo a aflição do meu amigo José, ao telefone, 5 horas da manhã: – Mariazinha vai casar, disse-me. O que deveria ser motivo de alegria converteu-se em sentimento totalmente adverso. Imaginei a possibilidade de o futuro genro, por algum motivo, não desfrutar da simpatia de meu amigo. Não era essa a questão. Ao contrário, o noivo era um bom rapaz e tinha boas intenções, revelou-me. A questão era mais séria e envolvia o oneroso custo do casamento: convite, bolo, festa, local da recepção, aluguel do carro que levará a noiva, maquiagem, cabelereiro, banda que animará os convivas do evento. E o principal e mais caro: o vestido de noiva a ser usado uma única vez. Por certo não sobraria dinheiro sequer para adquirir a florzinha que o pai da noiva costuma usar e seria aplicada na lapela do mesmo paletó utilizado em seu próprio casamento, há vinte anos, apertado e meio furta-cor. Era o jeito. Não sobrara dinheiro nem para o terno do filho menor, Zezinho e para o vestido novo e longo de Dona Maria, sua esposa. Mas Mariazinha estava se casando e merecia todo aquele sacrifício. Como conforto, meu amigo só tem Mariazinha como filha. Zezinho, irmão mais novo, quando for casar, o pai da escolhida que se vire para bancar a festa. E sua noiva talvez até use esse mesmo vestido que vestirá Mariazinha, sua cunhada, irmã de Zezinho. O carro, José troca depois.
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