Almanaque Raimundo Floriano
(Cultural, sem fins comerciais, lucrativos ou financeiros)


Raimundo Floriano de Albuquerque e Silva, Editor deste Almanaque, também conhecido como Velho Fulô, Palhaço Seu Mundinho e Mundico Trazendowski, nascido em Balsas , Maranhão, a 3 de julho de 1936, Católico Apostólico Romano, Contador, Oficial da Reserva do Exército Brasileiro, Funcionário Público aposentado da Câmara dos Deputados, Titular da Cadeira nº 10 da Academia Passa Disco da Música Nordestina, cuja patrona é a cantora Elba Ramalho, Mestre e Fundador da Banda da Capital Federal, Pesquisador da MPB, especializado em Velha Guarda, Música Militar, Carnaval e Forró, Cardeal Fundador da Igreja Sertaneja, Pioneiro de Brasília, Xerife nos Mares do Caribe, Cordelista e Glosador, Amigo do Rio das Balsas, Inventor da Descida de Boia, em julho de 1952, Amigo da Fanfarra do 1° RCG, autor dos livros O Acordo PDS/PTB, coletânea de charges, Sinais de Revisão e Regras de Pontuação, normativo, Do Jumento ao Parlamento, com episódios da vida real, De Balsas para o Mundo, centrado na navegação fluvial Balsas/Oceano Atlântico, Pétalas do Rosa, saga da Família Albuquerque e Silva, Memorial Balsense, dedicado à história de sua terra natal, e Caindo na Gandaia, humorístico apimentado, é casado, tem quatro filhos, uma nora, um genro e dois netos e reside em Brasília, Distrito Federal, desde dezembro de 1960.

Família Albuquerque e Silva quinta, 28 de abril de 2022

MARIA ISAURA, PROFESSORA MUSICISTA E TEATRÓLOGA
MARIA ISAURA, PROFESSORA MUSICISTA E TEATRÓLOGA

Raimundo Floriano

 

 

Lábios insinuantes e naturais

 

                        Maria Isaura de Albuquerque e Silva, minha irmã, nasceu em Balsas (MA), no dia 28 de abril de 1921. Filha de Emigdio Rosa e Silva, o Rosa Ribeiro, e Maria de Albuquerque e Silva, a Maria Bezerra, era a primogênita de uma prole de dez, da qual eu sou o sétimo, e minha Madrinha de Batismo.

 

                        Esta é a mais antiga foto que temos dela com a família, em 1928:

 

Rosa, Maria, José, Pedro, Maria Isaura e Maria Alice 

                        Desde menina, demonstrou grande propensão para as artes, aprendendo a tocar bandolim e piano, compor e transpor melodias para a pauta musical, o que lhe foi de grande valia quando ingressou no magistério e também na dramaturgia, como adiante veremos.

 

 

 

                        Ainda adolescente, diplomou-se Professora pela Escola Normal do Piauí, em Teresina, passando a lecionar no Grupo Escolar Professor Luiz Rêgo, em Balsas. A foto a seguir é de 1939, com Dona Rute Rocha, Diretora, à esquerda:

  

                        Já em 1940, tomava parte na organização de peças teatrais e Autos de Natal de Rua, como no famoso Reis de Dona Antônia – nossa tia –, cuja passagem assim ficou registrada:

 

 

                        Com a mudança de Tia Antônia para Teresina, Maria Isaura assumiu, por completo, a condução do Reis e a encenação de espetáculos teatrais, contando esses com números musicais e, ao final, peça teatral de sua autoria ou de escritor famoso, o que ficou para sempre conhecido como Os Dramas de Dona Maria Isaura.

 

                        Maria Isaura casou-se com Pedro da Costa e Silva no dia 12 de junho de 1943. O casal teve 4 filhos, João Emigdio, Economista, José Augusto, Aviador, Ana Alice, Turismóloga, e Luís Fernando, Bacharel em Letras.

 

Maria Isaura e Pedro Silva 

                        Pedro e seus irmãos Luís, Regino, Virgílio e Sinoca pertenciam a uma família de negociantes de gado, comprando rebanhos no sul de Goiás e levando-os até o litoral maranhense ou cearense. Eram boiadas que, às vezes, compostas de mais de 500 cabeças, venciam extensa jornada de cerca de dois mil quilômetros, transpondo rios, contornando serras, varando florestas e percorrendo ermos sem estradas, guiando-se pelo sol e pelas estrelas, num roteiro conhecido como trilha boiadeira. Isso passo a passo, mansamente, em jornada que levava meses. Enfrentando ocasional estouro da manada, Pedro Silva, montado em seu burro de sela, jamais perdeu uma rês sequer.

 

                        Em 1944, o Grupo Escolar Professor Luiz Rêgo, que funcionava onde hoje é o Clube Recreativo Balsense, mudou-se para um prédio recém-construído, na Praça da Matriz, sendo Maria Isaura elevada ao cargo de Diretora. Em 1951, nova mudança, desta vez para a Praça Gonçalves Dias:

 

 

                        Nos palcos montados em ambas as sedes, os Dramas de Dona Maria Isaura conheceram seu tão decantado apogeu.

 

Grande elenco de um Drama encenado na Década de 1940 

                        No segundo semestre de 1953, Maria Isaura, pagando promessa feita pela recuperação da saúde de um filho, cumpriu uma jornada, a pé, de Balsas a Floriano (PI), num total de 450 quilômetros de porta a porta, para louvar a Imagem Peregrina de Nossa Senhora de Fátima que, vinda de Portugal, passaria, em outubro, por aquela cidade piauiense. Nessa romaria, que durou 23 dias, seguindo pela trilha das boiadas, acompanharam-na Maria Alice, nossa irmã, Cândido, peão-tropeiro de Pedro Silva, com Ciriaca, sua mulher e Eunice, sua filha. Faziam parte da comitiva três burros cargueiros, para transporte de vestuários, redes, víveres e material de cozinha.

 

                        Nas fotos a seguir, registros da histórica romaria:

 

A Imagem Peregrina de N. S. de Fátima – Altar em frente à Matriz de Floriano

 

 Maria Alice e Maria Isaura, em frente ao altar – Lembrança da peregrinação

 

                        No início de 1957, Pedro Silva, a convite de sua irmã Sinoca, fazendeira em Cristalândia (GO), hoje Tocantins, mudou-se com a família para aquela cidade, onde continuou a negociar com gado, tendo Maria Isaura assumido o magistério em colégios cristalandenses.

 

                        Em outubro de 1958, nova mudança, dessa vez definitiva, para Brasília, onde, desde 1957, já se encontrava nosso irmão Afonso Celso.

 

                        Aqui em Brasília, Pedro Silva empregou-se como Fiscal de Obras da Companhia Urbanizadora da Nova Capital – Novacap, enquanto Maria Isaura passou a lecionar, inicialmente, no Ginásio Brasília, na Cidade Livre, hoje Núcleo Bandeirante. Contratada, em 1959, pelo DEC – Departamento de Difusão Cultural da Novacap, como Professora, dirigiu o Grupo Escolar Júlia Kubitscheck. Mais tarde, foi a primeira Diretora da Escola Classe da SQS 106:

Com Ivone Valadares, Vice-Diretora – Com outras Professoras da EC 106 

                        Na Capital Federal, Maria Isaura foi um esteio, tanto para nós, outros quatro irmãos que aqui viemos residir, como para inúmeros familiares e amigos, que se reunia nos fins de semana em sua casa, para matar saudades e também filar os famosos almoços domingueiros. Morando, inicialmente em barracos, nos acampamentos, mudou-se, em 1960, para um apartamento na SQS 414, e, posteriormente, para outro, bem maior, na SQS 306.

 

                        Em novembro de 1974, Maria Isaura sofreu a perda de um filho, José Augusto, o Aviador, de 21 anos, em desastre aéreo, na região tocantina onde hoje é Palmas, quando viajava como passageiro. Repetia-se a tragédia do Cosmonauta russo Yuri Gagarin que, sendo o primeiro homem a navegar pelo espaço, em abril de 1961, viria a falecer, em 1968, em acidente numa aeronave de teste, viajando a lado do piloto. José Augusto viria a ser o primeiro membro da Família Albuquerque e Silva a ser sepultado no Campo de Esperança, em Brasília, desde a chegada do primeiro de nós, em 1957.

 

                        Pedro Silva faleceu em 23.04.1986, a um mês de completar 74 anos, e Maria Isaura, a 20.12.1992, com 71 anos de idade. Ambos jovens, para os padrões atuais. Deixaram seus nomes inscritos no Livro dos Pioneiros de Brasília e uma família bem formada, que perpetua sua memória nas ações, no trabalho e no bem-proceder.

 

                        Nesta quinta-feira, dia 28 de abril, seria comemorado o 95º Aniversário de Maria Isaura. Embora ela não mais se encontre conosco, sua lembrança permanece indelével em nossos corações.

 

                        Maria Isaura encantou-se, partiu para a casa do Pai Celestial, mas, afortunadamente, deixou, aqui em Brasília, uma representante à altura: a filha Ana Alice que hoje, em sua confortável residência, no Setor Park Way, procura congregar a família, não medindo esforços para que seu lar seja o mesmo foi, para todos nós, o de sua mãe, num venturoso passado, que jamais esqueceremos.

 


sexta, 29 de abril de 2022 as 07:33:28

João Ribeiro
disse:

Parabéns pela bela narrativa. Hoje também é a data de fundação de nosso saudoso Conjunto Big Brasa. E amanhã completarei 70 anos, se Deus quiser. Um grande abraço.


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