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Fila de veículos parados na via S1, em direção ao Congresso Nacional: transtorno durante toda a manhã
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Congestionamentos e acidentes marcaram a ida para o Plano Piloto na manhã de ontem. A Marcha das Margaridas interditou a via S1 do Eixo Monumental e causou transtornos para quem tentava acessar a área central de Brasília. Apesar de a manifestação ter sido programada com antecedência, as forças de segurança não conseguiram diminuir os impactos no tráfego, que continuou confuso pela tarde, mesmo após o fim do ato.
Com o bloqueio do Eixo Monumental, houve congestionamento até Águas Claras. No balão do Aeroporto Internacional de Brasília, na Estrada Parque Indústrias Gráficas (EPIG) e no Sudoeste, motoristas enfrentaram lentidão.
Às 9h, em frente à Torre de TV, as manifestantes organizaram a caminhada em três faixas da S1, o que permitiu a circulação de automóveis nas outras três pistas da via. Por volta das 9h50, elas alcançaram o gramado em frente ao Senado e à Câmara dos Deputados, onde discursaram e, às 12h10 encerraram o ato.
Por meio de nota oficial, a Secretaria de Segurança Pública informou que divulgou amplamente, nos dois dias anteriores ao evento, orientações para os motoristas evitarem a área central no período da marcha, com indicações de vias alternativas. Porém, uma das dificuldades da edição deste ano, segundo a pasta, foi o alojamento das participantes da marcha ser no Parque da Cidade, o que as levou a passar pela via S1, a caminho da Esplanada dos Ministérios.
No entanto, as medidas foram insuficientes. Morador de Águas Claras, o empresário Fernando dos Reis Martins, 42 anos, demorou uma hora para chegar ao trabalho, na Feira dos Importados. O trajeto costuma ser feito em menos de 30 minutos de carro. Dono de três lojas de aparelhos eletrônicos, ele contou que todos os funcionários chegaram atrasados.
Morador de Taguatinga Sul, o técnico em eletrônicos Lucas Alexandre Silva Rosa precisava chegar ao trabalho, no Setor de Indústria e Abastecimento (SIA), às 9h. Mas, por causa do trânsito, chegou mais de 30 minutos depois. “A chave da loja fica comigo e, por isso, demorou para abrir. Por causa dessa desorganização no trânsito, o estabelecimento perdeu dinheiro”, reclamou.
AcidentesPor volta das 9h30, próximo ao Hospital Regional da Asa Norte (Hran), no Eixão, quatro veículos se envolveram em colisão. Três pessoas ficaram feridas, incluindo uma criança de 7 anos. Os carros ficaram danificados, mas as vítimas apresentaram ferimentos leves e foram socorridas pelo Corpo de Bombeiros e levadas ao Hospital de Base.
Por causa do tráfego intenso, os bombeiros não conseguiam chegar ao local do acidente e precisaram acionar um helicóptero da corporação. Mas, como as vítimas estavam conscientes e estáveis, a aeronave não precisou pousar. A criança precisou de atendimento médico porque estava na cadeirinha e com o impacto foi impulsionada para frente. Mesmo sem marcas aparentes de machucados, os militares informaram que ela passaria por avaliação. Para socorrer as vítimas do acidente, o Eixão, no sentido Norte, precisou ficar totalmente bloqueado para os veículos. No sentido Sul, apenas uma faixa ficou liberada. Por causa disso, o trânsito, que já estava pesado, ficou ainda pior.
Também por volta das 9h30, a situação se repetiu na Estrada Parque Taguatinga (EPTG), onde um carro e um caminhão colidiram próximo ao viaduto da Estrada Parque Indústria e Abastecimento (Epia), complicando o fluxo de veículos. O trecho ficou parcialmente interditado, mas, como não houve vítimas, foi liberado pouco tempo depois. Ainda pela manhã, outros acidentes sem gravidade aconteceram no Buraco do Tatu, sentido Sul, e na Vila Telebrasília, na L4 Sul, causando mais congestionamentos.
PlanejamentoPara o especialista em trânsito David Duarte Lima, falta planejamento no tráfego do DF. Ele diz que, para controlar e minimizar os congestionamentos em dia de manifestação, deve ser feita uma simulação antes do evento. “Os dados mais importantes o governo têm, que são os horários que mais passam carros em determinada região. E, como os protestos são marcados com antecedência, eles conseguem estimar até o público que estará presente. Fazendo isso, não garanto que não haverá mais desconforto para os brasilienses, mas pode minimizar os transtornos”, ressalta.
Duarte destaca que informativos em letreiros luminosos podem ajudar ainda mais os motoristas. “O ideal é colocar na saída das cidades, como Gama, Sobradinho, Estrutural, informações como ‘Se você vai para o Buriti, siga pela Epia”, por exemplo. “É orientar as pessoas. Como estamos no centro da capital, onde estão instalados todos os poderes do país, é normal que ocorram manifestações, mas elas não podem interferir tanto na rotina dos demais brasilienses”, completa.
* Estagiária sob supervisão de Renato AlvesForça NacionalA pedido do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), o ministro da Justiça, Sérgio Moro, determinou o uso da Força Nacional para proteção da área da Esplanada dos Ministérios, ontem. A solicitação também foi feita para as manifestações pela educação e contra a reforma da Previdência que aconteceram terça-feira, na área central de Brasília. Em nenhuma delas houve confronto ou qualquer ocorrência grave."Como estamos no centro da capital, onde estão instalados todos os poderes do país, é normal que ocorram manifestações, mas elas não pode interferir tanto na rotina dos demais brasilienses"David Duarte Lima, especialista em trânsito