Rodrigo Fonseca
01 de novembro de 2020 | 08h31
Rodrigo Fonseca
Responsável por redefinir as bases do cinema de ação, ao lado de “Duro de Matar” (1988), no apogeu do gênero, “Máquina Mortífera” (“Lethal Weapon”, 1987), o “Cidadão Kane” de seu filão, vai voltar a prateleira que popularizou ainda mais sua grife no Brasil: a grade da TV aberta. Lançada na televisão nacional na “Tela Quente”, em 1993, a produção de US$ 15 milhões, que faturou US$ 120 milhões, vai ser transmitida pela Globo, às 2h deste feriado de Finados, no “Corujão”, com sua estonteante dublagem original, feita nos estúdios da Herbert Richers. Rodado na Califórnia, o longa-metragem nasceu de um roteiro do então jovem Shane Black, realizador de “Homem de Ferro 3” (2013), vendido por US$ 250 mil. Nele encontramos uma fórmula que recaracterizou a representação da violência na telona: o buddy movie, um biprotagonismo de heróis de temperamentos diferentes. De um lado, na trama, temos o experiente sargento Roger Murtaugh, confiado a Danny Glover, dublado aqui por Márcio Simões: trata-se de um homem da lei centrado, ocupado com sua família. Do outro lado vem o destemperado Martin Riggs, que catapultou Mel Gibson (na voz de Júlio Chaves) ao status de astro rei: trata-se de um ex-combatente do Vietnã, hábil em lutas marciais e bom de bala, que está em ideação suicida por conta da morte de sua mulher. Murtaugh é obrigado a unir forças a Riggs durante a investigação do suicídio de uma jovem, que pode estar articulada a uma rede de tráfico ligada ao ex-militar Peter McAllister (Mitchell Ryan) e seu braço direito, o assassino Joshua (Gary Busey). Essa conexão, que coloca os dois em risco, inicia uma amizade seminal, que rendeu, na indústria do audiovisual, uma franquia milionária, que rendeu US$ 953 milhões e inspirou uma série homônima.
A direção do longa que a Globo exibe esta madrugada é de Richard Donner, que vinha do cult “O Feitiço de Áquila” (1985). Chegaram a cotar Leonard Nimoy (1931-2015), o Sr. Spock, para a direção, mas ele preferiu investir em “Três Solteirões e Um Bebê” (1987). Todos ganhamos com isso, pois Donner, que já havia brilhado em “A Profecia” (1976) e “Superman: O Filme” (1988). A Warner chegou a considerar a escalação de Bruce Willis para ser Riggs, mas o interesse de Gibson em trabalhar com RD mobilizou o cineasta, estabelecendo uma parceria seminal, que rendeu ainda “Maverick” (1994) e “Teoria da Conspiração” (1997). Vale destacar que Rorion Gracie trainou Gibson e outros atores nas artes de jiu-jitsu, para emprestar mais realismo à narrativa.
Indicado ao Oscar de melhor som, “Máquina Mortífera” vai estar disponível também via Globoplay, em paralelo à transmissão da TV.
p.s.: Alexandre Marconato, um dos mais prolíficos e talentosos dubladores do Brasil, foi incumbido de dublar o (quase) galã Ed Skrein na versão brasileira de “Carga Explosiva: O Legado” (2015), que a TV Globo exibe esta noite, com a promessa de acelerar corações às 22h50, no “Domingo Maior”, seu canteiro semanal de adrenalina. É um filme com atestado de diversão garantida para um início de semana. Celebrizado na carcaça musculosa de Jason Statham entre 2002 e 2008, Frank Martin, o ás do volante da série “Carga Explosiva” (“The Transporter”), voltou a queimar os pneus do sucesso em sua volta às telas na pele de Skrein, o Daario Naharis do seriado “Game of Thrones”.
p.s.2: Falando de TV aberta e de Globo: a “Tela Quente” desta segunda exibe um dos filmes mais importantes da década: “Corra!”, de Jordan Peele, um fenômeno de bilheteria em 2017.
p.s.3: É um atestado de excelência o desempenho da dupla Manolo Rey e Wendel Bezerra a dublar John David Washington e Robert Pattinson em “Tenet”, o melhor filme de 2020.