MANOEL SERAFIM, O MANÉ CHORÃO DO FORRÓ
Raimundo Floriano
Manoel Serafim
(1941 – 2007)
Quando eu digo que tô famoso, ainda tem gente não acredita – ninguém é profeta em sua terra. Mas é só ver o que anda acontecendo no mundo para constatar essa grande novidade.
Tenho feito um bocado de armação, no cenário literomusical, nestes meus 74 anos de vida. Já nasci gritando: “óia, eu aqui!”.
Meu último livro, Do Jumento ao Parlamento, com tiragem de 2 mil exemplares, me concedeu certa notoriedade dentro do meu público-alvo: conterrâneos, camaradas da caserna, colegas do Parlamento, companheiros de malhação, hidro e fisioterapia, músicos, forrozeiros, batuqueiros, presepeiros, maranhenses, piauizeiros, amigos outros que amealhei nestes 50 anos, e, por que não dizer, até parentes, desses teimosos.
Mas o veículo que me projetou para o mundo, para o além-fronteiras, para o Universo Cultural, foi o Jornal da Besta Fubana, que me habilitou a publicar, semanalmente, matéria em A COLUNA DE RAIMUNDO FLORIANO. As solicitações que recebo constantemente, por meio do JBF ou pelo e-mail raimundofloriano@brturbo.com.br, dão a exata dimensão dessa notoriedade. E a todos venho atendendo, dentro destes três gêneros nos quais me considero forte: Dobrado, Carnaval e Forró.
Não posso deixar de mencionar aqui o Google, que se apodera de tudo o que o JBF publica, dando-lhe mais visibilidade. Duvida? Então vá lá, digite RAIMUNDO FLORIANO, dê um ENTER e pronto: tá feito o esparrame!
Até prefácio já me pediram pra fazer!
Há pouco tempo, uma forrozeira residente em Guarapari-ES, me procurou pedindo notícias de um primo seu o Manoel Serafim, do qual ela mais nada soube há mais de 30 anos. Indagava se ainda existia e onde morava, se ainda atuava na vida artística.
Sanfoneira, chama-se Maria Madalena, nasceu em Boqueirão-PB e, casada com um advogado, nunca precisou exercer profissionalmente sua arte musical.
Agora, não por necessidade, mas apenas para realizar-se artisticamente, resolveu formar seu conjunto, o MARIA MADALENA E SUA BANDA FERA SHOW. Dentro em breve, espero, vocês ouvirão falar nesse pessoal. O Forró é inesgotável, a cada dia aparecem novos intérpretes, com suas infinitas possibilidades.
Vejam-na aqui:
Maria Madalena e Sua Sanfona
Pouco sei sobre Manoel Serafim, pois a literatura existente sobre ele é que consta das contracapas de seus discos, isso no tempo do LP. O que apreendi adicionalmente foi de oitiva, conversando com amigos que o conheceram pessoalmente. Por isso, já ia orientá-la a consultar o JBF onde, a 04.08.08, eu postara seu resumidíssimo perfil.
E, aí, surgiu o nó: tudo o que eu escrevera anteriormente aqui no JBF fora deletado, a pedido meu e de comum acordo com o Papa Berto I, devido a problemas surgidos numa fase gordurosa que não queremos relembrar.
Assim, repito aqui a matéria deletada.
Taí um Ilustre Desconhecido para a mídia. Forrozou por mais de 50 anos, porém jamais alguém ouviu falar em seu nome no sul-maravilha. Seu forró é lascado, encacetado, tarrabufado. Para mim, foi o grande cantor das coisas da Paraíba, depois de Jackson, conforme consta do seu vastíssimo repertório. O conjunto Manoel Serafim & Banda Cuscuz com Leite ocupou as paradas de sucesso das noites de João Pessoa e de toda a região.
Benedito Honório, atual Presidente da Ordem dos Músicos da Paraíba, reconheceu o valor desse cabra e sempre o apoiou, conseguindo-lhe trabalhos nos tempos das vacas magras. É do Honório e de João Bosco o engraçadíssimo xote, gravado por Serafim, denominado Sou Paraíba – Resposta ao Edmundo. O motivo da música é que o jogador de futebol Edmundo andou chamando um juiz nordestino de paraíba, de modo desrespeitoso e pejorativo. Por isso, a promessa:
– Mas Edmundo, já falei pro Chico Riba, se ficar na Paraíba, leva pisa de cipó!
Ao escrever estas maltraçadas, fico imaginando a canja que Manoel Serafim está dando no etéreo forró, junto a Marinês e Elino Julião, falecidos na mesma época, certamente cantando o rojão com o qual me foi apresentado, que marcou para sempre sua voz em minha memória, e que é a sua cara:
– Não chores não, Mané Chorão! Não chores não, Mané Chorão! Se teu caso é mulher, no forró tem de montão!
Com vocês, pequena amostra do trabalho esse grande e saudoso forrozeiro.
O Inventor do Forró, rojão de Manoel Serafim e de Buco do Pandeiro:
Sou Paraíba (Resposta a Edmundo), xote Benedito Honório e João Bosco da Silva:
Forró do Serafim, rojão de Manoel Serafim e Chico Nobre:
São João em Bananeiras, arrasta-pé de Manoel Serafim e Penha Serafim:
O Puxador de Saco, arrasta-pé de Zé Catraca: