Caboclo Ferreira era uma conjunção perfeita de força física, extravagância e coragem, fatores que faziam dele uma pessoa que não conhecia o impossível. Nasceu em Boi Velho-PB, em data não precisa, viveu sempre dali para Itapetim-PE, embora a sua fama na boca do povo o tivesse levado várias vezes a São Paulo ou Brasília, cidades destino dos desvalidos daqueles Cariris.
Era muito comum ouvir histórias de Caboclo, passadas nesses lugares, embora ele nunca houvesse estado lá. Era o imaginário popular dando asas a um herói que onde quer que chegasse formava-se uma roda ao seu redor para ouvir ou ver as suas proezas.
Uma delas , foi acontecida em Itapetim-PE, quando ainda se chamava Umburana.
Genival Duda, de Monteiro, que o conheceu de perto, conta que num dia de feira, dois cabras se desentenderam e se travaram no bufete, bem no meio da feira, provocando correria e desespero nos presentes, porque matuto é assim: corre pra cima pra ver, ou corre com medo sem sequer saber de que.
Bom, os cabras da briga rebolavam pelo meio da feira, derrubando tudo que tava em pé por lá, farinha, feijão, o diabo a quatro.
Alguém teve a idéia de chamar Caboclo pra apartar a briga, coisa que ele também gostava de fazer. Caboclo conhecia um dos cabras e correu pra lá. Chegando no meio da “imbuança”, pegou um dos brigões pelo pescoço e jogou ele pra cima. O cabra caiu com todo corpo dentro de um caixão de farinha.
O outro, que era mais sambudo, ele agarrou pelo meio da cintura e jogou também pra cima. O cabra se estatelou em cima de um caminhão e ficou lá aquela porcaria.
A briga acabou aí.
Na outra feira, um deles, chegou todo empenado, com um braço numa tipóia e chamou Cabolco num canto:
– Seu Cabôco, eu queria pedir uma coisa ao senhor!
– Pois peça!
– O que eu queria pedir ao senhor seu Cabôco, é que quando o senhor me “ver” numa briga, mesmo que eu tiver apanhando, o senhor num aparte não, por caridade!