26 de agosto de 2020 | 05h00
A atriz Malu Galli tem publicado nas redes sociais o retorno das gravações da novela Amor de Mãe, e a volta de Lídia, sua personagem na trama. Para isso, todos os cuidados estão sendo tomados, desde o uso de uma placa de acrílico separando os atores até uma possível quarentena, para cenas de contato. De acordo com a emissora, essa retomada também está sendo possível porque houve uma troca de conhecimento com outras produtoras de audiovisual de outros países, como Itália, Suécia, Dinamarca, EUA. O certo é que o elenco tem comemorado essa nova fase. A novela retorna ao ar ano que vem.
Em conversa com o Estadão, por telefone, Malu, que decidiu passar a quarentena longe do centro do Rio, reflete sobre esse momento de pandemia e o fato de estar na telinha da TV em três novelas ao mesmo tempo. Além da Lídia de Amor de Mãe, a atriz, de 48 anos, surge ainda como a Rosângela, em Totalmente Demais (2015), e como Marta, em Malhação: Viva a Diferença (2017).
Em cada uma das novelas, Malu pode trabalhar perfis diferentes de personagens reais, de classes sociais distintas, mas com problemas comuns, que são vividos por inúmeras mulheres. As três têm em comum o fato de terem problemas com ex-maridos. “É uma narrativa até bastante recorrente na dramaturgia brasileira essa questão da mulher de 40, 50 anos que é trocada por uma mais nova. Sabemos que isso é um coisa que acontece na sociedade, mas eu acho que é uma maneira de a gente continuar batendo nessa tecla”, avalia a atriz, que acredita que a TV poderia contar outras histórias para as mulheres dessa idade. “Acho que, nesse sentido, os autores poderiam inovar, pois realmente há sempre esse momento em que você é trocada por uma mulher mais jovem”, em recado direto, dando a entender que esse tipo de narrativa é bastante machista.
Malu observa também o lado positivo dessas personagens que interpreta nas tramas. Além do ponto de traição amorosa, ela enfatiza que são três histórias diferentes, com mulheres fortes e atraentes. “Eu tive a sorte de fazer essas três personagens que me exigiram facetas diferentes, me exigiram mergulhos em universos diversos, e isso é sempre muito instigante para uma atriz, é isso que a gente busca com cada trabalho: aprender uma coisa diferente sobre nós mesmos”, diz.
Para Malu, interpretar a Marta da novela teen Malhação: Viva a Diferença, de Cao Hamburger, lhe deu a oportunidade de viver os problemas inerentes à relação de uma mãe e a filha adolescente. “Foi muito interessante, tanto é que eu e a Manoela Aliperti, a Lica na trama, ficamos muito próximas e chegamos a repetir a parceria no teatro”, conta, revelando ver pontos em comum entre ela e a atriz.
“Eu fui uma adolescente bastante rebelde, tive esses momentos de ruptura com a minha mãe, com muitos embates. Minha mãe, coitada, cortou um dobrado comigo.” Para ela, a relação entre mãe e filha é algo muito bonito e, hoje em dia, é bem próxima da sua, com os problemas da adolescência bem resolvidos.
Já em Totalmente Demais, de Rosane Svartman e Paulo Halm, Malu era a batalhadora Rosângela, que sofria com os problemas dos filhos e com o ex-marido. Para a atriz, foi uma experiência muito feliz e inesquecível. “A Rosângela, apesar de ter esse lado burra, que fica aceitando esse traste desse homem, que ninguém merece, o Florisval (Ailton Graça), é essa mãe solteira, com três filhos, vinda de uma realidade da mulher brasileira, da grande maioria das mães, principalmente as da periferia.” Ela se diz grata por poder defender uma mulher assim, pois possibilitou a conquista de um lugar diferente na televisão. “Foi um momento importante de poder alargar um pouco o espectro dos personagens que eu vivo na TV, e a Rosângela é uma mulher muito encantadora, muito honesta, guerreira.”
Quanto à complicada Lídia de Amor de Mãe, novela de Manuela Dias, Malu acredita que a personagem terminará inteira, depois de uma trajetória de queda. A atriz diz que se trata de uma personagem de alta voltagem emocional, exigindo muito dela, mas também afirma que foi muito prazeroso fazê-la, com cenas muito boas, duras, difíceis, intensas. Segundo Malu, é interessante que, para superar o alcoolismo, a personagem precisou da ajuda de alguém que estava ao seu lado, mas ela não enxergava. “A Lurdes salva a vida dela com afeto e o cuidado de uma mãe”, diz.
Aproveitando o período de isolamento, Malu ainda conseguiu fazer um filme reunindo amigos. Bocaina – que está em fase de produção, ainda sem data de estreia – contou com os atores Alejandro Claveaux e Ana Flávia Cavalcanti. A direção é de Fellipe Barbosa.