Os mais velhos – não se pode negar – são “professores de vida”. Devemos, portanto, estar atentos para sempre que possível transmitir aos nossos pósteros os valores que a vida nos ensina. Sobremodo em termos de precaução.
Eu, a exemplo, nos meus saudáveis 85 anos, ainda consigo com facilidade escrever meu besteirol aqui e ali, costumo sair sozinho, mas sempre estou dizendo à minha santa esposa – coitada, sofrida pelos 32 anos de convivência matrimonial – que estou começando a ficar velho.
Hoje confirmei. A PVC chegou! (Porcaria da Velhice Chega).
Ela estava no banho e havia deixado uma panela no fogão, com o fogo aceso, pois colocara uma macaxeira para ser saboreada durante o jantar, e pressentiu que estava na hora de fechar o gás. Aí apelou:
– Meu filho, – olhem só; de Meu Velho passei a Meu Filho – apague o fogo da macaxeira, por favor!
Rápido que só um preá, chispei da cadeira em que estava sentado, escrevendo, e fui e fui dar uma rodada no pitôco do fogão. Olhei pelo fundo da panela e vi que a chama se apagara.
Pra mim tudo certo. Só que, pensei em completar a “operação”, acionando novamente o tal pitôco, reabrindo, assim, o gás. Coisa de velho!
Saindo do banho e depois dos “complementos” ela foi para a cozinha e ao passar por mim, na sala, balbuciou em voz alta:
– Que cheiro diferente tem essa macaxeira!…
Ao chegar à cozinha, identificou a “desgraceira”. O gás estava escapando. Eu havia deixado o pitôco do butano aberto.
Logo que providenciou a solução de fechar o bico, abriu todas as janelas e a porta principal do apê e partiu pra cima de mim espantada, com os olhos arregalados feito uma garoupa do rio Amazonas:
– Meu filho, você está mesmo ficando velho!… Pois não é que deixou o fogão ligado! …
Ao que respondi com a maior seriedade:
Eu já repeti isso várias vezes. Acho que agora você entendeu! Comecei a ficar velho!…
Bendita a “macaxeira mal cheirosa”…!