Almanaque Raimundo Floriano
(Cultural, sem fins comerciais, lucrativos ou financeiros)


Raimundo Floriano de Albuquerque e Silva, Editor deste Almanaque, também conhecido como Velho Fulô, Palhaço Seu Mundinho e Mundico Trazendowski, nascido em Balsas , Maranhão, a 3 de julho de 1936, Católico Apostólico Romano, Contador, Oficial da Reserva do Exército Brasileiro, Funcionário Público aposentado da Câmara dos Deputados, Titular da Cadeira nº 10 da Academia Passa Disco da Música Nordestina, cuja patrona é a cantora Elba Ramalho, Mestre e Fundador da Banda da Capital Federal, Pesquisador da MPB, especializado em Velha Guarda, Música Militar, Carnaval e Forró, Cardeal Fundador da Igreja Sertaneja, Pioneiro de Brasília, Xerife nos Mares do Caribe, Cordelista e Glosador, Amigo do Rio das Balsas, Inventor da Descida de Boia, em julho de 1952, Amigo da Fanfarra do 1° RCG, autor dos livros O Acordo PDS/PTB, coletânea de charges, Sinais de Revisão e Regras de Pontuação, normativo, Do Jumento ao Parlamento, com episódios da vida real, De Balsas para o Mundo, centrado na navegação fluvial Balsas/Oceano Atlântico, Pétalas do Rosa, saga da Família Albuquerque e Silva, Memorial Balsense, dedicado à história de sua terra natal, e Caindo na Gandaia, humorístico apimentado, é casado, tem quatro filhos, uma nora, um genro e dois netos e reside em Brasília, Distrito Federal, desde dezembro de 1960.

Revista Veja domingo, 07 de maio de 2017

LULA X MORO: JUIZ PEDE A SEGUIDORES QUE EVITEM CURITIBA

Lula X Moro: em vídeo, juiz pede a seguidores que evitem Curitiba

Titular da 13ª Vara diz a seus partidários que a mobilização, no dia do depoimento de Lula, pode resultar em confusão, com pessoas machucadas

O juiz Sergio Moro houve por bem publicar um vídeo no Facebook em que pede a seus partidários que evitem manifestações na próxima quarta-feira, quando o ex-presidente Lula presta depoimento à 13ª Vara Federal de Curitiba. Segue abaixo.

 

Pois é…

Ainda que Moro esteja pedindo a seus seguidores que NÃO SE MANIFESTEM, o comportamento é certamente indevido a um juiz. Fazer o quê? Ou os integrantes do Poder Judiciário seguem as regras corriqueiras numa democracia, ou as coisas se degeneram.

É evidente que não cabe a um juiz passar orientações a manifestantes, ainda que esteja falando aos seus. Se o faz, admite a existência de uma liderança que nada tem a ver com o poder que lhe confere a toga. Ou que decorre impropriamente do poder que lhe confere a toga. Transcrevo um trecho:

“Eu tenho ouvido que muita gente que apoia a Operação Lava Jato pretende vir a Curitiba manifestar esse apoio, ou pessoas mesmo de Curitiba querem vir aqui manifestar esse apoio. Eu diria o seguinte: esse apoio sempre foi importante, mas, nessa data, ele não é necessário. Tudo o que se quer evitar nessa data é alguma espécie de confusão e conflito e, acima de tudo, não quero que ninguém se machuque em eventual discussão ou conflito nessa data. Por isso, a minha sugestão é: não venha, não precisa, deixa a Justiça fazer o seu trabalho. Tudo vai ocorrer com normalidade, e eu espero que todos compreendam”.

As palavras fazem sentido, não? Vamos ver.

Como Sergio Moro tem a obrigação da neutralidade, a sua mensagem deveria ser dirigida tanto aos que vão a Curitiba para vituperar contra Lula como aos que se organizam para defendê-lo. “Ah, Reinaldo, Moro vai pedir para petista não ir?”  Bem, então se admite que ele virou uma liderança do antipetismo? Ora, é descabido!

Observem que o juiz nem mesmo se refere aos apoiadores de Lula, a não ser de maneira encoberta, quando diz a seus seguidores que evitem confusão e conflito para que ninguém “se machuque”. E, suponho, para que “não se machuque ninguém”, não é? O lugar desse “se” na frase faz uma brutal diferença. Afinal, numa confusão e num conflito, os dois lados batem e apanham, certo?

Sim, eu endosso — mas eu posso, já que não julgo ninguém — as palavras de Moro. Acho que lulistas e antilulistas deveriam se ater às regras normais do estado democrático, deixando, como diz o juiz, “que a Justiça faça seu trabalho”.

E mais: Moro deveria ter atuado antes. Infinitas páginas nas redes sociais que convocam atos de solidariedade à Lava Jato e contra Lula trazem a imagem do magistrado. Quando menos, ele deveria ter feito um anúncio público pedindo que fossem apagadas.

De resto, quantas foram as vezes em que vimos e ouvimos membros da Lava Jato a dizer que só o “povo na rua” assegura a independência da operação? Ainda há dias, procuradores da República, liderados por Deltan Dallagnol, pregavam resistência a um ato do Senado assentados nesta premissa: sem mobilização, a operação se fragiliza. E isso é falso.

Sim, lulistas e antilulistas deveriam evitar a pantomima de rua, como se um simples depoimento de um réu — mesmo sendo Lula — fosse definir os rumos da história do Brasil. Não será a gritaria dos “companheiros” a intimidar Moro. Nem será a gritaria dos lava-jatistas, suponho, a estimulá-lo.

Juiz não orienta torcida. No máximo, a sua atuação pública, que tem de se pautar pela isenção e pela retidão, tem de inspirar a todos.


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