LUAR DE PAQUETÁ
Hermes Fontes
Nessas noites olorosas,
quando o mar, desfeito em rosas
se desfolha a lua cheia,
lembra a Ilha um ninho oculto,
onde o Amor celebra, em culto,
todo encanto que a rodeia.
Nos canteiros ondulantes,
as Nereidas, incessantes,
abrem lírios ao luar…
A água, em prece, burburinha,
e, em redor da capelinha,
vai rezando o verbo amar.
.
Pensamento de quem ama,
hóstia azul, fervendo em chama,
entre lábios separados…
Pensamento de quem ama,
leva o meu radiograma
ao jardim dos namorados!
Onde é esse paraíso,
o caminho que idealizo,
na ascensão para esse altar?
Paquetá é um céu profundo
que começa nesse mundo,
mas não sabe onde acabar…
.
Sobre o mar de azul rendado,
que é toalha de um noivado,
surge a Ilha-taça erguida:
E o luar-vinho doirado –
enche a taça do Passado
que embriaga a nossa vida!
Ai! que filtro milagroso,
para a mágoa e para o gozo,
para a eterna Inspiração:
o Luar, na mocidade,
abre as rosas da saudade
dentro em nosso coração.
Estribilho:
Jardim de afetos,
pombal de amores
Humildes tetos
de pescadores…
Se a lua brilha,
que bem nos dá
Amar na Ilha
de Paquetá