APRESENTAÇÃO
Raimundo Floriano
O título deste livro pode parecer muito pretensioso: De Balsas Para o Mundo! Um grande convencimento do seu autor, uma descabida presunção! Pode parecer, mas eu me apresso em explicar os motivos pelos quais esse título foi concebido.
De Balsas e nas balsas, saíram os estudantes do início do século XX à busca de novos conhecimentos, novos horizontes, novos rumos, novas conquistas. E numa luta muito desigual diante dos empecilhos que se lhe antepunham.
Navegando ao sabor das águas, para chegar ao centro mais avançado, Floriano (PI), levavam 10 dias; estendendo-se a viagem até Teresina, a Capital daquele Estado, mais 5.
A volta, nas férias, era percorrida no lombo de montarias, em comitivas que se organizavam para buscá-los em distâncias de mais de 50 léguas. Isso quando retornavam, pois alguns permaneciam longe do seu torrão até conseguirem o grau universitário.
No advento dos vapores ou lanchas, a partir de 1911, quase nada mudou quanto a esse retorno, já que na subida, rebocando barcas abarrotadas de mercadorias, essas embarcações gastavam quase um mês só de Floriano ao Porto das Caraíbas.
O resultado de tanto esforço e tenaz persistência é que esses estudantes lograram alcançar o diploma nos mais variados campos da realização profissional, tornando-se médicos, engenheiros, biólogos, juristas, fisioterapeutas, geólogos, professores, contabilistas, agrônomos, odontólogos, farmacêuticos, bacharéis em outras diversas áreas, ou galgando altos postos da administração brasileira, como o de parlamentar, general, brigadeiro, almirante, desembargador, governador e até presidente.
A Primeira Parte deste trabalho, A Navegação Fluvial Balsas – Parnaíba, conta a linda história de uma atividade que foi intensa a partir de 1911, com a chegada do primeiro vapor a Balsas, até o início dos anos 60, quando o transporte rodoviário e a construção da Barragem de Boa Esperança a tornou inviável, com fotos e desenhos de suas principais embarcações e os perfis dos homens que fizeram tudo isso acontecer.
A Segunda Parte, Crônicas Internacionais, traz algumas das páginas que venho escrevendo desde o lançamento do meu último livro, Do Jumento ao Parlamento, em 2003, contendo flagrantes da vida real, publicadas em minha coluna semanal na Internet.
Para localizá-las, basta acessar o Google, digitar A Coluna de Raimundo Floriano e dar um Enter.
E aqui vem a explicação do pomposo nome: Crônicas Internacionais.
Também, um dia, em 1949, saí de Balsas, minha querida terra natal, a bordo de uma embarcação, o motor Pedro Ivo, enviado para estudar em Floriano. Isso foi o meu desmame.
Daquele ano até esta parte, muita água rolou sob a ponte. Percorri numerosas plagas. Andei de carroça, de charrete, de ônibus, de elevador, de bicicleta, de automóvel, de caminhão, de trole, de trem, de bonde, de avião, de metrô e até de navio.
Hoje, sou conhecido em imensa parte do Planeta Terra. Minha citada coluna, atualmente, é lida em 77 países! Maiores detalhes encontram-se mais adiante, no capítulo A Igreja Sertaneja.
Isso estabelecido, peço-lhes que me respondam com toda a sinceridade:
– Foi ou não foi de Balsas para o mundo?
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