Daniel Day-Lewis recebeu o Oscar de melhor ator interpretando Lincoln
A cinebiografia de Abraham Lincoln, obra-prima dirigida por Steven Spielberg sobre os últimos anos da vida de um dos presidentes mais fascinantes da história dos Estados Unidos da América, se passam durante o final da Guerra da Secessão em linhas gerais, conflito esse iniciado quando os estados do Sul do país criaram um movimento separatista e declararam sua independência do país, o que foi motivado pela divergência existente a respeito da abolição da escravidão. Essa guerra foi a pior da história americana, com saldo de cerca de 600 mil mortos.
A bem da verdade, por mais que possa parecer, Lincoln não é uma cinebiografia sobre o 16.º presidente dos Estados Unidos, e essa falta de sinceridade com seu espectador acaba, justamente, contando contra o interesse pelo filme. “Lincoln” é um filme sobre a 13.ª Emenda da Constituição Americana que, com poucas palavras, aboliu a escravidão naquele país, em votação apertada, com corrupção e tudo, apoio e aval do homem mais puro da América, no dizer do congressista democrática, Thaddeus Stevens.
Baseado no livro “Team of Rival: The Political Genius of Abraham Lincoln,” da historiadora e biógrafa americana Doris Helen Kearns Goodwin, que analisa o gabinete do governo do presidente Lincoln da época, que se aliou aos seus ex-rivais de campanha em linhas gerais para aprovar a Emenda 13.ª a qualquer custo, o filme Lincoln, indicado a 12 Oscars pela The Academy, tem a sua maior força nas atuações. Daniel Day-Lewis tem mais uma atuação assombrosamente memorável na carreira, nos lembrando por que já possui três estatuetas do Oscar (Meu Pé Esquerdo (1989), Sangue Negro (2007) e Lincoln (2012). O ator incorpora o ex-presidente de forma impressionante, com um trabalho de voz que faz do personagem um sujeito delicado, mas sempre marcante e firme, falando baixo, mas sendo sempre ouvido e respeitado.
Sally Field e Tommy Lee Jones são outros destaques do elenco, que conta ainda com as ótimas presenças de David Strathairn, Hal Holbrook e Bruce McGill. Field interpreta Mary Todd Lincoln e chama a atenção em todas as sequências que aparece. Já Lee Jones surge como Thaddeus Stevens, congressista democrata liberal que causa polêmica entre os representantes do povo. O ator, que muitas vezes gasta seu talento em produções que só exigem dele a cara de durão mal humorado, brilha no filme, protagonizando, pelo menos, uma cena memorável, como no discurso na Câmara dos Representantes. Mas nem só de veteranos vive o elenco de Lincoln. Joseph Gordon-Levitt, Lee Pace e Joseph Cross também aparecem com destaque.
O longa conta com uma belíssima trilha sonora de John Williams, que tem como principal mérito o fato de não ser repetitiva ou insistente. A trilha surge de forma forte, mas não se preocupa em marcar presença durante todo o tempo. A fotografia de Janusz Kaminski também merece aplausos ao adotar uma tonalidade azulada, numa referência clara às cores da União na Guerra da Secessão. É curiosa ainda a opção por tomadas em primeiríssimo plano, com muito destaque aos rostos dos atores, o que reforça a percepção das grandes atuações.
Outro ponto positivo do filme é a direção de arte, que aqui é comandada por seis mãos (Curt Beech, David Crank e Leslie MacDonald). O trio colaborou para dar autenticidade ao drama. Tudo é suntuoso e de muito bom gosto. O mesmo pode ser dito do figurino criado por Joanna Johnston.
“O verdadeiro sentido da emenda, é que não vejo igualdade em tudo. Só igualdade perante a lei, e nada mais!” – disse o fervoroso deputado democrática Thaddeus Stevens, interpretado brilhantemente por Tommy Lee Jones, em síntese antológica em plenário da Câmara dos Representantes, em momento ímpar do filme LINCOLN.
a) Lincoln Official Trailer #1 (2012) Steven Spielberg Movie HD
b) Lincoln 20 Min. Featurette (2012) – Steven Spielberg Movie HD