05 de maio de 2022 | 08h56
Se o Real Madrid chegou a sua 17.ª final de Liga dos Campeões, deve isso a Rodrygo, que estava no banco do Santiago Bernabéu esperando para entrar contra o Manchester City. E, quando entrou, marcou, aos 45 e 46 minutos do segundo tempo, na vitória de 2 a 1, suficiente para levar a decisão à prorrogação. Ainda tocou para Benzema sofrer pênalti e marcar o gol da classificação: 3 a 1.
Tem sido uma sina para o atacante esperar. Ele deixou a Vila antes mesmo de completar 18 anos. O clube madrilenho já havia fracassado na tentativa de contratar Neymar e não perderia de novo a chance de colocar a mão no novo raio do Santos. Então, antes mesmo de Rodrygo completar a maioridade, ele estava vendido ao time espanhol, que já havia dado guarida para tantos outros brasileiros, como Ronaldo e Kaká.
Rodrygo foi comprado por 45 milhões de euros, o mesmo valor que o Real pagou por Vinícius Junior para tirá-lo do Flamengo. Aos 21 anos, e ainda na condição de reserva de Carlo Ancelotti, o atacante assinou ontem a classificação do time merengue para a grande final da Liga dos Campeões contra o Liverpool, desbancando a equipe sensação da Europa, o City, comandada por Guardiola.
Rodrygo talvez tenha sido no Bernabéu o raio que o Real Madrid tanto procurava. Seus gols foram marcados em 90 segundos, um de oportunismo na área e o outro, nem tanto em suas características naturais, de cabeça. Ele incendiou Madri e deu vida ao time. Fazia menos de uma semana que o Real havia festejado a conquista do Campeonato Espanhol. Portanto, apesar da vantagem dos ingleses após a vitória em Manchester por 4 a 3, nada parecia impossível aos merengues, donos de 13 taças da Liga dos Campeões.
A classificação não era uma certeza, mesmo assim o clube mandou confeccionar camisas com o número 14, uma menção à taça que será disputada. Rodrygo acabou com o City. O time de Guardiola marcou cinco gols nos dois confrontos da semifinal e foi eliminado. Muito disso graças a Rodrygo: o Real Madrid fez seis gols.
“Não tem explicação. São coisas que só acontecem no Madrid. Essa camisa ensina a gente a lutar até o fim, a não desistir. Depois que a gente tomou 1 a 0, olhei para o escudo e falei ‘podemos virar, já viramos outras vezes’. E foi! Tentei chamar os companheiros, incentivar, disse que já viramos outras vezes e poderíamos fazer igual”, contou Rodrygo à TNT Sports.
Enquanto incentivava seus companheiros, o atacante não podia imaginar que seria ele o cara a mudar aquela história. “Não sei nem o que falar. Foi um dos dias mais felizes da minha vida. Poder entrar e mudar a partida, fazer os dois gols... Estou muito feliz. Foi outra noite mágica no Bernabéu, como sempre é. A torcida sempre ajuda a gente de forma inexplicável.”
Rodrygo ainda contou que disse ao seu pai, Erick, que faria três gols. Ele sabia que teria de esperar pelo chamado de Ancelotti, que ficaria no banco, mas não perdeu a confiança. Ficou devendo um. “Acho que estou trabalhando para esses momentos. Estou feliz pelo momento que estou vivendo. Sei que indo bem no Real, aumentam as chances de ir para a seleção. A Copa do Mundo está bem perto, sei que posso ajudar. Agora é continuar essa sequência, ajudando, para estar lá no Catar”, disse o garoto.
A boa fase pode fazer, sim, diferença para Rodrygo na lista de Tite. A disputa é dura. Há bons atacantes pelos lados de campo. Ele foi convocado pela primeira vez em outubro de 2019, para amistosos do Brasil contra Argentina e Coreia do Sul. Tudo na sua carreira foi em ritmo acelerado. Em 2018, uma curiosidade. O garoto chegou atrasado à festa do Paulistão para receber o troféu de revelação porque tinha ido a uma loja às pressas comprar um terno. Tinha 17 anos. Depois desta quarta, ele passa a ser opção de Ancelotti diante do Liverpool, em Paris, no dia 28.