15 de fevereiro de 2022 | 05h00
A Liga dos Campeões é uma obsessão para o Paris Saint-Germain. Levantar a 'orelhuda' se tornou o principal objetivo para o clube desde a chegada do empresário Nasser Al-Khelaif, que injetou uma montanha de dinheiro para levar Neymar, Kylian Mbappé, Lionel Messi e outros astros à equipe. Porém, para conquistar o principal título europeu desta temporada é necessário superar um time bastante familiar com o topo: o Real Madrid, que tem 13 taças, o maior campeão da história do torneio. Os rivais se enfrentam nesta terça-feira, pelas oitavas de final da competição.
É bem verdade que a equipe merengue já viveu dias melhores, quando Cristiano Ronaldo comandou nada menos que quatro conquistas da Liga. Hoje, o Real Madrid lidera o Campeonato Espanhol, mas não vive os dias de glória como quando tinha o astro português em seu elenco. É dependente de jogadas individuais de talentos como Karim Benzema e Vinícius Júnior. Não é um time poderoso como já foi, mas ainda assim um adversário perigoso.
O Paris Saint-Germain, por outro lado, fica cada dia mais reconhecido no cenário mundial. Falta ainda a inédita taça da Liga dos Campeões para reafirmar sua grandeza. Na temporada 2019-2020, em sua primeira final, chegou bem perto, mas foi derrotado pelo forte Bayern de Munique. O PSG já mostrou que tem capacidade de chegar até o fim. Agora, tenta concretizar o tão sonhado título.
A obsessão por títulos em Paris é recente, tem pouco mais de dez anos. O clube mudou de patamar em 2011 com a chegada de Al-Khelaif, que comprou 100% dos direitos através de sua subsidiária de investimentos do Catar. "Eu acredito que no PSG, a cobrança se deve muito, essa obsessão, pelo investimento", declarou Souza, que depois de um período vitorioso no São Paulo (de 2004 a 2007), partiu rumo à França.
"Na minha época a cobrança não era tanta, até pelo material humano que a gente tinha. Eu acredito que nunca houve essa cobrança muito no PSG, essa obsessão que tem hoje pela Liga dos Campeões", ressaltou. Ele defendeu a camisa do time de Paris entre 2008 e 2009 e faz uma comparação com o Monaco, que em sua época dominava o cenário francês, mas que nunca sequer sonhou com uma Liga.
Souza destaca, com plena convicção, que a principal diferença no PSG de hoje com do seu tempo era o elenco à disposição. "O PSG sempre foi um time muito rico. Financeiramente um clube bem estruturado. Então a diferença do meu tempo para cá é o material humano."
Apesar da incessante busca do PSG pela tão sonhada taça, o caminho não será tão fácil quanto imagina. Com 13 taças no currículo e um elenco com jovens promissores, o Real Madrid promete fazer do confronto um verdadeiro duelo de gigantes. "Eu gosto muito e respeito muito a história. O Real Madrid é o maior. Tem de ser respeitado isso, apesar de o time hoje ser um time totalmente diferente do que era cinco anos atrás", analisou Souza.
"Apesar de não ser um time tão poderoso como era antes, ainda é o Real Madrid. Um time que tem uma história muito bonita com essa competição. Tenho certeza que o PSG vai ter que respeitar muito, apesar de ter um elenco muito mais poderoso, a gente sabe que o futebol, principalmente na Europa, ficou muito igual", analisou.
Campeão do mundo com a França em 2018, Kylian Mbappé é um dos jogadores mais promissores desta geração. Com apenas 23 anos, ele já sonha alto. E é quase certo que o futuro do astro francês está em Madrid, longe da sombra de Neymar e Messi. O destino quase certo fez com que Nasser Al-Khelaifi aceitasse a ideia de liberá-lo de graça. Dinheiro não é problema para o empresário catariano.
"O cara que deixa o Mbappé e prefere perdê-lo de graça do que vendê-lo pro Real Madrid... só pra você ter uma ideia que dinheiro pro cara (Nasser Al-Khelaifi) não é problema. Ele tem obsessão de ganhar a Champions, entrar para a história do clube", comentou.
O fato de jogar contra sua provável futura equipe não deve atrapalhar Mbappé dentro de campo. Souza vê que apenas a cultura brasileira adota a ideia de que um jogador não pode atuar pelo seu rival. Para o comentarista, a cabeça do atacante é outra. "Cabeça totalmente diferente. Acredito que não vai atrapalhar. Se ele for para o Real Madrid, acredito que com certeza ele vai fazer aquilo que ele fazia no PSG, Monaco... vai fazer ainda melhor."
PSG e Real Madrid irão proporcionar um duelo interessante entre brasileiros. De um lado, Casemiro lidera a juventude formada por Éder Militão, Rodrygo e Vinícius Júnior. Do outro, os experientes Neymar e Marquinhos querem fazer de tudo para levar sua equipe de volta à final. O embate promete ser bem interessante, até mesmo levando em consideração conquistar uma vaga na seleção de Tite, que disputa a Copa do Mundo do Catar no fim deste ano.
"Minha análise é de felicidade, porque até então a gente estava muito escasso de craques", destacou Souza. "Eu vejo com bons olhos esses dois meninos (Rodrygo e Vinícius Júnior). O começo do Rodrygo foi melhor do que o do Vini, mas o Vini hoje é um cara que também dispensa comentários. Eu fico feliz de estar vendo esses jogadores, pelo lado da seleção brasileira, junto com Casemiro, o próprio (Éder) Militão e jogadores que estão em grandes clubes do futebol europeu."
Souza, no lugar de Tite, prefere apostar em jogadores que já conhece do que fazer novas experiências. Mas, ainda assim, o duelo da Liga dos Campeões pode mudar muito a cabeça do treinador. "Acho que agora não é o momento de arriscar ou de fazer improvisos. Acredito que a análise do Tite seria a mesma da minha. Eu manteria os jogadores que eu já conheço."
"Se você me perguntar se eu levaria algum outro jogador diferente, que tenho visto nos últimos anos, seria o (Raphael) Veiga. Faz tempo que a gente não tem um meia assim tão criativo e para mim o Veiga tem se destacado bastante. Se eu tivesse que escolher entre Veiga e Éverton Ribeiro, eu levaria o Veiga, porque o momento é melhor", finalizou o comentarista.
Paris Saint-Germain e Real Madrid se enfrentam pelas oitavas de final da Liga dos Campeões nesta terça-feira, às 17 horas (horário de Brasília), no Parque dos Príncipes. O duelo de volta acontece no dia 9 de março, no Estádio Santiago Bernabéu, em Madrid.