Talvez o fato de estar entre os clubes de maior poderio financeiro do continente, ter um dos melhores elencos ou ter chegado à final da Libertadores em três das últimas cinco edições, com dois títulos, tenha deixado o torcedor do Flamengo mal-acostumado. Se engana, porém, quem acha que o cenário do jogo de hoje, às 21h, contra o Millonarios-COL, no Maracanã, que o rubro-negro precisa vencer para garantir a classificação para as oitavas de final sem depender de outro resultado, é atípico. Até mesmo para elevados os parâmetros do clube.
Vantagem no saldo
De 2019 para cá, são seis edições de Libertadores. Em três delas, ou 50%, o Flamengo terminou a quinta rodada já classificado. Nas outras três, chegou à última rodada precisando de um bom resultado para passar da fase de grupos. Hoje à noite, o time de Tite garante uma vaga nas oitavas com uma vitória simples, já que Palestino-CHI e Bolívar-BOL se enfrentam na outra partida da noite.
Para se classificar em primeiro, o Flamengo precisará vencer e contar com uma pouco provável vitória dos chilenos na altitude de La Paz.
Por ironia do destino, a última vez em que o Flamengo se viu em uma posição parecida com a atual — mais difícil, até — foi justamente no vitorioso 2019. Naquele ano, o rubro-negro chegou à última rodada precisando de um empate fora de casa contra o Peñarol, para quem tinha perdido no Maracanã por 1 a 0.
Comandada por Abel Braga, a equipe conseguiu o placar, mas com requintes de crueldade. Com um a menos após a expulsão de Pará no segundo tempo, o Flamengo se defendeu como pôde e garantiu o 0 a 0 que o levou às oitavas de final contra o Emelec, já com Jorge Jesus.
Na tumultuada temporada passada, com Jorge Sampaoli no comando, a equipe chegou à sexta rodada na segunda colocação, em busca de um empate em casa para avançar. Conseguiu até mais, pois venceu o Aucas-EQU por 4 a 0, mas, como passou em segundo, teve que decidir o mata-mata fora de casa e foi eliminada pelo Olimpia, do Paraguai.
Agora, com Tite, o ambiente está menos conturbado. O que não esconde o fato de que, depois de um jogo fraco contra o modesto Amazonas, o Flamengo precisa, mais do que vencer para passar de fase, reencontrar o bom futebol. Nas últimas partidas, o treinador parece ter encontrado um equilíbrio tático, principalmente nos jogos em casa, mas ainda assim alguns jogadores têm deixado a desejar.
Uma boa notícia para o treinador é o retorno do volante Pulgar. Recuperado de lesão no tornozelo esquerdo, o chileno pode iniciar a partida como titular no lugar que vem sendo ocupado por Allan. Além disso, De La Cruz, substituído na partida contra o Amazonas, pela Copa do Brasil, devido a dores no joelho direito, não teve lesão detectada e também está apto para o jogo.
Meio-campo ideal
Assim, o Flamengo pode ter em campo seu “quarteto mágico” de meio-campistas depois de quase quatro meses. A última vez em que Arrascaeta e Gerson tiveram a companhia de Pulgar e De la Cruz como titulares foi no dia 7 de fevereiro, na vitória por 1 a 0 sobre o Botafogo, no Campeonato Carioca. Desde então, os quatro foram utilizados juntos apenas duas vezes, por 16 minutos contra o Atlético-GO e mais 17 contra o Palmeiras, ambas as partidas pelo Brasileirão.
Por outro lado, a defesa do Flamengo não deve contar com Fabrício Bruno. Praticamente vendido para o West Ham, da Inglaterra, o zagueiro deve ficar no banco. Assim, a dupla de zaga titular será formada pelos reservas Léo Ortiz e David Luiz, já que Léo Pereira ainda se recupera de lesão no músculo posterior da coxa esquerda. O Millonarios-COL vem ao Rio sem ambições, pois não pode mais deixar a última colocação do Grupo E.