Almanaque Raimundo Floriano
(Cultural, sem fins comerciais, lucrativos ou financeiros)


Raimundo Floriano de Albuquerque e Silva, Editor deste Almanaque, também conhecido como Velho Fulô, Palhaço Seu Mundinho e Mundico Trazendowski, nascido em Balsas , Maranhão, a 3 de julho de 1936, Católico Apostólico Romano, Contador, Oficial da Reserva do Exército Brasileiro, Funcionário Público aposentado da Câmara dos Deputados, Titular da Cadeira nº 10 da Academia Passa Disco da Música Nordestina, cuja patrona é a cantora Elba Ramalho, Mestre e Fundador da Banda da Capital Federal, Pesquisador da MPB, especializado em Velha Guarda, Música Militar, Carnaval e Forró, Cardeal Fundador da Igreja Sertaneja, Pioneiro de Brasília, Xerife nos Mares do Caribe, Cordelista e Glosador, Amigo do Rio das Balsas, Inventor da Descida de Boia, em julho de 1952, Amigo da Fanfarra do 1° RCG, autor dos livros O Acordo PDS/PTB, coletânea de charges, Sinais de Revisão e Regras de Pontuação, normativo, Do Jumento ao Parlamento, com episódios da vida real, De Balsas para o Mundo, centrado na navegação fluvial Balsas/Oceano Atlântico, Pétalas do Rosa, saga da Família Albuquerque e Silva, Memorial Balsense, dedicado à história de sua terra natal, e Caindo na Gandaia, humorístico apimentado, é casado, tem quatro filhos, uma nora, um genro e dois netos e reside em Brasília, Distrito Federal, desde dezembro de 1960.

Fernando Antônio Gonçalves - Sem Oxentes nem Mais ou Menos domingo, 21 de agosto de 2022

LEITURAS OPORTUNAS - 07.08.22 (CRÔNICA DE FERNANDO ANTÔNIO GONÇALVES, COLUNISTA DO ALMANAQUE RAIMUNDO FLORIANO)

LEITURAS OPORTUNAS

Fernando Antônio Gonçalves

 

Durante as minhas últimas miniférias juninas, devidamente assessoradas pela Sissa, sempre presente e fiscalizante, resolvi consultar, por e-mail, alguns companheiros de viagem terrestre, total de 32, das Ciências Humanas, residentes em doze estados brasileiros, sobre leituras que muito os impactaram. De notoriedades diferenciadas, carreiras profissionais envolvendo ensino, pesquisa, escriturâncias, debates e militâncias, suas indicações me conduziram a momentos de muita certeza no tocante ao futuro da humanidade. Apesar dos inúmeros angustiantes instantes contemporâneos, quando os acinzentamentos provocados pelas ambições de um neoliberalismo que se está agigantando para um ambicionado todo um sempre nada promissor, recebi respostas entusiasmentes.

As leituras abaixo eleitas, dentre as citadas mais de cinco vezes, bem demonstram o atual momento leitoral brasileiro, a refletir anseios de uma sociedade que se vê necessitada de uma compreensão mais consistente do seu todo e das suas partes, incluindo os versos e os reversos das situações econômicas, sociais, religiosas, militares e políticas de um mundo em renascença. Enumero-as, abaixo, em nenhum momento levando na devida consideração a ordem de magnitude das leituras citadas.

1. Sobrados e Mucambos, de Gilberto Freyre, editora Global, com uma apresentação de Roberto Da Matta, atualmente Professor Emérito da Universidade de Notre Dame, EEUU. Livro muito beneficiado, segundo o próprio DaMatta, pelas notáveis coordenações de Edson Néry da Fonseca, Guillermo Giucci e Enrique Rodriguez Larreta, quando da elaboração crítica de Casa Grande & Senzala. Diz DaMatta: “O que tenta Gilberto demonstrar, correndo o risco de ser chamado reacionário e um ideólogo de um escravismo doce, é que o sistema funcionava hierarquicamente. As diferenças não corriam em paralelo, mas faziam parte de uma geometria social de inclusão, uma figura na qual os senhores englobavam, mas eram também englobados por seus escravos, com os quais mantinham laços de interdependência”.

2. O Atiçador de Wittgenstein, de David Edmonds e John Eidinow, Difel – narrativa jornalisticamente inteligente, com sinais de muita pesquisa investigatória, contando o entrevero acontecido entre Ludwig Wittgenstein e Karl Popper, em outubro de 1946, quando de uma das reuniões da Associação de Ciências Morais de Cambridge, que contava, na ocasião, com a presença de Bertrand Russell, para quem “suas avalanchas (de Wittgenstein) fazem as minhas parecerem meras bolas de neve”.

3. O terceiro texto – Nas Sendas do Judaísmo, Walter Rehfeld, Perspectiva – me deixou mais próximo de Saulo Gorenstein, Arão Parnes, Estellinha Parnes, Germano Haiut e tanto outros queridos irmãos hebreus. O texto do Rehfel, destinado a pequenos cursos, ensaios, palestras e artigos publicados na Resenha Judaica, é fonte erudita – sem pedantismos academicistas – para se ampliar o conhecimento sobre o Judaísmo, suas origens, sua filosofia, suas maneiras de ser e de ter, naturalmente. Um excelente requisito para se ler com mais clarividência o estudo de Jacques Attali não muito recentemente lançado pela Futura sob título Os judeus, o dinheiro e o mundo, com prefácio de Henry Sobel.

4. O quarto texto é oportuno, numa hora de novas ebulições ministeriais. Lançado pela Autêntica, e intitulado A economia política da mudança – os desafios e os equívocos do início do governo Lula -, contém análises que certamente contribuirão para a implementação de debates eleitorais de alto nível, onde o futuro brasileiro seguramente sobrepairará sobre os disse-me-disses e mimimis das campanhas políticas. O mote dado pelo João Antônio de Paula, organizador: “Queremos fazer uma crítica solidária, de esquerda, mas não há como fugir dos problemas, não dá para abrir mão da crítica”. O exemplo do Titanic não pode ser esquecido pelos “com-certezas” da cúpula governista, que se imaginam caminho único para espraiar vida mais decente para todos os segmentos sociais.

5. Muito apreciaria ver os amigos fubânicos lendo um dos livros citados, páginas que me deixaram bem mais alegre e esperançoso, apesar das imensas perspectivas negativistas que ainda pairam sobre nosso continente: Diderot e a Arte de pensar livremente, Andrew S. Curran, São Paulo, Editora Todavia, 2022, 388 p. Um estudo exemplar sobre um ser humano encantador. Uma personalidade cada vez mais independente, trezentos anos depois da sua desencarnação. Uma leitura binoculizadora para os pensantes de todos os níveis de espiritualidade, jogando na lata do lixo existencial os negativismos nunca incultos e sectários nunca metidos a merdantários (mandatários de merda).

Vale a pena dar uma mergulhada em todos os livros mais citados, sempre rabiscativamente.


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