Ninguém duvida que a leitura estimula o raciocínio, ativa o cérebro, aumenta a imaginação e desenvolve a capacidade de concentração. Mas o que poucos sabem é que, com apenas 30 minutos de prática diária, a vida pode se prolongar por até dois anos. Resultado de uma pesquisa realizada pela Universidade de Yale, nos Estados Unidos, batizada de Um capítulo por dia, que acompanhou 3.635 pessoas 50+ durante 12 anos, foi provado que o exercício cerebral diário faz toda diferença quando o assunto é longevidade.
A explicação para isso está na reorganização neurológica que o hábito promove.
— A leitura reforma as funções cognitivas mais complexas do cérebro —, afirma a neuropsicanalista Priscila Gasparini Fernandes, que completa: — Quando a gente lê, estimula o córtex, que está diretamente ligado a pensamentos, memórias e à consciência.
É como se ela consertasse os neurônios que estão funcionando mal, compara Priscila.
E não são só os livros que têm esse poder.
— Qualquer tipo de exercício mental atua na plasticidade do cérebro”, afirma a expert.
Pode ser um jogo de tabuleiro com estratégias, uma reportagem que desperte o interesse do leitor e até uma série escolhida para maratonar. O importante aqui é que a atividade leve no mínimo 30 minutos e que estimule o raciocínio.
— Nosso poder de absorção de informação dura em média 45 minutos — Por isso, as aulas, em geral, têm esse tempo de duração e são seguidas de intervalos — pontua Priscila, acrescentando que essas pausas são fundamentais para resetar o cérebro e prepará-lo para mais um período de aprendizado.
Mas atenção: a leitura de notícias não entra nessa conta.
— Essa é uma função prática, do dia a dia, que não tem efeito profundo. Portanto, não atinge o córtex e não age em funções cognitivas.
De nada adianta também se prostrar em frente à televisão sem prestar atenção direito em nada. O importante, garante a neuropsicanalista, é o raciocínio estar presente na atividade:
— Ler coisas de seu interesse faz com que você aumente o vocabulário, trabalhe as memórias recentes, a remota e a operacional
NA ESTANTE
Datado de 2016, o estudo coordenado pela Universidade de Yale dividiu os participantes em três grupos — os que não tinham o hábito da leitura, os que liam três horas e meia semanais e os acostumados a ler mais de 30 minutos por dia. Doze anos depois, concluiu-se que o grupo intermediário apresentou 17% menos chance de morrer antes do que os avessos à leitura — número que chegou a 23% entre os devoradores de obras literárias.
Segundo Priscila, qualquer assunto que desperte o interesse do leitor vale para prolongar a existência aqui na Terra. A exceção são os contos muito curtos que, a menos que promovam conexões com a vida do leitor, gerem pensamentos lógicos ou associativos, não preenchem os 30 minutos de exercício diário.
Pensando nisso, selecionamos sete obras recentes de sucesso que fizeram a cabeça de muita gente — e podem fazer a sua.
As viúvas passam bem (ed. Folhas de Relva, 121 págs., 2013) Marta Barbosa conta a história de duas viúvas, vizinhas e inimigas, cujos maridos mataram um ao outro em um grotesco duelo sem sentido, no Recife de 1990. O livro — finalista do Prémio Leya, de Portugal — é um romance sobre a beleza frágil do amor. Trata também dos movimentos da vida e do sempre possível recomeço.
A Arte de Gozar: Amor, sexo e tesão na maturidade (ed. Record, 166 págs, 2013) A partir do desejo de compartilhar as lições que aprendeu com grandes mulheres, Mirian Goldenberg escreve sobre amor, sexo, tesão, (in)fidelidade, intimidade, amizade, casamento, borogodó, corpo, envelhecimento e, sobretudo, liberdade. Com base em pesquisas feitas com mais de 5 mil mulheres e homens, a autora nos faz pensar em melhores maneiras de se gozar.