LAZARINA - PERSONAGEM FOLCLÓRICA E POPULAR TERESINENSE
Morei em Teresina, como estudante, de fevereiro de 1950 a fevereiro de 1957. Naquela época, chamaram-me a atenção duas figuras populares, a Lazarina e o Manelão (ou Avião), assíduos frequentadores da Praça Pedro II, em frente ao Cine Theatro 4 de Setembro e ao Cine Rex, point noturno da cidade.
Lazarina parece que tinha problemas com as faculdades mentais. Era morena, alta, magra e sua cabeleira era bem curta, quase cortada rente a crânio. Por isso, a molecada em frente aos cinemas, gostava de atormentá-la, gritando: É HOMEM! É HOMEM! Ao que ela, reagindo, levantava a saia – sem calcinha – e exibindo seu verdadeiro sexo.
Manelão (Avião) não sofria do juízo. Tinha essa alcunha por imitar perfeitamente o ronco dos aviões – naquele tempo, as aeronaves roncavam, diferentemente das modernas, que só fazem um chiado quase inaudível. Além disso, contava trepidantes episódios de mocinho e bandido, nos quais ele era o herói e nos quais sempre havia um avião pousando ou decolando.
Naquele tempo, eu era estudante no Ateneu, tendo como um dos colegas e amigos o João Emílio Facão Costa Filho. Transposta a adolescência, cada qual seguiu caminho diverso, visando a conquistar seu espaço no sul-maravilha.
Reencontramo-nos, alguns anos depois, aqui em Brasília, trabalhando no Congresso Nacional, ele, jornalista e funcionário do Senado Federal, e eu, contabilista, servidor da Câmara dos Deputados. Amizade de sempre!
No ano de 1977, João Emílio fez-me bela surpresa, presenteando-me com o livro ALELUIA, de sua autoria, editado pelo Senado e componente da Coleção Machado de Assis.
São crônicas e contos que me levaram a reviver meu feliz passado teresinense. Dentre eles, belo fato histórico: páginas dedicadas à Lazarina, que aqui reproduzo.
LAZARINA
João Emílio Falcão Costa Filho