LAÇADA NOS PISANTES – AI, QUE SAUDADE ME DÁ!
Paulo Azevedo
Joguei futebol de forma competitiva dos sete aos vinte e cinco anos. Foram dezoito anos amarrando tênis e chuteiras.
Hoje, com quase cinquenta anos e muitas, milhares de peladas depois, toda vez que vou amarrar a chuteirazinha para uma pelada despretensiosa ainda lembro do meu pai, o tipo de laço, o local do laço, "mais para lateral para não incomodar o dorso do pé durante o chute", era assim que me ensinava meu saudoso pai.
Fui crescendo, e meu pai não amarrou mais as minhas chuteiras, tive que aprender a dar laços, desfazer laços, tive que aprender a me virar nos laços e nó cegos da vida. Parece algo condicionado, mas toda vez que vou a uma pelada, calço o tênis e vou dar o laço, lembro dele, meu pai.
Acho que é o momento que mais me aproximo, era o momento que a gente compactuava os meus sonhos. Aprendi, depois que ele se foi, que laços existem para serem feitos, frouxos ou apertados, o importante é correr e fazer seus gols na vida, golaços ou golzinhos, só cuidado para não escorregar se os laços soltarem.
Acho que saudade é isso...