Microempresário muquirana, sovina, pé de bode, desses que dá um peido e represa o vento para ninguém cheirar a catinga, ex-servidor da justiça aposentado com salário gordo, dono de uma imobiliária bem sucedida, cismou do rabo que queria porque queria arrancar do governo federal os 70% do Crédito Emergencial do programa nacional de apoio às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (Pronampe) para o desenvolvimento e fortalecimentos dos pequenos negócios durante a pandemia para abater no pagamento do salário mínimo do único trabalhador da imobiliária.
Para fazê-lo, o microempresário procurou o contador que lhe presta serviços para executar a transação. Disse que não queria perder um centavo para o governo. O que o contador pudesse fazer que fizesse. O que ele queria mesmo era aproveitar o máximo das garantias dos créditos emergenciais que a lei federal 13.999/2020 estava oferecendo para abater no salário do trabalhador sem demiti-lo. E assim o contador o fez.
Não esperando a conclusão do negócio, o empregador depositou só o que lhe cabia para o salário do trabalhador. Ordenou que o contador fizesse e dissesse ao trabalhador que se virasse com o programa do governo para receber a parte que lhe coubesse.
Passados mais de dois meses sem o dinheiro do governo federal ser liberado, o trabalhador, que já estava insatisfeito, passando privações, procurou o empregador para se queixar do problema e esse mandou procurar o contador:
– Olhe, você vai entrar no site do governo federal e acessar o portal serviços e lá vai encontrar a Caixa de Pandora para saber o dia de receber os 70% pagos pelo governo – disse o contador ao trabalhador.
E não deu mais explicações, deixando-o a ver navio.
Pesquisa aqui, pesquisa dacolá e não encontrando a resposta, o trabalhador procurou um analista de sistema, amigo, que se dispusesse a lhe ajudar a acessar o sistema Portal Gov.br, pois não estava sabendo. O analista acessou e descobriu que o erro estava no preenchimento do cadastro do trabalhador na origem, feito pelo contador, daí porque o dinheiro não ter sido liberado.
Quando o trabalhador procurou o contador para lhe explicar a falha este foi taxativo:
– Meu filho eu não erro! Você é que é burro, não sabe acessar o sistema! Está mais enrolado do que carretel. Acesse o Portal Gov.br que está tudo lá.
Insatisfeito com a indiferença do contador, o trabalhador procurou o analista de sistema, contou o que o contador dissera e abriu o sistema novamente. Gerou uma senha e, pesquisando, encontrou a seguinte mensagem no site do governo: “Procure seu empregador para corrigir a falha no preenchimento cadastral.”
E lá vai o trabalhador procurar o contador novamente. Contou-lhe a situação. Mas antes procurou a filha do empregador para contar-lhe o ocorrido, informando que estava passando necessidades financeiras por não ter recebido ainda os 70% do seu salário porque o pai havia cortado. Segundo ele, o governo é que iria pagar.
Com o coração mais compreensivo e tolerante, a filha do empregador disse ao trabalhador, de posse de todas as informações passadas pelo analista de sistema, mostrando que o erro estava no preenchimento cadastral. Os dados não estavam batendo para ter acesso ao Benefício Emergencial. Que os trabalhador procurasse o empregador.
Com todas as informações na mãe e ciente que o erro foi do contador a filha do empregador foi curta e grossa com ele:
– Procure resolver isso aí, Sr. Geraldo. Se existe alguém que não tem culpa nessa história é o trabalhador que está passando necessidade.
E ligou para o pai obrigando-o a depositar o salário do trabalhar enquanto não fosse sanado o erro, pois o trabalhador não podia pagar por não ter culpa, já que o erro fora cometido pelo empregador, segundo informação do cadastro do governo. E o trabalhador só recebeu o que lhe era de direito graças à interferência da filha do empregador que compreendeu a situação.
A sensatez de uma mente iluminada salva o mundo da estupidez da maioria das mentes insensatas.
Lá Tem Culpa Todo Mundo; Lá Não Tem Culpa Ele, o Trabalhador