Almanaque Raimundo Floriano
(Cultural, sem fins comerciais, lucrativos ou financeiros)


Raimundo Floriano de Albuquerque e Silva, Editor deste Almanaque, também conhecido como Velho Fulô, Palhaço Seu Mundinho e Mundico Trazendowski, nascido em Balsas , Maranhão, a 3 de julho de 1936, Católico Apostólico Romano, Contador, Oficial da Reserva do Exército Brasileiro, Funcionário Público aposentado da Câmara dos Deputados, Titular da Cadeira nº 10 da Academia Passa Disco da Música Nordestina, cuja patrona é a cantora Elba Ramalho, Mestre e Fundador da Banda da Capital Federal, Pesquisador da MPB, especializado em Velha Guarda, Música Militar, Carnaval e Forró, Cardeal Fundador da Igreja Sertaneja, Pioneiro de Brasília, Xerife nos Mares do Caribe, Cordelista e Glosador, Amigo do Rio das Balsas, Inventor da Descida de Boia, em julho de 1952, Amigo da Fanfarra do 1° RCG, autor dos livros O Acordo PDS/PTB, coletânea de charges, Sinais de Revisão e Regras de Pontuação, normativo, Do Jumento ao Parlamento, com episódios da vida real, De Balsas para o Mundo, centrado na navegação fluvial Balsas/Oceano Atlântico, Pétalas do Rosa, saga da Família Albuquerque e Silva, Memorial Balsense, dedicado à história de sua terra natal, e Caindo na Gandaia, humorístico apimentado, é casado, tem quatro filhos, uma nora, um genro e dois netos e reside em Brasília, Distrito Federal, desde dezembro de 1960.

Carlos Eduardo Santos - Crònicas Cheias de Graça quarta, 08 de fevereiro de 2023

KARNE KEIJO (CRÔNICA DE CARLOS EDUARDO SANTOS, COLUNISTA DO ALMANAQUE RAIMUNDO FLORIANO)

KARNE KEIJO

Carlos Eduardo Santos

Barraca de beira de estrada virou belo supermercado

Nas minhas andanças de automóvel, em 2010, quando a serviço rodei pelo meio do mundo, notadamente aquelas que empreendi para atender a assuntos de minha profissão de jornalista-editor, vi muita coisa interessante além de mensagens nos para-choques de caminhões.

De certo modo, fiz mais viagens na primeira metade dos anos 2000, notadamente partindo de Olinda, onde morávamos, para Goiana onde residiam três dos meus clientes da época. Como dirijo devagar sempre havia tempo para apreciar certas coisas engraçadas pelo caminho. A BR 101 sendo duplicada, a nova fábrica de cerveja, as barraquinhas na beira da estrada e outras novidades.

Numa delas notei um prestador de serviços de borracharia com a placa de: “Borrachudo”, ao invés de “Borracheiro”. Certo dia resolvi parar e por curiosidade, apresentei o pretexto de calibrar o pneu do suporte e indaguei o porquê de “Borrachudo”, ao que me respondeu o dono:

“Quando eu me expandi passei a vender algumas peças de automóveis. Era o tempo em que os Cartões de Crédito ainda não eram populares. Então eu aceitava cheques também de pessoas desconhecidas.

Para resgatar alguns, porém, tive problemas porque o devedor não voltava e eu ficava com o “borrachudo” na gaveta. Aí resolvi botar uma placa bem grande na frente do estabelecimento: “Borrachudo Não!”. O nome pegou!

Ocorre que com o tempo o “Não” foi perdendo a tinta e desaparecendo. Meu negócio ficou então conhecido como “Borrachudo” e o senhor é o primeiro que indaga por qual razão.”

Notei que no meio das estradas há um intenso comércio, onde se apresentam pequenas bancas vendendo variados produtos. Nessas andanças – aqui e ali – apreciando a paisagem, eu encontrava pessoas vendendo castanhas torradas. À distância já se via o fumaceiro. Era uma paradinha obrigatória para comprar alguns saquinhos do produto que muito aprecio.

Na volta, eu costumava sempre dar uma parada para comprar queijos e carnes de primeira, visto que havia preço convidativo. Perto da Usina São José, em terras de Igarassu, havia um senhor instalado com uma barraquinha modesta, na beira da estrada, mas cheia de atrativos e atendia e maneira distinta, conquistando muitos clientes e fazendo amigos.

Era conhecido e tinha certa tradição por vender carnes-de-sol e queijos de manteiga. A parada era inevitável. Com os anos a barraca virou estabelecimento comercial de fato e apresentava aspectos de uma loja moderna e bem atrativa, inclusive com vitrinas refrigeradas e outros produtos alimentícios disponíveis a bom preço. Pegara fama.

Inteligentemente o novo “ponto” se instalou em local recuado que permitia estacionamento. Tudo dava a entender que por ali havia se instalado uma alma nobre e modernizadora. Alguém com espírito progressista.

Fiquei sabendo por terceiros que um dos seus sobrinhos cursara Publicidade e um filho, Economia. Como resultado, houve a reforma.

Mas uma coisa me encabulava – sobremodo porque sou cultor do respeito à língua portuguesa: o nome da loja era “Karne Keijo”.

Fui, tempos depois, informado que o aparente erro de vernáculo era justamente para chamar a atenção dos passantes. Por isso a placa foi escrita com enganos propositais. O intuito era ficar o nome do estabelecimento gravado nas mentes da clientela e dos passantes, para sempre, porque era “diferente”.

Inácio Miranda Jr. hoje é o titular de um grupo de empresas de distribuição que já chegou a empregar 1.200 pessoas.

Inácio Miranda Jr. Presidente do Grupo KarneKeijo

De fato um marketing espetacular e hoje se observa que o “ponto” daquele comerciante simples instalado na beira da estrada, se tornou KarneKeijo Distribuidora Ltda. e KarneKeijo Logística Integrada Ltda., situada na BR 101, em Igarassu.

Rochelli Dantas e Marina Curcio publicaram reportagem no Diário de Pernambuco fazendo o relato do casal – Seu Inácio e D. Giselda – que começaram fazendo coalhadas depois supriram seu negócio com carne-de-sol. Os clientes foram aparecendo e seu Inácio prosperou botando uma lojinha com um nome chamativo: Karne Keijo, depois juntaram as palavras e fizeram um só verbete: KarneKeijo. Há 40 anos estão no ramo.

Uma criação inteligente!…


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