Centro de Observação e Triagem Everardo Luna (COTEL), em Abreu e Lima-PE
Conhecida líder comunitária de Chão de Estrelas e frequentadora do Lar Espírita Mensageiros da Boa Nova, visita o COTEL em Abreu e Lima-PE todas as segundas-feiras para levar palavras de conforto aos detentos provisórios ou já condenados pela justiça.
Todos os presos a chamam por Tia, mesmo os mais novatos, pois ela ganha a simpatia e a confiança de todos apenas com acenos de mão.
Quanto aos presos das alas mais afortunadas, médicos, advogados, diplomados, empresários, dentre outros, vêem-na com indiferença. Escondem-lhe o rosto, dão-lhe as costas para não serem reconhecidos em reportagens, nem terem suas faces gravadas por ela.
Segundo ela, o ambiente é deprimente, degradante, angustiante, depressivo. Não entende o que leva um homem instruído a praticar roubo, estupro, assassinato, latrocínio, corrupção, para depois parar naquele ambiente hostil, dantesco, sem nenhuma perspectiva de humanização.
Dentre suas andanças no COTEL, nenhuma lhe marcou mais do que a presença de um ex juiz novo, inteligente, sempre vestido a caráter, condenado por venda de sentenças.
E o mais interessante para ela: mesmo depois da confirmação de sua condenação por unanimidade pelo pleno do tribunal, e seu consequente afastamento das funções jurisdicionais, ele ainda voltou a delinquir.
Obrigado a produzir para ter suas penas impostas pela condenação abatidas, segundo estabelece a Lei de Execuções penais (Lei nº 7.210, de 11 de julho de 1984), dito juiz foi obrigado a fazer um trabalho de revisão e correção de sentenças penais condenatórias de presos que, assim como ele, estavam “ressocializando”. Com menos de três meses posto à frente dos trabalhos, voltou a delinquir e foi destituído do “cargo” pelo administrador do COTEL.
Certa segunda-feira Tia chegou ao estabelecimento prisional para fazer seu trabalho voluntário costumeiro e deu pela falta do juiz na sala dos “ressocializandos” Curiosa pela ausência, foi direto perguntar ao administrador por que o juiz não estava mais no “cargo” de “juiz revisor dos processos”. O administrador franziu a testa, olhou nos olhos dela e foi categórico:
– Minha senhora, aquele sujeito é o tipo de gente que não tem recuperação nem no inferno! Acredite: com apenas três meses que ele estava à frente dos trabalhos, foi descoberto que ele estava rasgando documentos dos processos e jogando na privada e proferindo sentenças distorcidas dos fatos! Enquanto eu estiver à frente do Estabelecimento ele não será mais “juiz revisor!” Por mim ele só sairia daqui morto, mas como nossas leis penais são umas merdas!…
No vídeo a seguir, reportagem da TV Minas feita na cidade de Paracatu
A sociedade não dava valor a nós porque nós não “dava” valor a sociedade – Wualasi