Os atletas que estão competindo na Olimpíada de Pequim (entre eles, 11 brasileiros) não têm acesso ao mais hypado dos refeitórios dos centros de competição. Futurístico e robotizado, foi instalado no Main Media Center (MMC), em Pequim, para uso exclusivo da imprensa.
Ali robôs executam diferentes tarefas, reduzindo o número de funcionários a um mínimo, supostamente para reforçar o distanciamento social. Uns preparam receitas chinesas em woks enquanto outros fritam búrgueres ou fritas. Bandejas robotizadas movem-se por trilhos instalados no teto. Quando chegam às mesas (individuais e separadas por barreiras acrílicas), descem por cabos e abrem tentáculos rosa choque para que o comensal pegue o seu prato. Quer sorvete? Basta escolher o sabor pelo celular que um robozinho com cara de boneco infantil sai de dentro de uma máquina e faz a entrega.
Há ainda robôs que carregam bandejas e que desinfetam o ar, mas nenhum faz mais sucesso do que o que comanda o bar. Milhares de posts nas mídias sociais mostram as proezas desse bartender motorizado que prepara 15 drinques diferentes em tempo recorde e chacoalha coqueteleiras horas a fio sem cansar seu braço multiarticulado.
O jornalista Gustavo Longo, do portal Olimpíada Todo Dia, já testou o refeitório futurístico quatro vezes. Diz que o búrguer “dá para comer”, mas proclama que as fritas “são muito boas”.
Imagino que essa a materialização da ficção científica que víamos nos desenhos dos Jetsons desde os anos 60 tenha custado caro, porque senão teriam espalhado outros refeitórios futurísticos pela bolha olímpica, acessíveis aos atletas e ao público. Como só fizeram um único, naturalmente reservaram-no para a mídia. Entusiasmados jornalistas do mundo todo, inclusive correspondentes das principais redes de TV americanas, filmaram, postaram à exaustão e exibiram em noticiários os robôs. A China é ponta de lança no setor de robótica, está claro. Mas é imbatível, também, em controlar e manipular a imagem que projeta ao mundo.