Jogar tênis é muito simples, mas jogar tênis simples é a coisa mais difícil que há.
A frase é do Cruyff, adaptada ao tênis.
Antes de qualquer conversa ou debate, é preciso entender o que é jogar simples. Na minha visão, a bola de tênis se apresenta. Tênis não é jogar no buraco livre da quadra; é preciso seguir a jogada e a dinâmica do jogo.
10 em 10 jogadores sofrem de ansiedade e vontade de fazer o ponto incrível. Mas ele vale exatamente o mesmo que um ponto simples e seguro.
Quando digo que a bola se apresenta, ela mostra sua complexidade. Tento, em todas as clínicas, mostrar que, enquanto estamos bem posicionados e parados na quadra, podemos escolher. Quando estamos em movimento, é preciso jogar cruzado. Tênis é um jogo de erros. Ganha quem erra menos.
O respeito e a valorização de cada batida fazem com que o jogo fique mais simples. Jogar para não errar não quer dizer jogar prendendo o braço. Simplesmente, jogar para errar pouco.
Ao assistir um argentino ou um espanhol jogando, pensamos na sua garra e atitude. Sim, eles têm isso de sobra, mas o que deveríamos copiar é sua forma simples de jogar cruzado, mudar de direção quando estão bem posicionados, como começam o ponto “trazendo” o jogo para seu ponto forte. Já na devolução ou saque, eles fazem isso.
Mas, para isso, é preciso parar de dizer “boa”, “mexe as pernas”, “não erra” e se dedicar a mostrar onde e como fazer. Uma e outra vez.
Os vizinhos jogam todos os pontos. Fazem o tão batido 80/20. Sabem o que é?
80% no padrão. 20% na variação.
Então por que você não faz?