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Familiares e amigos rememoraram legado do médico cirurgião; corpo seguiu para crematório em Valparaíso (GO)
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Criador de imunizante contra a pólio, o médico Albert Sabin (E) em campanha de vacinação a convite de Frejat (D), nos anos 1980
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Sentimentos de gratidão e de saudade marcaram as inúmeras homenagens de familiares e amigos a Jofran Frejat. O piauiense de 83 anos, ex-deputado federal e ex-secretário de Saúde do Distrito Federal, morreu na noite de segunda-feira, devido a um câncer no pulmão diagnosticado no mês passado. Cerca de 300 pessoas participaram da cerimônia de despedida dele, na tarde de ontem, no Cemitério Campo da Esperança. Após o velório, o corpo seguiu para o crematório Jardim Metropolitano, em Valparaíso (GO).
}Frejat estava internado em um hospital particular da Asa Sul havia 15 dias. Pessoas mais próximas não conseguiram conter a emoção durante o velório. Em meio a lágrimas, Graziela Frejat, filha do político, contou que o pai, além de “um homem público especial”, era maravilhoso. “É uma perda muito grande. Ele era muito protetor, amigo, carinhoso e amoroso. A família inteira o acompanhava no hospital, incluindo mulher, filhos, sobrinhos e amigos. Formou-se uma corrente muito grande de ajuda. Esses últimos 20 dias foram muito sofridos”, lamentou.
Sobrinha de Jofran, Adélia Frejat lembra-se do período em que acompanhou o tio de perto, a partir de 1986. “Uma parte da gente foi embora. Ele deixa um legado incrível e importantíssimo. Tinha muito compromisso com a saúde e preocupava-se com a pública. Consola a família saber que ele foi uma pessoa competente”, desabafou.
Presente à cerimônia, o vice-governador do Distrito Federal, Paco Britto (Avante), comentou que o médico era um exemplo a ser seguido por toda a população do DF. “Estou muito triste. Perdi um amigo que participou da minha vida pública desde o começo, ao lado de Joaquim Roriz. Ele sempre estava pautado com as próprias ideias, independentemente de partido. E colocava a opinião dele. Desejo à família muito conforto, sabendo que ele está ao lado de Deus”, afirmou Paco.
Legado
Fundador da Escola Superior de Ciência da Saúde (Escs), mantida pela Fundação de Ensino e Pesquisa em Ciências da Saúde (Fepecs), Frejat também recebeu homenagem do professor Aloísio Bonavides Júnior, da comunidade acadêmica. “No último suspiro, a doença fez a batuta cair das mãos, mas a bela música dele será ouvida por gerações de colegas que surgirão no futuro. O homem foi, a obra é entérica”, declarou Aloísio.
A trajetória de Frejat agrega mais de 40 anos de dedicação à saúde e à política. Na carreira, atuou como secretário de Saúde — nos governos de Aimé Lamaison e Joaquim Roriz — e cinco vezes como deputado federal, inclusive durante a Assembleia Constituinte. Como cirurgião e gestor, Jofran tornou-se referência em hospitais da capital do país. A médica sanitarista Mariângela Cavalcante, que trabalhou com ele a partir de 1981, destacou que o colega prezava pelo bem comum. “Recebi a notícia com muita tristeza. Perdemos um grande homem, sério, competente, honesto e com muita ética. Ele era comprometido com o setor público e não desprezava o setor privado”, frisou Mariângela.
Ao ingressar na Faculdade Nacional de Medicina do Rio de Janeiro, Frejat mudou-se para a capital carioca em 1957. Passou a morar em Brasília depois de concluir o curso, em 1962. Atuou como diretor do Instituto Médico-Legal (IML) de Brasília entre 1973 e 1979. No ano seguinte, foi nomeado para o cargo de secretário de Saúde do Distrito Federal, no governo de Aimé Lamaison (1979-1982), função que ocupou até 1983. Assumiu a pasta do DF por quatro vezes, entre 1979 e 2002.
Colaboraram Ana Maria Campos e Washington Luiz
"Deixo meu pesar pela perda do médico e defensor da saúde pública. Sempre estivemos juntos à frente de muitas lutas, mantendo o respeito e a amizade.”
Agnelo Queiroz,
ex-governador do DF
"Frejat sempre teve retidão, sempre olhou para o próximo. Na rede pública de saúde, tudo o que a gente ainda tem na cidade de forma organizada é graças a ele.”
Izalci Lucas, senador (PSDB)
"Moramos juntos na Vila Planalto. Tinha uma cerca que dividia as duas casas. Nossa amizade vem daí. Ele deixou um legado de muito trabalho e de muito respeito.”
José Roberto Arruda,
ex-governador do DF