Imagem das primeiras urnas eletrônicas fabricadas no Brasil
Em 2004 João Baxin se arvorou a ser candidato a vereador depois de mais de vinte anos afastado do município ribeirense. Sequer se lembrava mais dos nomes dos amigos de infância e adolescência. Uma lástima!
Seu Zezé, o pai dele, de cara, foi contra a ideia:
– Você tá lôco, rapaz! Depois de mais de vinte anos afastado de Ribeirão, sem conhecer mais ninguém no município da sua época, sem preparar uma base eleitoral sólida! Liso! Você vai levar fumo até desses pinguços da Praça 69!
Mas João Baxin, empolgado, não desistiu do sonho tresloucado, nem ouviu os conselhos do Velho Zezé. Criou endereços fictícios para transferir domicílios eleitorais dos irmãos e colegas da Capital, se endividou com empréstimos tirados em vários bancos, fez uma campanha política entusiasmada e no dia das eleições nem o nome dele apareceu na tela do microonda do TRE.
Decepcionado com o pleito, que chamou de “trambicagem das urnas,” entrou no bar o “Petisco de Zefa,” tomou duas garrafas de aguardente “Cachaça da Sogra” e, aos “intrupicões,” dirigiu-se até ao Clube Vassourinha do centro do município, local onde estava o “coletor eletrônico de voto.”
Quando percebeu que não havia recebido nenhum voto de fato, sequer tinha sido registrado seu nome no sistema, como candidato a vereador, e dos eleitores transferidos, correu para a mesa de apuração e bradou, bêbado:
– Essas porras dessas urnas eletrônicas são falsas! São artimanhas desses comunistas safados, felas da puta, para ludibriarem o sistema e arrombar os candidatos fudidos que não compartilham com essas “escandilices” do comunismo que quer escravizar a gente.
Passados mais de dezoito anos do pleito, hoje João Baxin é comunista ferrenho, defensor fervoroso das urnas de Barroso e Cia e seguidor fiel do chefão da seita petista!
Mudaram as urnas eletrônicas ou mudou João Baxin?