JESSIER QUIRINO EM BRASÍLIA
(Publicada em 16.07.2012)
Raimundo Floriano
Dia 29 de junho passado, sexta-feira, Dia da Cerveja em Brasília, era também Dia de São Pedro, data propícia para acender fogueira em homenagem ao Padroeiro dos Pescadores e Chaveiro do Céu, o que foi feito com um fogaréu gigantesco atiçado por dois cobrões nordestinos, o cantor Túlio Borges, e o escritor-poeta-comediante-cordelista-homem show Jessier Quirino, astro principal da festa, à qual compareci com Veroni, minha mulher.
Chegando ao Teatro dos Bancários, terreiro da festança, fui assediado por inúmeras pessoas, na fila dos ingressos e na plateia, querendo saber duma coisa só: notícias de Luiz Berto, o Papa Berto I, que deixa sua marca em todo lugar por onde passa. Satisfi-las. Tanto as da plateia quanto as da fila. Tentando localizar nossas poltronas numeradas, dei de cara com uma ala inteiramente ocupada por familiares do Papa: Lúcia, mulher do Conceição – macho pracarai – Macedo e irmã de Luiz Berto; dois filhos do casal, Hugo Leonardo e Fillipi Augusto, este agarrado com Elise, sua namorada; Laudenor, o Nau, também irmão do Papa, acompanhado de Maria Helena, sua mulher; Elienai, a Nanai, aparentada dos Berto, e sua filha Maíra. Quer dizer, era a Comunidade Fubânica e Sertaneja que, em peso e qualidade, se fazia ali rente que só tijolo quente.
De início, já fiquei embasbacado, digo, maravilhado com Túlio Borges, até então desconhecido para mim, que deitou e rolou, cantando músicas de seu aprimorado repertório nordestino, tendo a acompanhá-lo um conjunto pé-de-serra pauleira, carregado de lenha pra queimar, com baixo, violão, sanfona, zabumba, triângulo e efeitos especiais, transformando todo o teatro num grandioso arraial forrozeiro. Aplausos estrondosos ecoaram ao final de cada número e ao término de sua apresentação! Vou procurar melhor conhecer esse cabra, adquirindo seus discos.
Aí, entrou Jessier Quirino!
Sozinho no palco, extasiou-nos, por mais de uma hora, com seus fogos de artifício a explodir com piadas, histórias pistorescas, casos fesceninos, versos simi-indecorosos, provocando, no rematar de cada qual, estupendas gargalhadas de toda o público ali presente. Brindou-nos, também, com a vocalização de sucessos por ele compostos e gravados em diversos cedês.
Quase ao encerrar do espetáculo, Jessier fez uma louvação ao enorme elenco de artistas de todos os gêneros, responsáveis pela preservação da Cultura Popular Nordestina. A certa altura, pareceu-me – pareceu-me, repito – ter ouvido o nome de Maria dos Mares, artesã em cerâmica, com atelier estabelecido em João Pessoa. Para informação de Jessier, Maria dos Mares é maranhense, balsense, há muito tempo radicada na Paraíba, e, modéstia a parte, irmã deste Cardeal. Aí vai o selo comemorativo de seu septuagésimo aniversário, ocorrido dia 24 de junho deste ano:
Na apoteose do show, Jessier chamou ao placo o cantor Túlio Borges e todos os instrumentistas já mencionados, recebendo calorosos aplausos e tendo que retornar ao proscênio por três vezes. Na última delas, Jessier agraciou os ardorosos fãs com mais alguns de seus leriados, jogando muita lenha para que a fogueira não se apagasse.
Chegando a vez dos autógrafos, fui o primeiro da fila. Alguns de seus livros, com o respectivo cedê, encontravam-se à venda. Adquiri somente o Prosa Morena, por já possuir os anteriores. A contracapa já diz tudo, nada tenho a acrescentar sem chover no molhado:
Lançado em 2005, tem, como os demais, o padrão de qualidade Jessier, iluminado este pela orelha a cargo do escritor Luiz Berto, que ainda não era o Papa Berto I, mas já privava da amizade, da consideração e do respeito desse grande artista. Ou vice-versa.
O cedê é um repeteco do livro. Além de declamar em 13 faixas, Jessier empresta-nos sua afinada e sertaneja voz na Faixa 1, Bolero de Izabel– que, apesar do titulo, pela ternura e andamento, eu classifico como toada, assim como o Bolero, de Ravel não é bolero –, e na Faixa Secas de Março, outra toada, espécie de citação – paródia ou homenagem, sei lá, escolham aí – às Águas de Março de Tom Jobim.
Não pude eximir-me de pedir a Jessier para tirar uma foto comigo e minha mulher, visando a ilustrar matéria que escreveria, esta que ora vocês leem. Na ocasião, o pessoal da imensa fila espantou-se com meu atrevimento, quando tive de explicar, rapidamente e gritando, o que era o Jornal da Besta Fubana e a Igreja Sertaneja, da qual Jessier, assim como eu, é Cardeal. E foi no exato momento em que eu pronunciava a sílaba AL, que bateram a foto. Por isso, ficou assim:
A Bela, o Feio e o Gênio
Para a curtição de vocês, a toada Bolero de Izabel, na voz do autor, em dueto com Maciel Melo, outro fubânico da pesada e Bispo da Igreja Sertaneja:
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