Texto escrito em parceria com Luis Antonio Tavares Portella
Jack, o Estripador (Jack theRipper em inglês) é o pseudônimo mais conhecido para designar um famoso serial killer (assassino em série) que nunca foi identificado, famoso por atuar na periferia de Whitechapel, distrito de Londres, e arredores em 1888. Na verdade, a alcunha de “Jack, o Estripador” teve sua origem em uma carta denominada Dear Boss (Prezado Chefe) que foi escrita por alguém que alegava ser o assassino e encaminhada para a polícia, carta essa que foi amplamente divulgada pela imprensa da época.
Acredita-se hoje que a carta era falsa e foi elaborada e escrita por jornalistas na época em uma tentativa de aumentar o interesse do público sobre o caso dando um nome ao misterioso criminoso para vender mais jornais. O famoso homicida também recebeu outros nomes, como WhitechapelMurderer (Assassino de Whitechapel) e LeatherApron (Avental de Couro), segundo algumas testemunhas, o suspeito sempre era descrito usando um sobretudo de couro para esconder sua identidade.
“Um possível suspeito”, caricatura do The Illustrated London News, publicada em 13 de outubro de 1888, retratando o Comitê de Vigilância de Whitechapel buscando Jack, o Estripador.
Seu modus operandi consistia em perseguir, atacar e estripar prostitutas que viviam e trabalhavam nos bairros pobres de East End. Após serem abordadas, as vítimas tinham suas gargantas cortadas com uma arma afiada e logo após tinham o seu abdômen perfurado e eviscerado, muitas vezes com remoção de alguns órgãos. Para peritos da época, os cortes e remoção de alguns órgãos levantou a hipótese de o assassino ter algum conhecimento sobre cirurgias e anatomia.
Mulheres e crianças em Whitechapel, em frente a alojamentos comuns, em meados do período dos assassinatos e nos arredores onde Jack, o Estripador cometeu seus crimes. Eram vizinhanças conhecidas por sua pobreza e alto índice de crimes, o que dificultou mais ainda a investigação do caso.
Rumores sobre a identidade do assassino se intensificaram entre setembro e outubro de 1888, quando a Scotland Yard (Polícia Britânica) e a imprensa receberam outras cartas supostamente escritas pelo assassino. Uma delas, a famosa carta”From Hell” (Do Inferno), foi recebida por George Lusk do Comitê de Vigilância de Whitechapel, e incluía em seu interior a metade de um rim humano preservado, possivelmente retirado de uma das vítimas. Hoje, acredita-se que essa carta de fato tenha sido escrita pelo próprio assassino. A opinião pública sempre foi a favor da existência de um único assassino, descartando a possibilidade de serem vários, usando como base a natureza brutal de suas matanças e o sensacionalismo da imprensa da época, que criou uma aura quase sobrenatural ao redor de sua existência e dos homicídios. Jack, o Estripador, segundo os boatos, sempre agia sozinho, de forma fria e calculada.
Vários jornais locais cobriram exaustivamente o caso e foram essenciais para consolidar a fama internacional do Estripador, bem como o mistério da sua identidade, tornando-se praticamente uma lenda urbana. Suas vítimas canônicas, ou “As Cinco Vítimas”, como ficaram conhecidas: Mary Ann Nichols, Annie Chapman, Elizabeth Stride, Catherine Eddowes e Mary Jane Kelly, foram mortas entre 31 de agosto e 9 de novembro de 1888 e são geralmente consideradas as mais plausíveis de estarem conectadas, devido aos detalhes que conectam os crimes e o modus operandi do assassino detalhado pela polícia. Após as cinco, Jack aparentemente desapareceu. Entre 1888 e1891, outros assassinatos brutais ocorreram em Whitechapel, mas as investigações oficiais da polícia descartaram a relação destes com as “cinco canônicas”. Jack nunca foi capturado e os assassinatos das cinco mulheres nunca foram resolvidos. Estes, tornaram-se lendas junto com o assassino, sendo genuinamente fonte de pesquisas históricas, folclore e até pseudo-história. Hoje em dia, existem mais de cem suspeitos de serem Jack, o Estripador, mas a falta de tecnologia na época para análises mais detalhadas e as evidências limitadas tornam quase impossível concluir o caso. Jack, as cinco vítimas e a incapacidade da polícia de resolver o enigma inspiram muitos trabalhos ficcionais até hoje. Fica a pergunta: “Quem era ele ou ela”?