Texto enviado, no dia 6 de agosto, pela escritora Dalma Nascimento, residente em Niterói (RJ)
Ela é melhor que Ouro.
Ontem, dia 5 de agosto, foi aniversário de Izaura Sousa E Silva, mulher culta, antenada com a dinâmica do mundo, ex-funcionária do BNDES, pessoa de caráter irretorquível, corajosa, essencialmente humana. De fato, ela é um ser raro nos dias de hoje. Nascida em Balsas, sul do Maranhão, Izaura trouxe, tatuado na alma, o espírito forte e tenaz do nordestino. E, já casada, aqui lhe nasceram os filhos, hoje o engenheiro Mauricio e a advogada Valeria Albuquerque que, bem de perto, seguiram as corretas pegadas dos pais, Bergonsil e Izaura.
Em Niterói, Izaura desfrutou de incontáveis alegrias, mas também, intimorata, assumiu de frente os reveses e as dolorosas surpresas que a vida reserva à nossa humana condição. Mas ela é uma mulher que não se deixa abater. Transmuta dores em ações sociais, voltada, que é, para a alteridade. Membro dos mais atuantes da ACHUAP (Associação dos Colaboradores do Hospital Antônio Pedro) de que a também fabulosa Rita Rivello é presidente, Izaura está a qualquer hora disponível a acolher o Outro no coração e em rápidas ações.
Amorosa e prática, envida esforços para solucionar problemas alheios, aos quais integralmente se integra. Incontável, pois, é o número de seus amigos – e dentre eles me incluo. Brincando, eu até costumo chamá-la por vários nomes pomposos: às vezes de “mater matricis” (mãe da mãe) por seu dadivoso caráter maternal/matricial; também de “epistemóloga das confluências” título até com o qual a ela dediquei o meu livro “Mitos e utopias nos teares literários” pelo tino e conhecimento de Izaura saber congregar pessoas. Em sua atuação no BNDES, gerenciou uma das seções mais representativas da entidade, e os colegas eram unânimes em proclamar-lhe as qualidades. A ponto de, ao aposentar-se, um jornalista ter publicado que, se Nelson Rodrigues tivesse conhecido Izaura, jamais proferiria que "toda a unanimidade é burra".
Eis, pois, o perfil da amiga que ontem completou 75 anos. Para celebrar a vida de sua tão atuante mãe, Valéria e Maurício organizaram uma festa-surpresa. Os amigos guardaram o silêncio combinado e na hora aprazada todos lá estavam a postos para saudá-la. Difícil foi a seleção dos participantes, pois como disse Valéria, em comovente discurso, se a multidão de amigos de Izaura estivesse presente, só um Maracanã comportaria.
Aliás, foi uma festa de enorme beleza, tendo o salão artisticamente ornamentado com requintes nos menores detalhes. Profusão de flores, DJ maravilhoso, cardápio - excelente e variado -, tão bem servido por inúmeros garçons, muita bebida, doces primorosamente confeccionados. Enfim, tudo impecável, inclusive a escolha acertada de meus companheiros da mesa nº 4, os amigos, Dinha Paiva Novaes e Diva Maria, Alberto Araújo com sua tão querida Shirley, além de minha amiguinha Cris Silva Costa.
Com a alma e os olhos ainda maravilhados, eu, no caminho de casa, meditava que, além da excelência material da festa, o que mais me impressionou foi a atmosfera de afeto, o clima amistoso de intenso carinho e admiração que circulava em torno dos incontáveis amigos da aniversariante. E, sobretudo, o respeito e o devotado amor que os dois filhos, nora, netos e toda a família dedicam a ela.
E, como eu gosto de sempre pesquisar o recado etimológico dos nomes das pessoas, o dicionário atesta que seu onomástico decomposto fica assim: Izaura (Iso/Isa = igual + aura=ouro). Cheguei então à conclusão de que, na consulta ao étimo, o seu nome estava errado. Porque a minha "epistemóloga das confluências” não é igual, ela é bem melhor que ouro.
Izaura e Dalma Nascimento
Izaura com Valéria e Maurício
************
N. E. - Izaura Maria de Sousa e Silva, minha prima, filha do Tio Cazuza e da Madrinha Ritinha, e cunhada, casada com meu irmão Bergonsil, é tudo isso que Dalma falou e mais ainda, precisando que os lexicógrafos inventem ou criem novos adjetivos para qualificar seus infindáveis predicados.