09 de abril de 2019 | 16h23
Atualizado 10 de abril de 2019 | 00h46
JERUSALÉM - O primeiro-ministro israelense, Binyamin Netanyahu, ficou nesta terça-feira mais perto de ser reeleito para um quinto mandato em Israel. Nas primeiras horas da manhã desta quarta-feira (início da madrugada no Brasil), com 99% das urnas apuradas, o Likud, partido do premiê, e o Azul e Branco, do general Benny Gantz, estavam empatados, com 35 cadeiras cada um. Bibi, no entanto, aparece em vantagem quando somada a coalizão de pequenos partidos, que lhe dariam entre 65 e 67 deputados dos 120 do Parlamento.
Apesar do dia de sol na maior parte do país e do clima de feriado, que tirou muita gente de casa, a eleição foi marcada pelo baixo comparecimento dos árabes-israelenses, que reúnem cerca de um quinto da população. Um pouco mais de 46% deles votaram nesta terça-feira, bem abaixo dos 63,5% registrados nas últimas eleições, em 2015. A participação eleitoral geral foi de 67,9%.
“Os árabes-israelenses não acreditam que os partidos árabes divididos tenham alguma efetividade no Parlamento”, afirmou o analista Mohamed al-Kassim. Em 2015, a Lista Árabe Unida elegeu 16 deputados. Agora, serão 10.
A sensação de desânimo, segundo árabes-israelenses consultados pelo Estado, também tem relação com a chamada Lei do Estado-Nação, aprovada em julho do ano passado. O texto determina que Israel é um Estado exclusivamente judeu, que tem como sua única capital “Jerusalém unificada” e apenas o hebraico é a língua oficial.
Muitos árabes-israelenses, especialmente os jovens, passaram a se sentir “cidadãos de segunda classe”. Alguns criticaram especialmente o general Gantz, que nunca se refere à minoria como “árabes”, mas sim como “o setor não judeu” da sociedade.
Logo após a divulgação dos primeiros resultados, Bibi se dirigiu a seus eleitores e se mostrou confiante de que formará o novo governo.
Nesta terça-feira, o partido de Netanyahu foi acusado de suprimir ainda mais o voto árabe. O Likud colocou 1.300 câmeras ocultas em centros de votação de árabes-israelenses – algumas entraram escondidas no corpo dos correligionários do premiê.
A iniciativa foi criticada por opositores, que acusam Netanyahu de tentar intimidar a população. O primeiro-ministro israelense defendeu a filmagem das seções eleitorais e afirmou que deveria haver câmeras para “garantir um voto justo”.
As seções eleitorais fecharam às 21 horas (18 horas em Brasília). Uma hora depois, as três principais TVs de Israel divulgaram pesquisas de boca de urna. Os números eram parecidos: Gantz e Netanyahu disputavam a liderança voto a voto, mas o grupo político do premiê, a chamada “direita religiosa”, faria mais deputados.
A decisão sobre quem terá a prerrogativa de formar um governo primeiro cabe ao presidente israelense, Reuven Rivlin. Ele pedirá que os partidos que elegeram deputados indiquem quem apoiam para o cargo de primeiro-ministro. Quando obtiver uma resposta, o presidente escolhe o líder do partido para tentar formar uma coalizão de governo.
Sem um vencedor claro, as legendas nanicas ganharam ontem um protagonismo inesperado e seus líderes se tornaram fiéis da balança. Dois partidos da coalizão de Bibi, o Shas e o Yahadut Hatorah (UTJ), ambos religiosos ultraortodoxos, disseram que receberam ligações de representantes do Azul e Branco, partido de Gantz. No entanto, seus líderes, Aryeh Deri (Shas) e Yaakov Litzman (UTJ) juraram fidelidade a Netanyahu.
O ministro das Finanças, Moshe Kahlon, líder do Kulanu, partido de centro, e o ex-ministro da Defesa Avigdor Liberman, do partido Yisrael Beytenu, disseram que esperarão a conclusão da apuração para anunciar apoio – embora seja quase consensual que eles também ficarão com Netanyahu.