RIO — No Rio de Janeiro, embora medidas restritivas determinadas pelas autoridades municipal e estadual tenham esvaziado as ruas, ainda é possível ver gente caminhando na orla, banhistas na praia e lojas que deveriam estar fechadas funcionando normalmente. E, numa lista de sete bairros importantes da cidade, justamente Copacabana, com sua grande concentração de idosos (grupo de risco para o novo coronavírus), foi o que menos aderiu às orientações para o isolamento social, segundo um estudo, feito entre os dias 23 e 26, pela empresa de inteligência artificial Cyberlabs, que realiza um videomonitoramento de vias públicas cariocas.
— A concentração maior acontece nas praias, no final da tarde, por volta das 17h, além de praças, ciclovias, áreas de lazer e até mesmo feiras de rua — afirma o engenheiro mecatrônico Felipe Vignoli, sócio-fundador da Cyberlabs.
Ontem à tarde, havia quiosque da praia aberto, sorveteria a pleno vapor e gente que caminhava pela orla de Copacabana, junto a muitos que praticavam exercícios físicos no calçadão e na ciclovia. Nas ruas internas do bairro, uma empregada doméstica de 60 anos, que preferiu não se identificar, procurava um lugar para imprimir um boleto bancário. Encontrou aberta uma pequena papelaria no bairro Peixoto.
— Estou com medo, claro. Tento me cuidar, sempre ando com álcool em gel na bolsa e uso máscara no trabalho — dizia ela, que ainda pegaria uma condução para a Baixada Fluminense, onde mora.
Nos transportes públicos, aliás, até as 16h de ontem, os trens da Supervia registravam uma redução no fluxo de passageiros menor que nos dias anteriores: 68,9% (259,5 mil usuários a menos que a média de sextas-feiras), contra diminuição de 72,6% ao longo de toda a quinta-feira (430 mil pessoas a menos que num dia comum).
Outros modais, no entanto, mantiveram patamares parecidos com os do resto da semana. Nos coletivos, diz a Rio Ônibus, as empresas observavam uma queda da demanda de aproximadamente 80%. Anteontem, esse índice tinha sido de 74,5% e, na quarta-feira, de 74,9%. E no metrô, de segunda a quinta-feira, a contração no fluxo girou sempre perto dos 85%.
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Ontem, voltaram a funcionar nas ruas do Rio, com autorização da prefeitura, lojas de conveniência em postos de gasolina e de material de construção. Muita gente procurou este último tipo de estabelecimento para comprar máscaras usadas por pintores e marceneiros.