ISAURINHA GARCIA, A PERSONALÍSSIMA
Raimundo Floriano
Isaura Garcia, mais conhecida como Isaurinha Garcia, cantora brasileira, nasceu em São Paulo (SP), a 26 de fevereiro de 1923, onde veio a falecer, a 30 de agosto de 1993, aos 70 anos de idade. Era filha de Amélia Pancetti, irmã do célebre pintor paulista Giuseppe Pancetti, não se tendo conhecimento do nome de seu pai.
Aos 13 anos, ela e a mãe inscreveram-se no programa de calouros A Hora da Peneira Rhodine, da Rádio Cultura de São Pulo, mas nenhuma das duas consegui classificar-se. Algum tempo depois, porém, obteve o primeiro lugar no programa de Otávio Gabus Mendes, da Rádio Record, em que se apresentou cantando o samba Camisa Listrada, de Assis Valente. O êxito deu-lhe a chance de participar de um programa especial, que reunia calouro selecionados.
Em 1938, foi contratada pela Rádio Record de São Paulo, onde permaneceu por toda a carreira artística. No início, formou dupla com o cantor Vassourinha, da mesma emissora, para shows e apresentações em circos. Em seu repertório, predominavam criações de Carmen Miranda e Aracy de Almeida, duas cantoras que muito a influenciaram.
Sua primeira gravação, um jingle para o saponáceo Radium, despertou atenção para seu estilo de cantar. Na Columbia, do Rio de Janeiro, gravou, em 1942, seu primeiro disco, com Chega de Tanto Amor, de Mário Lago, e Pode Ser, de Geraldo Pereira e Marino Pinto. No mesmo ano, lançou outros títulos, como A Baratinha, de Antônio Almeida, Eu Não Sou Pano de Prato, de Mário Lago e Roberto Martins, Aproveita, Beleléu, de Marino e Murilo Caldas e O Telefone Está Chamando, de Benedito Lacerda e Popeye do Pandeiro.
Seus primeiros êxitos em disco, porém, aconteceram na RCA Victor, com Aperto de Mão, de Meira, Dino e Augusto Mesquita e O Sorriso do Paulinho, de Gastão Viana e Mário Rossi, lançados em 1943, quando também gravou Duas Mulheres e Um Homem, de Ciro de Sousa e Jorge de Castro. Em 1945, lançou Barulho no Morro, de Roberto Martins, e, em 1946, Mensagem, de Cícero Nunes e Aldo Cabral, que se tornaria um clássico de seu repertório e maior sucesso de sua carreira.
Em 1947, com Os Namorados da Lua, laçou o samba de Lúcio Alves e Haroldo Barbosa De Conversa em Conversa, outro de seus grandes hits. Nessa época, apesar de ser uma cantora de São Paulo, tinha popularidade nacional e era uma das maiores estrelas da Rádio Record. Costumava apresentar-se, também, no Copacabana Palace Hotel e no programa César de Alencar, da Rádio Nacional do Rio de Janeiro, além de realizar excursões por todo o Brasil.
Crescente foi, igualmente, o êxito que ia alcançando na RCA Victor: A toada Mariquinha, de Denis Brean e Raul Duarte, o choro Velho Enferrujado, de Gadê e Valfrido Silva, e o baião Pé de Manacá, de Hervé Cordovil e Marisa Pinto Coelho, cantado em dupla com Hervé, foram de imenso sucesso em 1950.
Continuou na Victor até 1956, quando se transferiu para a Odeon, estreando com o samba de Billy Blanco Mocinho Bonito. Em 1957, gravou seu primeiro LP – 10 polegadas –, A Personalíssima, alusão ao cognome que lhe fora dado por Blota Júnior, animador da Record.
Por essa época, numa excursão ao Recife, conheceu o organista Walter Wanderley, com quem viria a se casar e gravar alguns elepês, entre eles Sempre Personalíssima, destacando-se Feiura Não É Nada, de Billy Blanco, e E Daí, de Miguel Gustavo; Saudade Querida, destacando-se Ninho do Nonô, de Denis Brean e Corcovado, de Tom Jobim; A Pedida É Samba, destacando-se Palhaçada, de Haroldo Barbosa e Luís Reis, e Que É Que Eu Faço, de Ribamar e Dolores Duran; Sambas da Madrugada, destacando-se Ah! Se Eu Pudesse, de Ronaldo Bôscoli e Roberto Menescal; e Atualíssima, destacando-se Errinho À-toa, da mesma dupla.
Em 1969, voltou a gravar, para a Continental, dois elepês: Martinho da Vila/Dolores Duran na Voz de Isaura Garcia e Ary Barroso/Billy Blanco na Voz de Isaura Garcia, e participou do V FMPB, da TV Record, defendendo a canção Primavera, de Lupicínio Rodrigues e Hamilton Chaves. Em 1970, lançou Chico Buarque/Noel Rosa na voz de Isaura Garcia, aposentou-se da Rádio Record, mas continuou a apresentar-se em shows na Igrejinha, na Casa de Badalação e no Tédio, em São Paulo.
Em1973, gravou, ainda para a Continental, o LP Isaura Garcia, em que se destacavam as faixas Desmazelo, de Antônio Carlos e Jocafi, e reprise de De Conversa em Conversa e Mensagem.
Fazendo excursões ocasionais, nunca deixou de morar em São Paulo
Com mais de cinquenta anos de carreira, gravou em torno de 300 canções. No ano de 2003, foi homenageada com a peça Isaurinha - Samba, Jazz & Bossa Nova, interpretada por Rosamaria Murtinho, grande sucesso de crítica e de público.
Para que vocês conheçam um pouco do trabalho desse genial ícone da MPB, apresento-lhes algumas canções que inebriaram minha geração.
Aperto de Mão, samba de Meira, Dino e Augusto Mesquita, lançado em 1943:
O Sorriso do Paulinho, samba de Gastão Viana e Mário Rossi, lançado em 1943:
Barulho no Morro, samba de Roberto Martins, lançado em 1945:
Mensagem, samba-canção de Cícero Nunes e Aldo Cabral, lançado do 1946:
Não Faças Caso, Coração, samba de Custódio Mesquita e Ewaldo Ruy, lançado em 1945:
De Conversa em Conversa, samba-canção de Lúcio Alves e Haroldo Barbosa, com a participação de Os Namorados da Lua, lançado em 1947:
Pé de Manacá, baião de Hervé Cordovil e Marisa Pinto Coelho, com a participação de Hervé, lançado em 1950:
Babaquara, marchinha de Klécius Caldas e Armando Cavalcanti, lançada em 1952
Mocinho Bonito, samba-canção de Billy Blanco, lançado em 1956:
E Daí?, samba de Miguel Gustavo, lançado em 1958:
Corcovado, samba-canção de Tom Jobim, lançado em 1960:
Palhaçada, samba de Haroldo Barbosa e Luís Reis, lançado em 1963: