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Lilia Viana: o ipê-roxo tatuado como forma de carinho à cidade
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A floração dos ipês-roxos, espalhados em diversos pontos da cidade, anuncia que está aberta a temporada das cores na capital. A cada época, um tipo de ipê apresentará suas belezas nos próximos meses: roxo, amarelo, branco e rosa. Começando pelas árvores de coloração roxa, a espécie todo ano se encarrega de enfeitar o Distrito Federal durante a seca. Neste ano, o ipê-roxo resolveu florir antes do previsto, segundo a Companhia Urbanizadora da Nova Capital (Novacap).
A servidora pública Ana Silvia Pires, 50 anos, se surpreendeu ao ver o ipê próximo à sua casa florido. Ela conta que, ao sair para trabalhar de bicicleta, ficou encantada ao se deparar com a árvore cheia de flores. “Quando trabalhava no Hospital Regional da Asa Norte (Hran), via aquele monte de ipê no caminho, pois o Eixo Monumental é cheio. Agora, trabalhando no Cruzeiro, também têm uns pelo caminho. Na segunda, quando fui trabalhar, vi o ipê todo florido. Ano passado, ele demorou muito a dar flor”, lembra. Ana destaca que estava com saudade de pedalar debaixo das árvores cheias de pétalas coloridas.
A antecipação da florada é devido às baixas temperaturas registradas na capital, como explica o chefe do Departamento de Parques e Jardins da Novacap, Raimundo Silva. “Eles floresceram mais cedo em função do período de frio antecipado e da alta umidade, pois esse ano está chovendo até mais tarde. Isso é algo atípico”, afirma. Geralmente, a espécie começa a florir em junho e segue até julho. O fator climático ainda pode fazer com que as árvores floresçam mais de uma vez. “A primeira vem com menos intensidade, e a segunda, mais carregada. Nos últimos três anos, a floração dos ipês tem sido diferenciada, bem carregada”, completa o especialista. As flores permanecem nos galhos no período de 18 a 30 dias.
Os próximos ipês a aparecem serão os amarelos. A espécie, normalmente, floresce a partir de julho, permanecendo até agosto. As flores desta época são as preferidas da tecnóloga em radiologia Gizele Sousa, 36. Mas enquanto elas não nascem, fica apreciando as pétalas roxas. “Eu moro na cidade há cerca de 15 anos. Para mim, o ipê é o que traz cor ao cerrado, nessa época de inverno e seca. Eles dão um contraste muito bonito com o céu. O roxo mesmo é lindo, mas o meu preferido é o amarelo”, destaca.
O ipê é uma árvore típica do cerrado e pode ser encontrado também na Mata Atlântica. O Distrito Federal tem cerca de 230 mil mudas da espécie plantadas pelo Departamento de Parques e Jardins. Destas, 30 mil foram cultivadas no início de 2020 e outras 90 mil devem ser semeadas até o fim do ano, de acordo com a Novacap. A expectativa do departamento é chegar a 1 milhão de ipês pela cidade, como determinado pelo governador Ibaneis Rocha (MDB), segundo Raimundo Silva.
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Gizele: "O ipê é o que traz cor ao cerrado, nessa época de inverno. Eles dão um contraste bonito com o céu"
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Na pele
O ipê tornou-se um símbolo para a capital federal. Grande parte da população demonstra carinho pela espécie. Tanto que alguns decidiram registrá-la na pele. A piloto de metrô Lilia Viana, 38, tem um ipê-roxo tatuado no braço. O desenho vem com passarinhos e as letras iniciais dos pais. “É a árvore da vida. Acho linda e sou muito apaixonada. Nas raízes da minha árvore têm as iniciais dos meus pais e também coloquei três passarinhos, representando os meus filhos e o meu marido. Cada um é da cor preferida deles”, afirma. Ela conta que as pétalas roxas são as que ela mais gosta. “Mostra um pouco mais de esperança. Quando tudo começa a ficar cinza, ele vem para dar ânimo, para chamar a atenção”, ressalta.
A árvore também foi parar na pele da bancária Lilian Osorio de Paula, 39. Ela tem dois ipês tatuados no ombro: um roxo e outro amarelo. “Eu sou apaixonada por Brasília, nasci aqui e quis fazer algo que lembrasse a minha história e as coisas que eu gosto”, conta. Com os ipês, ela tem a imagem da Ponte JK, da Catedral Metropolitana de Brasília e desenhos de Athos Bulcão, além das iniciais dos filhos. “Eu fui passando tudo para o tatuador, e ele montou o desenho. Queria colocar também os ipês, pois eles marcam bastante. Quem vem a Brasília nesta época fica encantado”, comenta. Ela afirma que a árvore transforma o caminho para ir ao trabalho. Ao passar pelo Eixo, é impossível não notar as pétalas roxas no canteiro central. E aquele trecho, que muitas vezes passava despercebido, ganha um novo olhar para ela. “Nas redes sociais, tenho várias fotos de ipê e do céu de Brasília, minhas duas paixões”, destaca.
Florações
» Ipê-roxo: junho e julho
» Ipê-amarelo: a partir de julho
» Ipê-branco: fim de julho e início de agosto
» Ipê-rosa: fim de agosto a outubro/novembro
Fonte: Raimundo Silva, chefe do Departamento de Parques e Jardins da Novacap