INDIFERENÇA
Guilherme de Almeida
Hoje, voltas-me o rosto, se ao teu lado passo.
E eu, baixo os meus olhos se te avisto.
E assim fazemos, como se com isto,
pudéssemos varrer nosso passado.
Passo esquecido de teu olhar, coitado!
Vais, coitada, esquecida de que existo.
Como se nunca me tivesses visto,
como se eu sempre não te houvesse amado.
Mas, se às vezes, sem querer nos entrevemos,
se quando passo, teu olhar me alcança,
se meus olhos te alcançam quando vais
Ah! Só Deus sabe! Só nós sabemos.
Volta-nos sempre a pálida lembrança
Daqueles tempos que não voltam mais!