Almanaque Raimundo Floriano
(Cultural, sem fins comerciais, lucrativos ou financeiros)


Raimundo Floriano de Albuquerque e Silva, Editor deste Almanaque, também conhecido como Velho Fulô, Palhaço Seu Mundinho e Mundico Trazendowski, nascido em Balsas , Maranhão, a 3 de julho de 1936, Católico Apostólico Romano, Contador, Oficial da Reserva do Exército Brasileiro, Funcionário Público aposentado da Câmara dos Deputados, Titular da Cadeira nº 10 da Academia Passa Disco da Música Nordestina, cuja patrona é a cantora Elba Ramalho, Mestre e Fundador da Banda da Capital Federal, Pesquisador da MPB, especializado em Velha Guarda, Música Militar, Carnaval e Forró, Cardeal Fundador da Igreja Sertaneja, Pioneiro de Brasília, Xerife nos Mares do Caribe, Cordelista e Glosador, Amigo do Rio das Balsas, Inventor da Descida de Boia, em julho de 1952, Amigo da Fanfarra do 1° RCG, autor dos livros O Acordo PDS/PTB, coletânea de charges, Sinais de Revisão e Regras de Pontuação, normativo, Do Jumento ao Parlamento, com episódios da vida real, De Balsas para o Mundo, centrado na navegação fluvial Balsas/Oceano Atlântico, Pétalas do Rosa, saga da Família Albuquerque e Silva, Memorial Balsense, dedicado à história de sua terra natal, e Caindo na Gandaia, humorístico apimentado, é casado, tem quatro filhos, uma nora, um genro e dois netos e reside em Brasília, Distrito Federal, desde dezembro de 1960.

Estadão quarta, 12 de fevereiro de 2020

HORA DE REPENSAR ATITUDES

 

Hora de repensar atitudes

Chuvas são fatos naturais. É preciso aprender a lidar com elas por meio da adoção de medidas que visem, antes de tudo, a preservar vidas

Notas e Informações, O Estado de S.Paulo

12 de fevereiro de 2020 | 03h00

Não deixará de chover em São Paulo. Mudanças climáticas são determinantes para que o volume de chuvas seja cada vez maior ou mais concentrado. Dadas suas características geográficas e intervenções urbanísticas, São Paulo é uma cidade que enche quando chove com mais intensidade. Essas três premissas devem nortear as ações do governo e da sociedade na maior cidade do País. Caso contrário, as consequências dos temporais serão corriqueiramente classificadas como “tragédias”, quando trágicas não precisam ser.

Na madrugada de domingo para segunda-feira, os paulistanos padeceram com o temporal mais intenso que caiu sobre a cidade no mês de fevereiro nos últimos 37 anos. Segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), somente nesse período de horas choveu 66% do volume esperado para todo o mês. No dia, foi registrada uma precipitação total de 114 milímetros. Um temporal desta magnitude causará estragos e mexerá com a vida das pessoas em qualquer cidade do mundo, até nas mais desenvolvidas. O que se espera das autoridades é que adotem as devidas medidas para mitigar os danos e, principalmente, evitar mortes. A Prefeitura e o governo estadual agiram nessa direção.

Em que pesem os enormes prejuízos financeiros e o caos instalado na cidade, ninguém morreu em decorrência do temporal que desabou sobre São Paulo. Em outros tempos não tão remotos, dezenas de famílias, quiçá centenas, estariam pranteando seus mortos ou passando pela angustiante busca por desaparecidos.

Calamidades semelhantes causaram danos irreparáveis em outros Estados da Região Sudeste. Há quase um ano, a maior chuva que caiu no Rio de Janeiro nas últimas duas décadas matou 10 pessoas. Há poucas semanas, 55 pessoas morreram em Minas Gerais e a capital, Belo Horizonte, ficou parcialmente destruída. Em São Paulo, a chuva interrompeu o tráfego nas Marginais dos Rios Pinheiros e Tietê em função dos muitos pontos de alagamento. Estabelecimentos comerciais, órgãos públicos, empresas e escolas fecharam. Quem podia ficou em casa, atendendo à recomendação da Prefeitura. Ruas e avenidas de muitos bairros, sobretudo na zona oeste, ficaram desertas.

É importante frisar que o fato de as consequências do temporal de segunda-feira não terem sido tão devastadoras quanto poderiam ser nem de longe recomenda a baixa de guarda das autoridades e dos cidadãos. A todos incumbem ações que não podem ser negligenciadas, sob risco de morte e prejuízos materiais ainda maiores do que os contados agora. O governo e a sociedade de São Paulo devem repensar a cidade segundo os critérios postos por uma nova realidade que é ditada pelas mudanças no clima, algumas inexoráveis.

“Eventos extremos estão cada vez mais frequentes, ao mesmo tempo que aumenta a vulnerabilidade da população”, disse ao Estado o climatologista José Marengo, do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden). A curva histórica de chuvas que serviu como base para a construção do sistema de drenagem de São Paulo já não serve mais.

Há milênios, o homem estuda formas de lidar com a força da natureza. Foi malsucedido sempre que ousou se sobrepor. Já quando usou a inteligência que o distingue entre as espécies para adaptar-se e dela tirar o melhor proveito, deu grandes saltos evolutivos. Esta não é uma boa época para os governantes brigarem com a Ciência, se é que já houve uma em que a afronta gerasse bons resultados.

Chuvas são fatos naturais. É preciso aprender a lidar com elas por meio da adoção de medidas que visem, antes de tudo, a preservar vidas. Isso diz respeito tanto à Prefeitura e ao governo de São Paulo como aos cidadãos. Adensamento não planejado, ocupação de áreas de várzea, impermeabilização dos solos, alteração do curso natural de rios e córregos e descaso com o descarte de lixo têm consequências. Quão graves serão, depende de os paulistanos repensarem a cidade e suas atitudes.


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