Guilherme Palmeira, Rui Guerra jantando com suas famílias
Peço licença aos leitores desta coluna para transcrever a carta do engenheiro Rui Guerra, um dos homens mais chegados a Guilherme Palmeira, foi secretário e conselheiro de Guilherme durante anos, um dos técnicos mais capazes, de inteligência brilhante e prática do Estado de Alagoas. Rui escreveu esta suposta carta ao Zé Nunes, ex motorista, “faz tudo” e anjo da guarda de Guilherme durante mais de 40 anos, era amigo de todos os seus amigos, morreu há algum tempo e está no céu.
CARTA AO ZÉ NUNES
Querido Zé Nunes.
Desculpe não ter enviado esta carta pelo Guilherme pois em tempos de Coronavírus tudo fica mais complicado.
Espero que na sua condição de veterano aí possa ajudá-lo na chegada.
Ultimamente nosso amigo tem falado muito em você.
Desconfio até que ele me escondeu que iria visitá-lo.
Imagine que lhe deram um veículo lento e desconfortável, incapaz de servir às nossas ligeiras viagens ao interior.
Você bem lembra que entre uma cidade e outra, uma dose e outra, ele dava um cochilo de meia-hora e já acordava reclamando;
⁃ “Porra que demora é essa, onde ainda estamos?”
Mal sabia que você nunca dirigia abaixo de 120!
Imagine quando trocaram seu veículo e lhe colocaram numa cadeira de rodas.
Aquele cirurgião, que nem do nome sabemos, resolveu operá-lo para retirar suas dores e só fez agravar.
Além das dores que aumentaram, ele ficou sem urinar e teve que usar permanentemente uma SONDA que lhe trouxe um monte de infecções urinárias.
Depois de muita conversa e devido a sua Bexiga Neurogênica, a Suzana conseguiu convencê-lo a fazer um tratamento com um neurologista que lhe aliviou parte das dores.
Como você já deve estar manobrando aí veja se consegue que não lhe hospedem numa ALA onde estejam pessoas com as quais ele nunca concordou, apesar da sua enorme tolerância.
Com todas as virtudes e paciência que tem, bem sabemos que ele nunca concordou com oportunismos nem perseguições.
Seus sucessivos exemplos de vida e solidariedade permitem saber com quem ele gosta de conversar.
Dê-me um jeito de descobrir onde estão: Rui Palmeira, Tancredo Neves, Ulisses Guimarães, Aureliano Chaves, arranje um apartamento perto deles e, por favor, mude-se com o Guilherme.
Nestas companhias, com certeza, ele aliviaria a falta que lhe fazem Suzana, Rui, Solange, Nadja e seus amigos fraternos.
Veja se consegue um transporte mais rápido que a cadeira de rodas que ele estava usando, para acalmá-lo nos deslocamentos e passeios que terá que fazer na companhia desses amigos que há tanto tempo ele não vê.
Diga a ele que avisei de sua viagem ao Jorge Bornhousen e Zé Jorge que muito lamentaram sua partida sem uma despedida no Piantela.
Avise também que com sua ausência os amigos sumiram. O Piantela fechou e decidiu que só volta a abrir quando ele regressar.
Por aqui sua velha e leal VARANDA DO GP está meio desorientada sem saber o que fazer.
Lá na frente e depois que o Coronavírus partir, veremos como fazer para matar as saudades da sua ausência.
Diga-lhe que tenho chorado como uma criança.
Voltarei a lhe escrever quando a saudade tornar-se pesada demais.
Seu amigo de sempre Rui Guerra.