Almanaque Raimundo Floriano
(Cultural, sem fins comerciais, lucrativos ou financeiros)


Raimundo Floriano de Albuquerque e Silva, Editor deste Almanaque, também conhecido como Velho Fulô, Palhaço Seu Mundinho e Mundico Trazendowski, nascido em Balsas , Maranhão, a 3 de julho de 1936, Católico Apostólico Romano, Contador, Oficial da Reserva do Exército Brasileiro, Funcionário Público aposentado da Câmara dos Deputados, Titular da Cadeira nº 10 da Academia Passa Disco da Música Nordestina, cuja patrona é a cantora Elba Ramalho, Mestre e Fundador da Banda da Capital Federal, Pesquisador da MPB, especializado em Velha Guarda, Música Militar, Carnaval e Forró, Cardeal Fundador da Igreja Sertaneja, Pioneiro de Brasília, Xerife nos Mares do Caribe, Cordelista e Glosador, Amigo do Rio das Balsas, Inventor da Descida de Boia, em julho de 1952, Amigo da Fanfarra do 1° RCG, autor dos livros O Acordo PDS/PTB, coletânea de charges, Sinais de Revisão e Regras de Pontuação, normativo, Do Jumento ao Parlamento, com episódios da vida real, De Balsas para o Mundo, centrado na navegação fluvial Balsas/Oceano Atlântico, Pétalas do Rosa, saga da Família Albuquerque e Silva, Memorial Balsense, dedicado à história de sua terra natal, e Caindo na Gandaia, humorístico apimentado, é casado, tem quatro filhos, uma nora, um genro e dois netos e reside em Brasília, Distrito Federal, desde dezembro de 1960.

Carlito Lima - Histórias do Velho Capita segunda, 14 de outubro de 2024

HOMENAGEM AO NERY (CRÔNICA DO COLUNISTA CARLITO LIMA

HOMENAGEM AO NERY

Carlito Lima

Peço desculpas aos leitores, entretanto, não posso deixar de reproduzir em minha coluna, a crônica de Sebastião Nery editada em mais de 30 jornais no Brasil, onde ele fala da história de Marechal Deodoro e da 3ª FLIMAR em 2012. O maior jornalista dos Séculos XX e XXI, morreu semana passada com 93 anos. Um amigo, um sábio.

* * *

O MARECHAL DA CULTURA

MARECHAL DEODORO (AL) – Lá em cima na mitológica Normandia, cabeça e norte da França, estuário do rio Sena, de frente para a Inglaterra a quem pertenceu em tempos passados, separadas pelo Canal da Mancha sob o qual passa hoje o túnel onde mergulha o trem que liga os dois países, há uma pequena cidade encantada com nome de flor: Honfleur.

O vale do Sena é bordejado de verde e de vaquinhas normandas. Famosos o creme de leite e o Camembert da Normandia. E o conhaque Calvados e a cidra, produzidos com as maçãs que enfeitam os prados.

Honfleur no século 15 era um porto defensivo contra invasões inglesas, em formato retangular e cercado por três ruas de edificações seculares. É como se fosse uma praça, só que no meio é água e o quarto lado dá para o rio Sena, que desemboca no Atlântico um pouco mais adiante. As casas dão a impressão de ter 500 anos ou mais, até hoje habitadas. A primeira referência histórica à Honfleur é de 1027.

HONFLEUR

E o que Alagoas tem com isso? Tem tudo. Em 1500, Portugal chegou a Porto Seguro, viu, gostou, admirou, elogiou, plantou o Marco do Descobrimento, ergueu uma cruz, celebrou uma missa e foi embora. Os piratas fizeram a festa. Sobretudo os franceses. Durou séculos o saque, o contrabando e a farra do Pau Brasil. Em Alagoas os caminhos estavam prontos: havia o mar com a “Praia do Porto do Francês”, o rio São Francisco, os rios Mundaú e Paraíba, as lagoas. Eles chegavam, pegavam o Pau Brasil e levavam, sobretudo para os portos do Havre e de Honfleur, um em frente ao outro. Era o Brasil construindo a Europa, as casas da Europa. Em 1611 nasceu a primeira capital de Alagoas (hoje Marechal Deodoro) como “Povoado de Vila Madalena de Sumaúna”, para proteger o pau-brasil do contrabando e da ação de piratas e outros. Em 1636 já era o “Município de Santa Maria Madalena da Lagoa do Sul”. Só em 1817 capital da capitania de Alagoas, com o nome de Alagoas. Em 1823, cidade. Em 1839, a capital foi para Maceió. E em 1939 o nome da velha cidade foi mudado para Marechal Deodoro, em homenagem ao filho ex-presidente.

A “IIIª FLIMAR”

Há três anos o talento, competência e dedicação do jornalista, escritor e coronel (do Exército) Carlito Lima, secretário de Cultura da cidade, criaram a FLIMAR (Festa Literária de Marechal Deodoro). Nesse final de semana, realizou-se a 3ª. Veio gente do pais inteiro, do Rio Grande do Sul ao Amapá, e da América Latina: jornalistas, escritores, conferencistas, poetas, cantores, grupos de teatro, folclore. Durante cinco dias, diante de suas magníficas igrejas barrocas e sobrados patinados, e sobre as praças de pedras seculares, a cidade tornou-se um anfiteatro da cultura a céu aberto.

Este ano, a IIIª FLIMAR homenageou três consagrados intelectuais: o antropólogo e folclorista alagoano Theo Brandão (Theotônio Vilela Brandão), que fez parte da celebrada geração de Graciliano Ramos, Raul Lima, José Lins do Rego, Rachel de Queiroz e seu marido José Auto, Aurélio Buarque, Diegues Junior, tantos outros; homenageou também o alagoano acadêmico Ledo Ivo, maior poeta vivo do pais, e o consagrado romancista baiano-carioca Antônio Torres, Premio Machado de Assis da Academia Brasileira de Letras, com palestras sobre as obras de cada um.

“A NUVEM”

Todos os dias, de manhã, de tarde e à noite, intelectuais fizeram conferencias. Ricardo Cravo Albin, com sua sabedoria e bagagem histórica, celebrou os 100 anos de Luiz Gonzaga, mostrando a contribuição do Rei do Baião para o pais ficar conhecendo o verdadeiro rosto do Nordeste. O romancista Antônio Torres, o jornalista e escritor Luiz Gutemberg, Paloma e Janaina Amado debateram o significado lítero-cultural do centenário do saudoso Jorge Amado. A escritora e crítica literária baiana Miriam Salles analisou a nova literatura nordestina, amazônica e do Centro-Oeste.

Durante três horas, a carioca Beatriz Rabello apresentou para dezenas de bibliófilos uma oficina de restauração de livros antigos. E eu mostrei minha experiência, no Brasil e como correspondente de imprensa, de meio século de jornalista que também publica livros, como contei em meu último livro “A NUVEM – O Que Ficou do Que Passou”. Sebastião Nery – 2012


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