Almanaque Raimundo Floriano
(Cultural, sem fins comerciais, lucrativos ou financeiros)


Raimundo Floriano de Albuquerque e Silva, Editor deste Almanaque, também conhecido como Velho Fulô, Palhaço Seu Mundinho e Mundico Trazendowski, nascido em Balsas , Maranhão, a 3 de julho de 1936, Católico Apostólico Romano, Contador, Oficial da Reserva do Exército Brasileiro, Funcionário Público aposentado da Câmara dos Deputados, Titular da Cadeira nº 10 da Academia Passa Disco da Música Nordestina, cuja patrona é a cantora Elba Ramalho, Mestre e Fundador da Banda da Capital Federal, Pesquisador da MPB, especializado em Velha Guarda, Música Militar, Carnaval e Forró, Cardeal Fundador da Igreja Sertaneja, Pioneiro de Brasília, Xerife nos Mares do Caribe, Cordelista e Glosador, Amigo do Rio das Balsas, Inventor da Descida de Boia, em julho de 1952, Amigo da Fanfarra do 1° RCG, autor dos livros O Acordo PDS/PTB, coletânea de charges, Sinais de Revisão e Regras de Pontuação, normativo, Do Jumento ao Parlamento, com episódios da vida real, De Balsas para o Mundo, centrado na navegação fluvial Balsas/Oceano Atlântico, Pétalas do Rosa, saga da Família Albuquerque e Silva, Memorial Balsense, dedicado à história de sua terra natal, e Caindo na Gandaia, humorístico apimentado, é casado, tem quatro filhos, uma nora, um genro e dois netos e reside em Brasília, Distrito Federal, desde dezembro de 1960.

Literatura - Contos e Crônicas sábado, 13 de julho de 2024

HISTÓRIAS E ESTÓRIAS DA MPB: GUILHERME DE BRITO (CRÔNICA DO COLUNISTA BRUNO NEGROMONTE - IN MEMORIAM)
HISTÓRIAS E ESTÓRIAS DA MPB: GUILHERME DE BRITO
Bruno Negromonte - In Memoriam
 



 

Principal parceiro de Nelson Cavaquinho, Guilherme era avesso à vida desregrada do amigo

O ano de 2016 é marcado pela saudade pontada no tempo, pois completa-se uma década que o instrumentista, cantor e compositor Guilherme de Brito foi para o céu fazer companhia ao seu parceiro mais notório: Nelson Cavaquinho. Nascido no dia 3 de janeiro de 1922, em Vila Isabel, Rio de Janeiro, Guilherme de Brito Bollhorst. Neto de alemão e filho e um funcionário da Central do Brasil e de Marieta de Brito Bollhorst, Guilherme teve iniciação musical em sua própria casa, pois desde muito cedo demostrava afinidade com a arte. Também não era para menos, pois a família era amante de música (Alfredo Nicolau Bollhorst, seu pai, tocava violão, enquanto sua mãe, tocava piano e sua irmã, como o pai, também tocava violão).

O próprio Guilherme quando questionado sobre o seu envolvimento certa vez disse: “Eu sempre me vi envolvido pela música. Meu pai tocava violão. Minha mãe tocava piano mas eu nunca vi a minha mãe tocar, sabia que ela tocava, mas não tinha piano lá em casa. Como meu pai tocava violão tinha reuniões lá em casa, iam compositores, o Synval Silva ia muito na minha casa. E a minha irmã começou a tocar violão também. Eu era muito pequeno naquele tempo e queria tocar também, então eles me deram um cavaquinho“.

Após ganhar este cavaquinho e apreender as primeiras lições dentro de casa junto aos seus, acabou indo tocar nas ruas do bairro. Neste período, ainda criança, recebe o seu primeiro “cachê” através do quitandeiro da vizinhança, que em troca de músicas dava-lhe frutas. Vagando pelo bairro acompanhado do seu cavaquinho, era comum ouvir o quitandeiro: “Menino, toca um negócio pra mim aqui.” E, após o término do número solicitado, dava ao pequeno Guilherme uma banana, uma laranja.

Ainda sobre esse período de plena liberdade nas ruas de Vila Isabel, o pequeno Guilherme costumava, às vezes, pegar carona no carro do Noel Rosa. Na verdade tratava-se de uma carona não consentida pelo poeta da Vila, pois o Guilherme costumava pegar carona escondido na traseira do carro. Galanteador que era, Noel vivia a paquerar as garotas quando saía motorizado pelas ruas do bairro, e para isso andava em uma velocidade super reduzida (o que acaba oportunizando Guilherme a pendurar-se para pegar caronas em seu carro). Quando o já notório compositor percebia o pequeno dependurado em seu veículo costumava aumentar a velocidade do carro e gritar: “Sai daí, menino!”.

Voltando ao seu primeiro instrumento, vale ressaltar que o seu envolvimento com o cavaquinho deu-se porque a sua envergadura não favorecia para o violão, isso talvez tenha influenciado para que o pequeno instrumento fosse substituído pelo violão pouco tempo depois. Ainda na infância, Guilherme começou a desenvolver outra habilidade que o acompanharia por toda a vida: a pintura. De calça curta, o pequeno Guilherme andava pelas ruas sempre com pedaços de carvão nos bolsos (além do cavaquinho, é claro!).

Guilherme costumava dizer que não sabia de onde vinha essa inclinação para a música, uma vez que na família a música era a única habilidade desenvolvida. Mesmo um exímio violonista e melodista, um pintor de técnicas refinadas costumava dizer que tudo o que havia feito na vida foi de ‘orelhada’, inclusive na escola, onde nem o primário terminou porque teve que começar a trabalhar pra ajudar a mãe quando perdeu o pai em 1936. Aos 12 anos, com um atestado de que sabia ler e escrever do Instituto Politécnico e uma autorização a trabalhar na Casa Edison.

Para deleite dos amigos leitores deixo aqui a canção “Dono das calçadas“, de autoria da imbatível dupla Nelson Cavaquinho e Guilherme de Brito. Aqui trata-se de um registro de Guilherme gravada em 2003 e acompanhada pelo Trio Madeira Brasil:

 

 


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