Almanaque Raimundo Floriano
(Cultural, sem fins comerciais, lucrativos ou financeiros)


Raimundo Floriano de Albuquerque e Silva, Editor deste Almanaque, também conhecido como Velho Fulô, Palhaço Seu Mundinho e Mundico Trazendowski, nascido em Balsas , Maranhão, a 3 de julho de 1936, Católico Apostólico Romano, Contador, Oficial da Reserva do Exército Brasileiro, Funcionário Público aposentado da Câmara dos Deputados, Titular da Cadeira nº 10 da Academia Passa Disco da Música Nordestina, cuja patrona é a cantora Elba Ramalho, Mestre e Fundador da Banda da Capital Federal, Pesquisador da MPB, especializado em Velha Guarda, Música Militar, Carnaval e Forró, Cardeal Fundador da Igreja Sertaneja, Pioneiro de Brasília, Xerife nos Mares do Caribe, Cordelista e Glosador, Amigo do Rio das Balsas, Inventor da Descida de Boia, em julho de 1952, Amigo da Fanfarra do 1° RCG, autor dos livros O Acordo PDS/PTB, coletânea de charges, Sinais de Revisão e Regras de Pontuação, normativo, Do Jumento ao Parlamento, com episódios da vida real, De Balsas para o Mundo, centrado na navegação fluvial Balsas/Oceano Atlântico, Pétalas do Rosa, saga da Família Albuquerque e Silva, Memorial Balsense, dedicado à história de sua terra natal, e Caindo na Gandaia, humorístico apimentado, é casado, tem quatro filhos, uma nora, um genro e dois netos e reside em Brasília, Distrito Federal, desde dezembro de 1960.

Correio Braziliense domingo, 22 de novembro de 2020

HISTÓRIAS DE CONSCIÊNCIA - UMA VOZ DE AFIRMAÇÃO

Jornal Impresso

HISTÓRIAS DE CONSCIÊNCIA
 
Uma voz de afirmação
 
 
Jornalista Raíssa Gomes produz um programa semanal em que entrevista especialistas negros sobre diversos temas. Premiado, o projeto busca dar visibilidade a narrativas diferentes da hegemônica. Militante da causa negra, ela avalia que a luta antirracista precisa avançar muito

 

» TAINÁ SEIXAS

Publicação: 22/11/2020 04:00

Raíssa passa os valores que aprendeu na infância para o filho, Malik, de 9 anos. Para ela, é importante que o menino conheça a história de seus ancestrais (Fotos: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press
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Raíssa passa os valores que aprendeu na infância para o filho, Malik, de 9 anos. Para ela, é importante que o menino conheça a história de seus ancestrais

 



Mulher negra, nordestina, bissexual e do axé. São vários os elementos que tornam a vida de Raíssa Gomes, 30 anos, ou Raio Gomes, como é chamada desde a adolescência, em uma existência de resistência. Mas ela não permite que as dificuldades definam sua trajetória. “É importante mostrar a nossa capacidade de se colocar em lugares para além da dor. O sofrimento está dado, não vou fingir que não ocorre, mas não vou deixar que isso determine o meu lugar no mundo, o que eu sou, o que vou fazer e qual é a minha atuação”, afirma.

A jornalista tem uma importante atuação na produção de conteúdo com referências negras. Desde março, ela desenvolve o projeto Para, Raio, cujo objetivo é apresentar ao público diversos especialistas negros nos mais variados assuntos. “A gente que é jornalista, muitas vezes, busca fontes e se depara sempre com especialistas brancos. Dizem que é difícil achar, e o programa vem para mostrar que temos fontes negras para falar sobre tudo”, explica. O projeto fez, até o momento, 43 entrevistas abordando diferentes temas. Entre as convidadas, Raíssa Gomes recebeu Anielle Franco, irmã de Marielle Franco, em um debate sobre mulheres negras na política; e Jaqueline Góes, que sequenciou o genoma do novo coronavírus no Brasil.

O programa recebeu o I Prêmio Neusa Maria de Jornalismo, iniciativa de repórteres negros com apoio da agência Alma Preta visando o reconhecimento de produções jornalísticas de pessoas negras, trans e indígenas. A premiação homenageia a jornalista Neusa Maria Pereira, uma das fundadoras do Movimento Negro Unificado (MNU). A série de entrevistas está disponível no perfil @raiogomes, no Instagram; e no canal Raio Gomes, no YouTube.

 

História

Raissa chegou a Brasília, do Recife, aos 8 anos, com os pais, e se considera uma brasiliense convicta. Filha de um professor universitário e uma terapeuta, ela convive com a militância desde cedo. Seus pais se conheceram dentro do movimento negro e passaram esses valores dentro de casa. Na infância, aos 10 anos, sofreu racismo na escola privada onde estudava: colegas picharam dizeres racistas no muro da escola. Na ocasião, seus pais foram pedagógicos e fizeram uma formação com os professores na escola para sensibilização dessa temática

“Esses valores que passam dos pais para os filhos e vão se propagando. Da mais tenra idade, pessoas negras têm que aprender a lidar com isso e nem sempre a equipe pedagógica da escola está apta para formar as crianças nesse sentido. Mas, nessas atitudes, como a dos meus pais, algumas coisas foram se transformando”, avalia.

Hoje, Raissa busca passar os mesmos valores para o filho Malik, 9, e vê mudanças no sistema escolar atual, mas garante: ainda há muito para se avançar na educação antirracista. A maternidade foi um divisor de águas na vida de Raio — a experiência potencializou a vontade de transformar a realidade. “Quero que meu filho viva e veja as coisas sobre esse olhar que não é determinado pelo racismo e, sim, pelas coisas maravilhosas que a gente faz e fez enquanto povo para existir e continuar”, relata.

Raissa considera fundamental incluir, na formação de Malik, a história de seus ancestrais, muitas vezes esquecida ou deturpada em livros didáticos. “Não quero que meu filho seja, simplesmente, educado pela história majoritária, a história branca contada nas escolas de que o papel do negro, no Brasil, é ser escravo. Existem outras narrativas além da que é contada na escola”, completa.

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