No meu primeiro CD – FORROBOXOTE, as letras tinham uma característica de ludicidade que foi muito elogiada à época pela crítica local. Esta música fala de um cabra nordestino que saiu pelo Nordeste inteiro com sua companheira, em busca de melhores dias e onde chegava ‘fazia’ um filho. Ao final, já eram 8 sem contar o que estava pra chegar, já encomendado na barriga da mulher. Quem canta é Serginho Luz e Nico di Pádua. O arranjo e a sanfona, de Zé Bicudo.
NÊGA
Xico Bizerra
ô nega linda, dê cá os meus documento
se atrepe em meu jumento mode a gente flauteá
se avexe, nega, cuidado c’a sua saia
enganxe as perna na cangaia pra ninguém tê o que espiá
vamo pro norte, namorá em parnaíba,
depois a gente arriba e vai dormí em quipapá,
de mossoró, depois que eu fô no mato,
nós se beija e vai pro crato e faz um neguin por lá
nega bonita do cabelo de escapole
ocê sabe que eu sou mole, que eu vou me apaixoná
vamo simbora que ainda é muito cedo,
eu quero passá em penedo prum neguin encomendá
campina grande, itabaiana e codó,
no sertão do bodocó nós vai chegá no fim do mês
em itabuna eu vou comprá um caçuá
que é pra mió acomodá os três neguin que a gente fez
nega cheirosa, coração de saltimbanco
desapeie de seu tamanco, eu num quero mais passeá
já andamo muito, corremo o sertão inteiro
quase te matei de cheiro de tanto sem-vergonhá
inda sou moço, demoro a ficar caduco
mas já tô quase maluco com esses pra lá e pra cá
esse negoço de viajá num dá certo
dacá pouco nós tem perto de dez neguin pra criá
ô nega bela, boa da gota serena
nega sapeca que mora em meu pensamento
nega dengosa, ocê sabe eu num agüento
dez neguin é muito nego presse nego véi criá
nega danada, convém que nós se aquiete
de neguin, já contei sete
fora esse que no bucho tá