HISTÓRIA DA RAINHA ESTER
Arievaldo Viana Lima
Supremo Ser Incriado
Santo Deus Onipotente
Manda teus raios de luz
Ilumina a minha mente
Para transformar em versos
Uma história comovente
Falo da vida de Ester
Que na Bíblia está descrita
Era uma judia virtuosa
E extremamente bonita
Por obra e graça divina
Teve venturosa dita
Foi durante o cativeiro
Do grande povo Judeu
Um rei chamado Assuero
Naqueles tempos viveu
E com o nome de Xerxes
Na História apareceu.
O rei Assuero tinha
Pelo costume pagão
Um harém com muitas musas
As mais belas da nação
Mas era a rainha Vasti
Dona do seu coração.
Porém a rainha Vasti
Caiu no seu desagrado
Pois embora fosse bela
Não cumpriu um seu mandado
Vasti, durante um banquete
Não quis ficar a seu lado.
Com isto o Rei Assuero
Bastante se enfureceu
Mandou buscar outras moças
E por fim ele escolheu
Ester, a bela judia
Sobrinha de Mardoqueu.
Porque os seus conselheiros
Consideraram uma ofensa
A bela rainha Vasti
Não vir a sua presença
Perdeu a rainha o posto
Foi esta a dura sentença.
Ester era flor mais bela
Filha do povo judeu
Porém perdeu os seus pais
Logo depois que nasceu
Foi viver na companhia
De seu tio Mardoqueu.
Dentre as mulheres mais belas
Ester foi a escolhida
Pra ser a nova Rainha
Pelo rei foi preferida
Mardoqueu disse à sobrinha:
– Não revele a sua vida!
– Pois nosso povo é cativo
E vive na opressão
Talvez o rei não a queira
Vendo a sua condição
É melhor guardar segredo
Sobre seu povo e nação.
Não pretendo alongar-me,
Porém vos digo o que sei:
Mardoqueu era versado
Na Ciência e na Lei
Trabalhava no palácio
Era empregado do rei.
Mardoqueu um dia soube
Que dois guardas do portão
Tramavam secretamente
Perversa conspiração
Eram Bagatã e Tares
Homens de mau coração.
Tramavam matar o rei
E Mardoqueu descobriu
A conversa dos dois homens
Ele sem querer ouviu
Foi avisar a Ester
E ela ao rei preveniu.
Assuero indignado
Com esta conspiração
Mandou ligeiro prender
Os dois guardas do portão
Eles descobriram tudo
Quando os pôs em confissão
Os dois guardas receberam
Um castigo exemplar
Provada a sua traição
O rei os manda enforcar
Depois mandou os escribas
Em seus anais registrar.
Mardoqueu perante o rei
Subiu muito de conceito
Deu-lhe o rei um alto posto
Por ser honrado e direito
Por isso era invejado
Por Aman, um mau sujeito.
Este Aman de quem vos falo
Era o Primeiro-Ministro
Um dos homens mais perversos
De quem se teve registro
Tramava contra os judeus
Um plano mau e sinistro.
Por força de um decreto
Queria que o povo inteiro
Se ajoelhasse a seus pés
Sendo ele um embusteiro
Queria ser adorado
Igual ao Deus Verdadeiro.
Isso era um grande martírio
Para a raça dos judeus
Porque só dobram os joelhos
Em adoração a Deus
Fato que desperta a ira
Dos pagãos e dos ateus.
O Ministro indignou-se
Com todo o povo judeu
Porque não obedeciam
Àquele decreto seu
Pensava em aniquilar
A raça de Mardoqueu.
Mandou baixar um Edito
Marcando a hora e o dia
Para o povo ajoelhar-se
Porém Aman não sabia
Que a bela rainha Ester
Era uma princesa judia.
Mardoqueu leu o decreto
Gelou de medo e pavor
Comunicou a Ester
Que Aman, em seu furor
Queria exterminar
A raça do Redentor.
– Querida Ester, disse ele
Venho triste lhe contar
Que o Primeiro Ministro
Jura por Marduk e Isthar
Que o nosso povo judeu
Decidiu eliminar.
– Esse Decreto já foi
Pelo rei sancionado
Armou para nós a forca
O dia já está marcado
Matará todo judeu
Que não vir ajoelhado.
– Meu tio, responde Ester
Eu nada posso evitar
Pois quem se apresenta ao rei
Sem ele próprio chamar
Por um decreto real
Manda na hora enforcar.
Deixemos aqui Ester
Lamentando pesarosa
Vamos tratar de Aman
Criatura orgulhosa
E saber o que tramava
Essa cobra venenosa.
Disse ele a Assuero:
– Há um povo no reinado
Que tem um costume estranho
Não cumpre nenhum mandado
Que fira algum mandamento
Por seu Deus determinado.
– Constitui um mau exemplo
Para outros povos e assim
Considero que este povo
Viver conosco é ruim
Eu quero a tua licença
Porque quero dar-lhes fim.
Lavrou-se então o decreto
Do extermínio judeu
Aman pegou uma cópia
E em praça pública leu
Somente por ter inveja
Da glória de Mardoqueu.
Naquela noite Assuero
Não podendo dormir mais
Mandou chamar seus escribas
Para lerem os editais
Entre estes documentos
Encontravam-se os Anais.
O leitor sabe que o rei
Foi salvo de um atentado
Por dois porteiros teria
Sido ele assassinado
Se não fosse Mardoqueu
Ter o caso desvendado.
Pergunta então Assuero
Depois que o escriba leu
Os Anais onde constavam
Os feitos de Mardoqueu:
– Me diga qual foi o prêmio
Que este homem recebeu?
– Nenhum prêmio, majestade
Responde o escriba ao rei
Então Assuero disse:
– Agora compensarei
O grande favor prestado,
Gratidão é uma lei!
No outro dia Aman
Foi ao Palácio enredar
Quando Assuero o viu
Tratou de lhe perguntar:
– Que deve ser feito ao homem
Que o rei pretende honrar?
Pensando que era pra si
Aquela grande honraria
Aman disse: – Majestade
Eis então o que eu faria
Com minhas roupas reais
Este homem eu vestiria
Depois o faria montar
Um cavalo ajaezado
Com os arreios de ouro
E o brasão do reinado
Por alguém muito importante
Ele seria puxado.
E nas ruas da cidade
O guia deve bradar
Assim o rei Assuero
Manda agora publicar:
– Este é um homem de bem
Que o rei pretende honrar!
– Muito bem, diz Assuero
Bonito plano, este seu
Mande selar meu cavalo
Da forma que concebeu
E nele faça montar
Nosso amigo Mardoqueu.
Aman ficou constrangido
Mas resolveu perguntar
Qual o homem, majestade
Que o cavalo irá guiar
Disse o rei: – És tu, Aman
Quem o deve anunciar.
Aman saiu se mordendo
Foi o cavalo arrear
Depois mandou Mardoqueu
Sobre o mesmo se montar
Mas no íntimo dizia
Em breve irei me vingar.
E pelas ruas de Susa
Foi Mardoqueu aclamado
Vestindo as roupas reais
Num bom cavalo montado
E pelo ministro Aman
O ginete era puxado.
O leitor deve lembrar
Que Ester, a bela rainha
Já sabia do decreto
E qual a sorte mesquinha
Destinada a seu povo
Porém o medo a detinha.
Há dias que ela esperava
Uma oportunidade
Para falar com o rei
Contar-lhe toda a verdade
E, em favor de seu povo
Implorar-lhe a piedade.
Mas o tempo ia passando
Como o rei não a chamou
A dura pena de morte
Decidida ela enfrentou
Foi à presença do rei
Lá chegando se curvou.
Disse o rei: – Minha querida
A lei não é para ti
Não temas, pois não pretendo
Fazer qualquer mal a si
Diga-me logo o que queres
Porque tu vieste aqui?
Disse ela: – Majestade
Viva em paz, a governar
O motivo que me trouxe
É que vim te convidar
Para um singelo banquete
Que pretendo preparar.
Este banquete eu vou dar
Na noite de amanhã
Quero apenas que convides
O nosso ministro Aman
Espero que não me faltes
Espero com grande afã.
Disse o rei: – Vá sossegada
Por certo, não faltarei
Ao banquete que darás
Como sem falta eu irei
E o Primeiro Ministro
Em breve convidarei.
Ester não disse mais nada
Tratou de se retirar
Chamou as suas criadas
Foi depressa preparar
O banquete que em breve
Ela haveria de dar.
No outro dia Aman
Pelo rei foi convidado
Porém, como ignorava
O que estava preparado
Compareceu orgulhoso
Bastante lisonjeado.
Na presença do ministro
Assuero perguntou
Diz-me agora, ó rainha
Por que razão me chamou?
Então Ester decidida
Por esta forma falou:
– Majestade eu tenho a honra
De ser a tua consorte
Porém a mão do destino
Quer turvar a minha sorte
Porque o meu próprio povo
Está condenado à morte!
Diz o rei: – Quem concebeu
Este plano tão malvado?
Por que motivo o teu povo
À morte foi condenado?
Disse ela: Foi Aman
Ele é o grande culpado!
Pois este homem se julga
Acima do próprio Deus
Quer que todos se ajoelhem
E cumpram os desígnios seus
Por isso ele planeja
Exterminar os judeus.
Quando ela disse aquilo
Aman não pôde falar
Tremia ali de pavor
Sem poder se explicar
E o rei indignado
O mandou encarcerar.
No outro dia Aman
À morte foi condenado
Na forca que ele havia
Pra Mardoqueu preparado
Por um capricho da sorte
Foi nela própria enforcado.