Almanaque Raimundo Floriano
(Cultural, sem fins comerciais, lucrativos ou financeiros)


Raimundo Floriano de Albuquerque e Silva, Editor deste Almanaque, também conhecido como Velho Fulô, Palhaço Seu Mundinho e Mundico Trazendowski, nascido em Balsas , Maranhão, a 3 de julho de 1936, Católico Apostólico Romano, Contador, Oficial da Reserva do Exército Brasileiro, Funcionário Público aposentado da Câmara dos Deputados, Titular da Cadeira nº 10 da Academia Passa Disco da Música Nordestina, cuja patrona é a cantora Elba Ramalho, Mestre e Fundador da Banda da Capital Federal, Pesquisador da MPB, especializado em Velha Guarda, Música Militar, Carnaval e Forró, Cardeal Fundador da Igreja Sertaneja, Pioneiro de Brasília, Xerife nos Mares do Caribe, Cordelista e Glosador, Amigo do Rio das Balsas, Inventor da Descida de Boia, em julho de 1952, Amigo da Fanfarra do 1° RCG, autor dos livros O Acordo PDS/PTB, coletânea de charges, Sinais de Revisão e Regras de Pontuação, normativo, Do Jumento ao Parlamento, com episódios da vida real, De Balsas para o Mundo, centrado na navegação fluvial Balsas/Oceano Atlântico, Pétalas do Rosa, saga da Família Albuquerque e Silva, Memorial Balsense, dedicado à história de sua terra natal, e Caindo na Gandaia, humorístico apimentado, é casado, tem quatro filhos, uma nora, um genro e dois netos e reside em Brasília, Distrito Federal, desde dezembro de 1960.

Carlos Eduardo Santos - Crònicas Cheias de Graça quarta, 02 de novembro de 2022

HIGIENE ALIMENTAR (CRÔNICA CE CARLOS EDUARDO SANTOS, COLUNISTA DO ALMANAQUE RAIMUNDO FLORIANO)

 

HIGIENE ALIMENTAR

Carlos Eduardo Santos

 

 

Uma porção de lagosta ao thermidor

 

A modernidade é chocante. E pelo que vejo querem acabar comigo e com o restinho da classe dos oitentões, com essa invenção de “Higiene Alimentar”.

Quando eu era bem pequeno mamãe curava minha catarreira fazendo-me tomar mastruz com leite. Era uma plantinha mágica que ela mantinha no jardim e servia para curar pequenas enfermidades, dentre elas: tosse, catarro e doenças pulmonares.

Com o chá de folhas de abacate resolvia-se problemas intestinais e vermes, daqueles do tipo “lombriga da braba”, aquelas cobras que saiam do orifício anal sem a menor cerimônia. Tempo em que ão tinha nada de se recorrer a médicos nem remédios.

O incrível é que meu pai trabalhava com produtos farmacêuticos sendo na época Gerente do Laboratório Farmacêutico Andrômaco.

Em dias recentes surgiram as nutricionistas e as endocrinologistas, que prestam grandes serviços às pessoas nesta época cheia de novidades.

Pois bem, a turma lá de casa achou que em face de minha “idade avançada” dever-se-ia “decretar” que eu precisava ir a um desses profissionais, a fim de ser orientado quanto à “Higiene Alimentar”.

Isso é lá coisa que se invente?! Um verdadeiro palavrão. No dia da consulta a amável doutora me perguntou quem era meu geriatra. respondi – com o peito estufado – que não tinha, porque não tinha as chamadas “doenças da idade”.

Depois de ultrapassar esse portal dos 80 anos, comendo tudo quanto é coisa pelo mundo afora, eu me acostumarIa a um regime?

Primeiro me apresentaram a u’a miserável lista dos alimentos a evitar: Comidas de milho em geral e arroz branco.

Aí, logo entendi que a doutora não era amiga das comemorações de São João! E queria acabar com as festas no mês do meu aniversário.

Os “queijos amarelos”, como o meu apreciadíssimo “Queijo do Reino”, eu poderia tirar da lista do supermercado. Aí já seria demais! Era pra acabar mesmo com minha nobreza!

Fui lendo a tal lista e confirmei que a cidadã era a própria essência da ingratidão; a malfeitora dos oitentões.

A relação das proibições mais parecia o “AI-5 dos Alimentos”. Tinha tanta proibição que pensei que nem precisávamos ir à feira mais.

Evitar a todo custo – logo a partir de hoje – doces, açucares, sorvetes e bolos. E lá vem ferro! A lista era enorme. Como conseguirei seguir essa nova rotina tão degradante?…

Quanto às frutas: Evitar manga, banana, melancia, jaca e pinha. Mas logo pinha, a fruta dos condes? E concluiu recomendando dieta de milionário:

Consumir frutos do mar no mínimo duas vezes por semana; ou seja: salmão, caviar e lagosta; esse bicho, aliás, que hoje só posso pensar se passar pela calçada da Casa d”Itália e sentir o cheiro. Sobremodo se for daquela preparada “Ao thermidor”.Só ao escrefer sinto água na boca!

E vendo a cara de tristeza de um velhote que estava se despedindo da vida, arrematou, como Prêmio de Consolação o que eu também poderia comer: Oliogenoses: castanha de caju, castanha do Pará grão de bico e lentilha.

Deixei o consultório certo de que a doutorinha fazia parte de uma gangue, pronta para acabar com as “relíquias da sociedade”; nós os velhotes ameaçados pela tal Higiene Alimentar.


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