Almanaque Raimundo Floriano
(Cultural, sem fins comerciais, lucrativos ou financeiros)


Raimundo Floriano de Albuquerque e Silva, Editor deste Almanaque, também conhecido como Velho Fulô, Palhaço Seu Mundinho e Mundico Trazendowski, nascido em Balsas , Maranhão, a 3 de julho de 1936, Católico Apostólico Romano, Contador, Oficial da Reserva do Exército Brasileiro, Funcionário Público aposentado da Câmara dos Deputados, Titular da Cadeira nº 10 da Academia Passa Disco da Música Nordestina, cuja patrona é a cantora Elba Ramalho, Mestre e Fundador da Banda da Capital Federal, Pesquisador da MPB, especializado em Velha Guarda, Música Militar, Carnaval e Forró, Cardeal Fundador da Igreja Sertaneja, Pioneiro de Brasília, Xerife nos Mares do Caribe, Cordelista e Glosador, Amigo do Rio das Balsas, Inventor da Descida de Boia, em julho de 1952, Amigo da Fanfarra do 1° RCG, autor dos livros O Acordo PDS/PTB, coletânea de charges, Sinais de Revisão e Regras de Pontuação, normativo, Do Jumento ao Parlamento, com episódios da vida real, De Balsas para o Mundo, centrado na navegação fluvial Balsas/Oceano Atlântico, Pétalas do Rosa, saga da Família Albuquerque e Silva, Memorial Balsense, dedicado à história de sua terra natal, e Caindo na Gandaia, humorístico apimentado, é casado, tem quatro filhos, uma nora, um genro e dois netos e reside em Brasília, Distrito Federal, desde dezembro de 1960.

Correio Braziliense terça, 13 de agosto de 2019

HERMETO PASCOAL: BRUXO ENCANTADOR

 

Bruxo encantador
 
Em entrevista ao Correio, multi-instrumentista fala da carreira, de instrumentistas parceiros e ensina: "A técnica é algo que o músico precisa ter"

 

» Irlam Rocha Lima

Publicação: 13/08/2019 04:00

 (Paulo Rapoport/Divulgação)  
 
Aos 83 anos, Hermeto Pascoal mantém uma memória privilegiada. Da mesma forma que fala com detalhes sobre a conquista do Grammy Latino em 2018, lembra de fatos ocorridos no começo da carreira, na Rádio Jornal do Comércio, em Recife, no final da década de 1960. Com impressionante vitalidade, e sempre jovial, ele cumpre uma recheada agenda de compromissos, no Brasil e no exterior.
 
Genial improvisador, o multi-instrumentista albino, nascido em Lagoa da Canoa (AL), costuma tirar som tanto de instrumentos convencionais — ele toca piano, acordeon, flauta e saxofone — quanto de objetos diversos, que tanto pode ser bacia, chaleira ou a queixada de algum animal. E até mesmo do corpo. Da discografia do artista constam mais de 30 títulos.
 
Os mais recentes são No mundo dos sons — álbum gravado com uma big band — que o levou a ser premiado no Grammy, na categoria latim-jazz, em 2018; e o Hermeto Pascoal e sua visão original do forró, com 17 faixas, gravado em Recife há 20 anos, que tem Alceu Valença como um dos convidados, que saiu no ano passado.
 
No fim de junho, Hermeto foi agraciado pela Universidade Federal da Paraíba com o título de doutor honoris causa. A mesma condecoração lhe foi atribuída em 2017 no New England Conservatory de Boston (Estados Unidos). São honrarias que recebe sem maiores alardes, até porque, modestamente, não se considera merecedor.


>> entrevista Hermeto Pascoal

Mestre, o que faz para manter a vitalidade aos 83 anos?
Tenho que manter a diabetes controlada e só não como doce. Mas não dispenso, por nada, uma boa carne de sol com macaxeira, ou uma picanha no ponto. Mas cuido bem do corpo. Até porque eu uso ele também como um instrumento.
 
O público que assiste a seus shows fica sempre na expectativa 
de, após a apresentação, o senhor descer do palco para 
segui-lo num cortejo. Mas no domingo, aqui 
em Brasília isso não ocorreu. Por quê?
Costumo fazer isso sim, inclusive já fiz em outros show em Brasília. Desta vez não deu porque era um festival e tinha outras coisas acontecendo. A apresentação não poderia ultrapassar 1h30 de duração.
 
Lembra quando tocou na capital pela primeira vez?
Apresentações em Brasília são fatos importantes em minha carreira. Estive na capital, por exemplo, na inauguração, com o regional do Pernambuco do Pandeiro. Naquele dia toquei na Praça dos Três Poderes e no Palácio da Alvorada. Mas já fiz shows em vários lugares, como na Concha Acústica. Mas o lugar onde mais me apesentei foi no Clube do Choro.
Foi Pernambuco do Pandeiro quem o acolheu, quando deixou Recife e foi morar no Rio de Janeiro?
Já conhecia o Pernambuco quando cheguei ao Rio, no final da década de 1950. Ele tinha um regional e era contratado pela Rádio Mauá. Comecei na música em Alagoas, mas a profissionalização veio na Rádio Jornal do Comércio, em Recife. Lá tocava também na boate Delfim Verde, com o meu compadre Heraldo do Monte. Fiquei em Recife uns seis anos, com passagem pela Rádio Tabajara, de João Pessoa.
 
Mas você se tornou conhecido ao integrar o Quarteto Novo, 
em São Paulo. Que lembrança guarda daquele período?
Havia uma efervescência artística em São Paulo, para a qual contribui de forma decisiva, os festivais de música. Existia o trio formado por Heraldo do Monte (contrabaixo), Théo de Barros (violão) e Airto Moreira (bateria). O Théo foi parceiro de Geraldo Vandré em Disparada, música que empatou em Primeiro lugar com A banda, de Chico Buarque, no Festival da Record de 1966. No ano seguinte passei a integrar o grupo, que acompanhou Edu Lobo e Marília Medalha em Ponteio, no festival de 1967. O quarteto Novo gravou apenas um disco.

Seu primeiro disco solo, o A música livre de 
Hermeto Pascoal. Poderia falar sobre ele?
É um disco raro, hoje muito procurado na internet. Nele registrei minhas primeiras composições, músicas como Arrasta pé alagoano, Chorinho pra ele, Forró Brasil, Pimenteira e Pintando o sete.
 
Lembra quantos discos já lançou?
Foram pelo menos 30. Não sei ao certo. Meu filho Flávio, que mora em São Paulo e é meu empresário, tem tudo isso certinho. Costumo gravar de três em três anos.
 
No período em que morou no Paraná, qual foi a produção?
A fase de Curitiba foi maravilhosa. Lá conheci Aline Morena, e mesmo com a diferença de idade, vivemos juntos por mais de 10 anos e tivemos ótima relação. Com ela, lancei o CD Chimarrão com rapadura. Nos separamos, mas mantivemos uma forte amizade. Ela sempre está em contato comigo.
 
No mundo dos sons, de 2017, o levou a 
conquistar 
o Grammy Latino no ano passado. 
Que importância 
atribui a esse prêmio?
Essa é uma premiação internacional muito importante. Gravei o disco com uma big band maravilhosa, sob a regência de André Marques, música do meu grupo e fomos premiados na categoria melhor álbum de jazz latino. Minha carreira no exterior passou a ser ainda mais bem-avaliada.
 
No seu processo criativo o que prevalece, a técnica ou a intuição?
Para criar, me deixo levar pela intuição. Não faço nada premeditado, seja em estúdio, seja no palco. Obviamente, utilizo a técnica, mas o que prevalece é a improvisação. A técnica porem é algo que o musico precisa ter
 
Referência e fonte de inspiração para músicos 
de várias erações, o que busca passar para eles, 
quando 
os têm em sua companhia?
Uma coisa básica que passo para eles é evitar repetir o que faço. Isso foi seguido tanto por Itiberê Zwarg, Carlos Malta e Jovino Neto, que foram da minha banda e hoje são músicos consagrados; como para os irmãos Hamilton de Holanda e Fernando César, que conheci ainda adolescentes; e Gabriel Grossi, todos talentosíssimos. Participei, em Brasília, da gravação do DVD de Gabriel, gaitista de nível internacional.
 
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