Raimundo Floriano
Heleninha Costa
Helena Costa Grazioli, a Heleninha Costa, cantora, nasceu no Rio de Janeiro (RJ), no dia 18.1.1924, cidade onde veio a falecer, no dia 12.4.2005, aos 81 anos de idade.
Ainda menina, transferiu-se com a família para Santos (SP), iniciando sua carreira na Rádio Clube local, em 1938, aos 14 anos de idade.
Pouco tempo depois, mudou-se para São Paulo, atuando nas Rádios Record e Bandeirantes daquela capital. Em 1940, gravou, pela Colúmbia, seu primeiro disco, um 78 RPM, com a marcha Sortes de São João, de Alcir Pires Vermelho e Osvaldo Santiago, e o samba Apesar da Goteira do Quarto, de Pedro Caetano e Alcir Pires Vermelho. Em 1941, gravou, da dupla Pedro Caetano e Alcir Pires Vermelho, a marchinha Tocaram a Campainha e o samba Está Com Sono, Vai Dormir.
Em 1943, voltou para o Rio de Janeiro, passando a cantar na Rádio Clube do Brasil, depois Mundial. Foi lady crooner e bailarina do Cassino da Urca, cantando, também no Cassino Quitandinha. Naquele mesmo ano, gravou o samba de grande sucesso, Exaltação à Bahia, de Chianca Garcia, revistógrafo português, e Vicente Paiva, na época diretor musical do cassino, que compunha sambas de exaltação para os finais apoteóticos dos shows.
Exaltação à Bahia transformou-se no maior sucesso de sua carreira e eternizou-se como um clássico da MPB.
Em 1944, gravou, na Continental, com o conjunto Milionários do Ritmo, O Samba Que Eu Fiz, de Oscar Bellandi e Dilo Guardia. Em 1946, convidada por César Ladeira, passou a atuar na Rádio Mayrink Veiga. Em 1947, também a convite de César, transferiu-se para a Rádio Nacional do Rio de Janeiro, participando do Programa Música do Coração e dos melhores musicais noturnos da emissora. No mesmo ano, gravou, na Continental, o samba Você É Tudo Que Eu Sonhei, de Laurindo de Almeida e Del Loro, e o choro Amor, de Laurindo de Almeida e Valdomiro de Abreu. Em 1948, lançou o samba Recordações de Um Romance, de Bartolomeu Silva e Constantino Silva, e o maxixe Ginga, de Sá Róris.
Em 1951, gravou dois de seus grandes sucessos, o bolero Afinal, de Ismael Neto e Luis Bittencourt, e o foxe Cartas de Amor, de Young e Heyman, versão de Alberto Ribeiro. No mesmo ano, gravou, com César de Alencar, o baião Não Interessa Não, de José Menezes e Luiz Bittencourt, e o maxixe Que É Isto?, de Nestor de Holanda e Abelardo Barbosa, o Chacrinha, e esteve presente no primeiro LP brasileiro lançado com repertório para o Carnaval, juntamente com Marion, Neusa Maria, Oscarito, Geraldo Pereira, Os Cariocas, César de Alencar e as Irmãs Meireles.
Em 1952, gravou, na RCA Victor, da dupla Klécius Caldas e Armando Cavalcanti, Baião Serenata e, de Marino Pinto e Don Al Bibi, o bolero Por Quanto Tempo?. No mesmo ano, gravou um de seus maiores sucessos carnavalescos, Barracão, samba de Luiz Antônio e Oldemar Magalhães, que seria revivido, alguns anos depois, com igual êxito, por Elizeth Cardoso. No mesmo ano, gravou, com o radialista César de Alencar, o samba-canção Está Fazendo Um Ano, de Ismael Neto e Manezinho Araújo, e o choro Me Dá, Me Dá, de Ismael Neto e Claudionor Cruz.
Em 1953, gravou os baiões Santo Antônio Disse Não, de Haroldo Lobo e Milton de Oliveira, e, com acompanhamento de Os Cariocas, Que É Que Tu Qué?, de Luiz Gonzaga e Zé Dantas. Nesse ano, casou-se com Ismael Neto, líder do Conjunto Os Cariocas. Em 1954, gravou os sambas Arranha-céu, de Luiz Antônio e Oldemar Magalhães, e Morro, de Luiz Antônio. Em 1956, registrou o samba-canção Eu Já Disse, de Lúcio Alves. Em 1958, gravou os sambas Estrela de Ouro, de Luiz Bandeira e José Batista e Por Que Choras?, de Alberto Rego e Alberto Jesus.
No ano de 1956, a gravadora Copacabana lançou o LP Heleninha Costa, contendo 8 faixas. Em 1960, a gravadora Todamérica lançou o LP Heleninha Costa, com 12 faixas. No começo da Década de 1980, a Collector’s Editora Ltda. lançou um LP em sua homenagem, com 12 faixas, na Série Os Ídolos do Rádio, LP da série, no qual mereceu texto escrito pelo crítico Ricardo Cravo Albin, que a considerou uma das mais belas vozes de todos os tempos da radiofonia carioca.
A partir do final dos Anos 1970, Heleninha retirou-se definitivamente da carreira artística, não mais aceitando convites para quaisquer aparições públicas.
Encantou-se no dia 12 de abril de 2005, no Rio de Janeiro, aos 81 anos, vítima de falência múltipla dos órgãos, e foi enterrada no Cemitério São João Batista, em Botafogo, Zona Sul da cidade.
Sua dioscografia é extensa, e a maioria dos discos gravados são facilmente encontráveis nos sites de busca especializados, bem como mais de 120 faixas remasterizadas de bolachões de 78 RPM.
Como pequena amostra de seu trabalho, escolhi 5 números do repertório carnavalesco, músicas que fizeram parte de minha vida, tanto como curtidor da MPB da Velha Guarda, quanto como trombonista dos salões e blocos de sujos.
Coitado do Frederico, marchinha de Alberto Ribeiro e José Maria de Abreu, gravada para o Carnaval de 1949:
Fracassei, samba de Peterpan, A. Chaves e Edmundo de Souza, gravado para o Carnaval de 1949:
Rádio-Patrulha, samba de Marcelino Ramos, J. Dias, Silas de Oliveira e Luizinho, gravado pra o Carnaval de 1956:
Exaltação à Bahia, samba de Vicente Paiva e Chianca Garcia, lançado em 1943, para ao Carnaval de 1944, que se tornou num dos clássicos da MPB:
Barracão, samba de Luiz Antônio e Oldemar Magalhães, campeão absoluto no Carnaval de 1953: