Adriana Ferraz e Carina Bridi, O Estado de S.Paulo
01 Outubro 2018 | 05h00
O presidenciável petista Fernando Haddad cumpre nesta segunda-feira, 1.º, mais uma agenda de campanha em Curitiba, mais precisamente na sede da Polícia Federal, onde está preso desde abril o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, condenado pela Lava Jato. É a quarta visita de Haddad a Lula desde que o ex-prefeito se tornou oficialmente o candidato do PT ao Palácio do Planalto.
Assim como nas outras oportunidades, após a visita – que dura, em média duas horas –, Haddad vai conceder uma entrevista coletiva à imprensa. Integrante da equipe de advogados do ex-presidente desde o início de julho, o petista já cumpriu essa mesma rotina outras nove vezes, antes como coordenador de campanha. A seis dias da eleição, ele vai aproveitar a viagem para também fazer um ato público no centro da cidade.
Mas, se são inevitáveis diante da necessidade de Haddad continuar se favorecendo da transferência de votos do eleitor lulista – ele subiu 13 pontos nas pesquisas de intenção de voto em 15 dias –, os encontros frequentes têm exigido da campanha do candidato explicações sobre qual seria o papel do ex-presidente diante de um eventual governo Haddad. E se a vitória seria ou não acompanhada de um indulto presidencial a Lula.
Pressionado, Haddad já afirmou publicamente que não concederia o indulto, mas porque essa não é a vontade do ex-presidente, que preferiria aguardar por um novo julgamento para provar sua inocência. Já sobre a participação de Lula, caso vença a eleição, o candidato tem sido mais claro, afirmando que o padrinho político “será um grande conselheiro”. O presidenciável petista também já declarou que não deixará de fazer as visitas caso vença a eleição.
Para o professor de Filosofia da Faap Luiz Bueno, a aceitação das visitas de Haddad a Lula varia de acordo com o eleitor. “O eleitorado tradicional do PT tem interesse em votar no Lula. Então, não se afetam com isso, não conhecem direito o Haddad, mas veem essa continuidade”, diz. Por outro lado, segundo Bueno, esses encontros podem passar uma “incerteza” sobre quem iria governar, em caso de vitória do PT, diante da falta de autonomia de Haddad.
Nessa última semana antes do primeiro turno da eleição, Haddad vai concentrar suas agendas no Sudeste, onde seu principal adversário, Jair Bolsonaro (PSL), coloca maior vantagem sobre o petista – segundo a última pesquisa Ibope/Estado/TV Globo, o deputado federal tem 31% das intenções de voto na região, ante 16% do candidato petista.
Após o ato púbico em Curitiba desta segunda-feira, o presidenciável petista segue para o Rio. Ainda nesta semana, Haddad deve participar de eventos públicos em São Paulo. / COLABOROU RICARDO GALHARDO