O VÍRUS
O que é o novo coronavírus?
É um vírus cujo nome faz referência à forma de coroa (corona em latim) de sua camada superficial. Além do Sars-CoV-19, há seis tipos de coronavírus conhecidos causadores de doença em humanos. Dois deles — Sars (descoberto em 2002) e Mers (2012) — causam infecção grave, mas não provocaram pandemia. Os outros quatro são relativamente raros e brandos.
Por que é tão perigoso?
Porque ele provoca doença grave e tem um meio de transmissão eficiente, o respiratório. Além disso, é novo e pode ser transmitido pelo ar, como o sarampo.
Por que ser novo é um perigo?
Como era desconhecido, o ser humano não tem imunidade. Afinal, nunca teve contato com ele. Há ainda pouco conhecimento consolidado, e as informações estão em constante atualização.
E o que isso significa?
Que é necessário se informar por meio de fontes confiáveis (Ministério da Saúde, instituições científicas e médicas e jornalismo profissional) para se manter a salvo da doença.
Qual a origem do vírus?
Estudos recentes mostram que o novo coronavírus possa ser resultado de seleção natural. Em um estudo publicado na revista “Nature Medicine”, cientistas concluíram que o Sars-Cov-2 possui uma estrutura capaz de se conectar e infeccionar as células humanas muito eficaz, que seriam resultado de uma evolução. Ainda há a hipótese de que os morcegos possam ter servido inicialmente como hospedeiros.
Como passou para o homem?
Provavelmente, pelo contato, incluindo consumo, com a carne de morcego ou de algum outro animal silvestre, em Wuhan, na China.
Como o coronavírus penetra no corpo humano?
Pelas mucosas da boca, do nariz e dos olhos. Assim, ele se liga às células das vias respiratórias.
O que o vírus faz nas células?
Ele “sequestra e escraviza” as células. Usa seu DNA e as obriga a produzir cópias de si mesmo. Uma única célula infectada produz milhões de vírus. Até não suportar mais, romper-se e morrer, liberando os invasores. Eles partem para tomar mais células e se espalham pelo organismo.
Qual a diferença entre Sars-CoV-2 e Covid-19?
Sars-CoV-2 é o nome do vírus dado pela OMS. Covid-19 é o nome da doença.
SINTOMAS
Quais os sinais e sintomas da Covid-19?
Eles variam de uma pessoa para outra. Mas é fundamental prestar atenção em três sintomas. A ampla maioria dos infectados tem febre e muitos têm tosse seca. A sensação de cansaço extremo acomete até boa parte dos doentes. Outros sinais são coriza, dores no corpo, diarreia e dificuldade para respirar. O mais preocupante é esse último. Recentemente, perda de paladar e de olfato também têm sido identificados nos pacientes diagnosticados com a Covid-19.
Quando procurar um hospital?
Se você tem sintomas de gripe ou resfriado com bom estado geral (coriza, febre baixa, mal-estar ou tosse), fique em casa por 14 dias, faça repouso e siga as medidas de higiene. Se os sintomas se agravarem, e você começar a apresentar cansaço ou dificuldade para respirar, procure uma emergência. Bebês e crianças menores de 6 anos, gestantes, mulheres que deram à luz há menos de 40 dias, pessoas com mais de 60 anos e que tiverem doenças preexistentes devem ser avaliadas por profissional de saúde se apresentarem febre e sintomas respiratórios.
Quando surgem os sinais e sintomas?
Quase sempre, cinco dias após a pessoa ter sido exposta ao vírus. Isso dá suporte à quarentena de 14 dias preconizada até agora. É bom lembrar que há casos assintomáticos, em que a pessoa infectada funciona apenas como vetor, ou seja, não apresenta sintomas clínicos, mas pode transmitir o coronavírus para outras pessoas.
Em quanto tempo a infecção pelo coronavírus evolui para um quadro grave?
Geralmente, de quatro a cinco dias após o início dos sintomas. Esse tempo pode ser mais curto para pessoas que sofrem de doenças crônicas preexistentes como diabetes e hipertensão. Segundo infectologistas, é preciso ficar atento quando a tosse, que começou semelhante a de uma alergia ou uma gripe, evolui muito em quatro dias, desenvolvendo uma dificuldade para respirar. Se a pessoa tem tosse, febre, mal-estar, coriza e começa a ter um desconforto respiratório, o caso pode estar ficando grave e é preciso procurar um hospital.
A infecção por coronavírus deixa sequelas?
Ainda se sabe muito pouco sobre isso. O que os médicos e cientistas já conseguiram identificar até agora é que há uma mudança na arquitetura do pulmão, o que pode reduzir a capacidade respiratória da pessoa. Informações mais precisas sobre sequelas devem vir com o tempo, conforme os pacientes vão sendo tratados.
TRANSMISSÃO
Quanto tempo o vírus sobrevive em superfícies?
De acordo com um estudo publicado na revista científica “New England Journal of Medicine”, o Covid-19 consegue sobreviver até três dias em algumas superfícies, como plástico ou aço. No papelão, em torno de 24 horas. Já no cobre, quatro horas. Em poeiras, por pouco mais de uma hora.
Ele é muito transmissível?
Acredita-se que cada pessoa infectada possa transmitir o vírus para pelo menos três pessoas. De acordo com a Universidade de Oxford, esse número pode chegar a cinco. Mas, o que faz com que a Covid-19 se propague tão rápido é que o vírus pode ser transmitido mesmo antes de aparecerem os sintomas. Um estudo da revista Science indica que os portadores sem sintomas são responsáveis por dois terços das infecções.
Qual o risco de contrair a Covid-19?
A Covid-19 foi declarada como pandemia pela OMS. Isso significa que já foram registrados casos do novo coronavírus em todos os continentes, com transmissão comunitária. Mais de quinhentas mil pessoas já foram infectadas e o número de mortes não para de crescer. Especialistas acreditam que entre 60% e 70% da população mundial será infectada. A principal recomendação no momento é que as pessoas, principalmente as que fazem parte dos grupos de risco, fiquem em casa e mantenham hábitos de higiene.
Quais as consequências?
Dependem do tempo de propagação. Em muitos países do mundo, como na Itália e na Espanha, os sistemas de saúde estão sobrecarregados e não conseguem atender a quantidade de pessoas infectadas com a Covid-19, o que acaba aumentando o número de mortes. Controlar a velocidade de propagação do vírus é essencial para minimizar as consequências da epidemia. Na economia, os impactos também são grandes. Com a recomendação de isolamento social há um aumento do número de desempregados, e uma grande preocupação com as populações mais vulneráveis e com os pequenos empresários.
Como reduzir a velocidade da pandemia?
Com medidas de isolamento social e cuidados pessoais como lavar as mãos, cobrir a boca ao tossir, evitar tocar nos olhos, no nariz e na boca, manter uma distância de pelo menos 1,5 metro das outras pessoas e higienizar ítens pessoais quando precisar ao chegar em casa.
Há bons exemplos de combate no mundo?
Sim. Quase todos estão na Ásia, como a Coreia do Sul e a China. Esses locais tomaram atitudes como testagem maciça de casos — com uma campanha de exames — e medidas mais agressivas de isolamento social.
Que pessoas têm mais risco de serem infectadas?
Quem teve contato com uma pessoa infectada ou que, por fazerem parte das categorias consideradas essenciais, precisam sair para trabalhar e não conseguem respeitar o isolamento social.
Pessoas infectadas e sem sintomas transmitem o vírus?
Sim. Os portadores sem sintomas são responsáveis por dois terços das infecções. Isso porque. apesar de serem duas vezes menos contagiosos, os assintomáticos são seis vezes mais numerosos. Além desses casos, em que a pessoa tem a doença mas não apresenta sintomas clínicos, o coronavírus também é transmitido durante o período de incubação, que geralmente leva de 5 a 12 dias.
Se eu já tive coronavírus, posso ter de novo?
Os dados mais recentes indicam, até agora, que quem teve uma vez a Covid-19 não está sendo contaminado novamente. Mas o vírus ainda está sendo estudado.
Posso pegar coronavírus e gripe ao mesmo tempo?
Especialistas afirmam é possível haver coinfecção e que já há relatos em outros países. No Brasil, a conjugação poderia se dar com o H1N1 ou com a cepa B da influenza. Juntos, os dois vírus, podem causar uma pneumonia grave.
O coronavírus é sexualmente transmissível?
Não. Segundo especialistas, não há nenhum indício de que há transmissão sexual do coronavírus. Porém, caso uma pessoa infectada tenha relação sexual, o vírus pode ser transmissível pelas vias respiratórias.
Qual é a diferença entre transmissão local e comunitária?
Transmissão local: a primeira vez que uma doença importada de outro país é transmitida de uma pessoa para outra em uma nova região. Transmissão Comunitária: À medida em que as autoridades passam a não conseguir estabelecer cadeias de transmissão para cada indivíduo infectado, a transmissão passa a ser considerada comunitária.
Quanto tempo deve demorar esse surto?
Ainda não há previsão. A duração depende do processo de contenção do contágio e da evolução do tratamento. No Brasil, o ministro da Saúde, Henrique Mandetta, disse que o pico do coronavírus no país deve ocorrer entre maio e junho. A estimativa é que o número de casos se estabilize a partir de julho e que entre agosto e setembro comece a haver uma redução.
PREVENÇÃO
Que principais cuidados devo ter?
- Lave as mãos até a altura dos pulsos regularmente com água e sabão. A capa do vírus é feita de gordura, e o sabão a dissolve.
- Na falta de água e sabão, limpe as mãos com álcool gel 60% a 70%, que tem o mesmo efeito.
- Não saia de casa a menos que tenha uma emergência.
- Se precisar sair para trabalhar, higienize a mão após tocar qualquer coisa do dia a dia, como o botão do elevador e a catraca do ônibus (principalmente antes de levá-la ao rosto). Evite também o transporte público lotado.
- Mantenha pelo menos 1,5 metro de distância de qualquer pessoa tossindo ou espirrando.
- Evite tocar os olhos, o nariz e a boca (se as mãos não tiverem sido higienizadas, não toque), porque é por eles que o contágio acontece.
- Higienize com frequência o celular e outros objetos de uso pessoal.
- Não dê abraços, beijos e apertos de mão.
- Tenha higiene respiratória. Cubra a boca e o nariz ao tossir e espirrar com um lenço descartável e o jogue fora imediatamente. Na falta de um, cubra o rosto com o cotovelo.
- Se não se sentir bem e os sintomas se agravarem, comunique ao seu médico ou aos postos de saúde.
- Use máscara se estiver tossindo ou espirrando para evitar contaminar os outros. A máscara comum não evita que os vírus contaminem as pessoas, então não são necessárias para prevenção. Apenas o modelo N95 cumpre essa função.
Devo evitar locais de aglomeração, como estádios, shows, cinemas, teatros, templos religiosos?
Sim. Já foram registrados casos do novo coronavírus em todos os estados do Brasil, muitos com transmissão local. Por isso, para frear o contágio a recomendação é evitar aglomerações e seguir as restrições implementadas pelos governantes. No Rio de Janeiro e de São Paulo, onde estão concentrados os maiores números do coronavírus, a recomendação é ficar em casa. Há limitações no transporte e o comércio está fechado, com exceção de setores considerados essenciais.
Há risco de contrair na praia?
O risco de ir à praia é, justamente, porque o espaço reúne um grande número de pessoas. A recomendação é sair de casa apenas para atividades essenciais: trabalho, mercado, farmácia, médico ou para uma atividade física ao ar livre, em locais sem aglomerações de pessoas. Em alguns estados as praias estão, inclusive, interditadas.
Que cuidados devo ter ao viajar de táxi, metrô, trem e ônibus?
Manter certo distanciamento das outras pessoas; evitar os horários de maior movimento; higienizar as mãos sempre que tocar em botões, roletas ou apoios; não coçar os olhos, nariz ou a boca; e quando chegar em casa colocar a roupa para lavar, higienizar acessórios como bolsa e celular, e tomar banho. Quem puder, deve evitar o transporte público.
Quais os riscos da viagem de avião?
Os mesmos do transporte coletivo acrescidos do fato de maior tempo de exposição a potenciais infectados.
Devo viajar para o exterior?
A recomendação das autoridades de saúde é evitar ao máximo, principalmente quando a viagem for a turismo ou passeio. O número de vôos está reduzido no Brasil e a preferência é para transporte de medicamentos, órgãos para transplantes, equipes de profissionais da saúde e deslocamentos de emergência.
Qual o risco de viagens de navio?
A recomendação neste momento é evitar.
Posso usar qualquer tipo de álcool para higienização das mãos e objetos?
Pode ser em gel ou líquido, mas precisa ser entre 60% e 70%. Se o teor for menor, não é eficaz para eliminar o vírus e concentrações acima de 70%, além de causar ressecamento, evaporam mais rápido, reduzindo o tempo de ação.
Tenho que andar de máscara?
A recomendação é só usar máscara quem estiver doente, pois ela ajuda a não transmitir o vírus para outras pessoas. Quem tiver contato com casos suspeitos, incluindo profissionais de saúde e familiares, também pode adotar essa medida, já que há casos assintomáticos da doença.
Os restaurantes estão fechados. É seguro pedir delivery?
É mais seguro. Mas é importante respeitar as medidas de prevenção, como evitar o contato com o entregador, fazer o descarte da embalagem e lavar as mãos antes da refeição. Também é recomendada a higienização do cartão de crédito com álcool gel 70% e das chaves de casa.
Tenho uma consulta marcada no médico. Devo ir?
Depende. Em caso de consultas de rotina e entrega de exames, o ideal é conversar com o seu médico para que a decisão de adiar seja tomada em conjunto. A orientação para os médicos é tentar remarcar os pacientes, principalmente os que são do grupo de risco do novo coronavírus e que não necessitem de um atendimento de urgência. Nos casos de tratamentos oncológicos e para doenças crônicas, o paciente deve continuar frequentando consultas e terapias.
Uma mulher infectada pelo coronavírus pode amamentar?
Segundo a OMS, não há qualquer indício de que o leite materno passa transmitir o novo coronavírus para o bebê. Por isso, a orientação é que a amamentação seja feita com normalidade.
A DOENÇA
O que a Covid-19 causa?
Uma infecção pulmonar. Nos casos brandos, a infecção se parece com um resfriado ou uma gripe leve. Nos mais graves, a pessoa começa a sentir grande dificuldade para respirar, e o quadro pode evoluir para pneumonia e falência múltipla de órgãos.
Todos os casos são graves?
Não. A OMS estima que 80% sejam brandos, com sinais e sintomas semelhantes aos do resfriado comum, sem necessidade de tratamento especial. Nos casos mais leves, os sintomas desaparecem em cerca de cinco dias. Nos casos graves, pode ser necessária internação de cerca de 20 dias em UTI..
E os casos graves?
A OMS diz que uma em cada seis pessoas infectadas fica gravemente doente. Até o momento, as formas mais graves têm se manifestado na população considerada como grupo de risco, mas há jovens, sem doenças crônicas, que também estão internados em Unidades de Tratamento Intensivo (UTIs) pelo mundo.
Qual a diferença da Covid-19 para a gripe?
A Covid-19 se parece, mas não é uma gripe comum. Não é o apocalipse, mas tampouco um resfriado. Os sintomas são semelhantes. De acordo com infectologistas, a diferenciação é difícil de ser feita apenas pelo quadro clínico. Somente um diagnóstico por biologia molecular consegue identificar o novo coronavírus. Mas, diferentemente da gripe (vírus influenza), a população não tem imunidade contra o novo coronavírus. Não existem vacina e remédio licenciado, e o tempo entre o aparecimento de sintomas e o agravamento de casos que exigem internação parece ser menor na Covid-19, o que a torna potencialmente mais grave.
Como a Covid-19 pode ser fatal?
Por conta da insuficiência respiratória e da falência múltipla de órgãos, decorrentes tanto do ataque do vírus quanto da reação do próprio sistema de defesa do organismo. Apesar de a taxa de letalidade não ser alta, milhares de pessoas pelo mundo já morreram após contrair o vírus. Além do agravamento do quadro clínico de alguns pacientes, principalmente dos que fazem parte do grupo de risco, a rápida propagação do vírus tem sobrecarregado os sistemas de saúde. Em alguns lugares do mundo, as pessoas com Covid-19 estão tendo dificuldade de conseguir atendimento, o que acaba acarretando um aumento da mortalidade.
Como é o ataque do vírus?
Ele mira as células do trato respiratório, e o seu alvo predileto são os pulmões. As células infectadas se rompem e morrem. À medida que a infecção avança, as vias respiratórias vão ficando entupidas com fluidos e restos de células mortas. Em consequência, a pessoa passa a respirar cada vez pior.
E o que faz o organismo?
O sistema de defesa reage à presença de células mortas e do vírus. Células do sistema imunológico tomam os pulmões para tentar reparar os danos e expulsar os vírus. Muitas vezes, o sistema de defesa tem êxito. Mas a reação pode ficar descontrolada — o que ocorre com mais frequência em pessoas mais idosas ou com outras doenças, cujas defesas já estão previamente enfraquecidas.
E qual o resultado?
Descontroladas, as células de defesa passam tanto a atacar os inimigos quanto as células saudáveis. O sistema imunológico entra numa espécie de pane e emite uma enxurrada de sinais. Essa tempestade química danifica ainda mais os pulmões e pode atingir outros órgãos. Quando não controlada, a vítima sofre falências respiratória e múltipla de órgãos.
Qual a taxa de mortalidade?
Ainda não está estabelecida. Com base nos dados da China, o novo coronavírus se mostra mais letal, mas menos transmissível do que a gripe comum. A taxa de mortalidade atual da Covid-19 é de 3,4% contra menos de 1% da gripe comum. No Brasil até o momento a taxa está em menos de 2%, segundo o Ministério de Saúde.
DIAGNÓSTICO
Como é o diagnóstico?
Infectologistas afirmam que a diferenciação clínica entre a gripe e o novo coronavírus é difícil de ser feita. Somente um diagnóstico por biologia molecular consegue identificar o Covid-19. Inicialmente, enquanto não havia transmissão comunitária no Brasil, o histórico epidemiológico também era levado em conta, ou seja, contato com pessoas infectadas e viagem a locais de transmissão.
Como é feito o teste?
É coletado o material das vias respiratórias (nariz ou garganta) do paciente com suspeita de coronavírus. Os hospitais e unidades de saúde vão enviar as amostras para análise do laboratório responsável, apto a confirmar ou descartar casos. O material genético do vírus é separado e submetido a reações químicas com substâncias que só se ligam ao DNA do coronavírus. Se as substâncias reagirem, o teste é considerado positivo. As amostras devem permanecer armazenadas por cinco anos caso haja a necessidade de reteste.
Os testes são eficientes?
Os testes aplicados no Brasil são considerados adequados.
Os testes estão disponíveis na rede públicas de saúde?
O Ministério da Saúde assegura que todos os estados têm condições de fazer os testes. Mas, devido ao aumento do número de casos, não há testes suficientes para todos os pacientes com suspeita de coronavírus. Atualmente, só estão sendo testados aqueles que estão internados ou apresentam quadro grave da doença. O resultado pode demorar até sete dias para ficar pronto.
E hospitais privados?
Sim, os hospitais privados também podem realizar os testes e para isso devem aceitar planos de saúde. Mas os resultados desses testes devem ser encaminhados para os laboratórios credenciados pelo Ministério da Saúde para que seja feita uma contra-prova e só então o diagnóstico é confirmado.
CUIDADOS PESSOAIS
O que devo fazer se apresento sinais ou sintomas, mas não sei se tenho o vírus?
Se você apresentar sintomas como dor de cabeça, coriza, tosse e febre baixa, mas apresenta bom estado geral, fique em casa por 14 dias para evitar a contaminação de outras pessoas, de preferência isolado dos familiares e amigos. Faça repouso e siga as medidas de higiene. Na rede pública de saúde apenas os casos graves, onde as pessoas apresentam dificuldade para respirar ou se enquadram no grupo de risco, estão sendo testados.
Quando devo procurar um hospital?
Se você tiver um agravamento dos sintomas, como por exemplo: aumento da febre durante os quatro primeiros dias, tosse seca com dificuldade para respirar, ou qualquer outro sintoma persistente, procure um hospital. Lembre-se: Bebês e crianças menores de 6 anos, gestantes, mulheres que deram à luz há menos de 40 dias, pessoas com mais de 60 anos e que tiverem doenças preexistentes devem ser avaliadas por profissional de saúde se apresentarem febre e sintomas respiratórios.
Tenho o vírus, mas não apresento sintomas. O que faço?
A recomendação é fazer autoisolamento. Permaneça num cômodo da casa e evite o contato com os outros moradores. A comida deve ser deixada na porta e, se possível, use um banheiro exclusivo. Um médico deve indicar que medicamentos tomar para tratar dos sintomas. Caso precise sair do isolamento use máscara.
TRATAMENTO
Qual o tratamento?
Os médicos tratam os sintomas, porque não existe um remédio específico para curar a Covid-19. Nos casos leves, são administrados antitérmicos e outros remédios empregados para os resfriados comuns. Nos mais graves, são necessários remédios para pneumonias e outras complicações, além de equipamentos para auxiliar a respiração. Uma série de medicamentos estão sendo testados, mas nenhum teve a eficácia comprovada. Também não há vacina que previna contra o novo coronavírus.
Como está a pesquisa de remédios?
Há mais de 30 medicamentos e combinações de remédios sendo testados. Dentre eles estão a cloroquina e hidroxicloroquina, que são usadas contra a malária. O Ministério da Saúde já permite a utilização da cloroquina nos hospitais para casos graves, mas a eficácia do medicamento ainda não foi comprovada. Por isso, a recomendação do Ministério e da OMS é não se automedicar. O uso dessas e de outras drogas, que estão sendo testadas, podem trazer sérios danos à saúde das pessoas.
Antibióticos funcionam contra o coronavírus?
Não. Eles atuam apenas contra bactérias. Drogas antivirais precisam atacar proteínas específicas do vírus.
Afinal, posso ou não tomar ibuprofeno?
Apesar de num primeiro momento ter recomendado a suspensão do ibuprofeno, a OMS voltou atrás dias depois e retirou a restrição. O Ministério da Saúde, por sua vez, também já teve diferentes opiniões, mas, em seu último posicionamento, desaconselhou o uso do medicamento.
Quando um paciente diagnosticado com coronavírus recebe alta?
Ainda se conhece muito pouco do Covid-19 para definir quando um paciente está, de fato, curado. Mas o procedimento adotado pelos médicos tem sido: manter os pacientes diagnosticados com coronavírus em quarentena por 14 dias; após esse período, quando os sintomas deixarem de existir, os médicos continuam acompanhando o quadro desses pacientes à distância por mais 14 dias, antes de eles serem liberados.
GRUPOS ESPECIAIS
Por que idosos são mais suscetíveis?
Porque devido ao envelhecimento ou aos efeitos de alguma doença seu sistema imunológico já não funciona bem. Como as drogas disponíveis tratam apenas os sintomas da Covid-19 e cabe ao próprio sistema de defesa combater o vírus sozinho, essas pessoas são mais vulneráveis.
Há riscos maiores para grávidas?
Não existem dados específicos sobre a Covid-19, mas mulheres grávidas passam por mudanças imunológicas que podem deixá-las mais vulneráveis a infecções respiratórias. A recomendação de algumas Secretarias de Saúde é que tanto as grávidas, quanto as mulheres que acabaram de ter filho, procurem ajuda médica caso comecem a apresentar sintomas compatíveis com os do novo coronavírus.
Pode ser transmitido da gestante para o bebê em gestação?
Não há até agora estudos que mostrem isso, nem que passe através do leite materno. A OMS afirma que as mães infectadas com coronavírus não interrompam a amamentação.
Crianças correm maior risco?
As crianças são tão vulneráveis a contrair a Covid-19 como os adultos. Os dados da China mostram que raramente adoecem. Apenas 2,4% dos casos na China têm menos de 18 anos. Pelo que se sabe até agora, a maior parte das crianças infectadas pelo coronavírus são assintomáticas ou, no máximo, apresentam coriza. Apesar disso, elas agem como vetores do vírus, transmitindo a Covid-19 para outras pessoas.
Quais doenças aumentam a taxa de letalidade do vírus?
De acordo com estudos da OMS feitos com base em pacientes chineses no início do surto, a maior taxa de mortalidade foi de pessoas com doenças cardiovasculares (13,2%), seguido de: diabetes (9,2%), hipertensão (8,4%), doenças respiratórias ou crônicas (8%) e câncer (7,6%). Já entre quem não tem doenças pré-existentes, a letalidade foi de 1,4%.
Tenho uma doença cardíaca, o que faço para me cuidar?
Não há uma medida específica. Os médicos reforçam a recomendação de que esse grupo fique em casa e se isole imediatamente em caso de sinais respiratórios. Evitar o contato social é a melhor medida de prevenção. Os pacientes não devem interromper o uso de medicamentos conhecidos como inibidores de enzima conversora de angiotensina (IECA) e bloqueadores de receptores de angiotensina (BRA) sem consultar um médico.
A tuberculose coloca a pessoa em um grupo de risco?
Sim, a tuberculose e todas as outras doenças respiratórias. Fumantes de longa data também podem ter casos mais graves da Covid-19.
Pessoas com doença de pele, como erisipela e urticária, estão no grupo de risco?
Não diretamente. Alguns tratamentos utilizados para essas doenças reduzem a imunidade e, se realizados por um longo tempo, podem colocar esta pessoa em uma situação de risco.
Em qual idade o coronavírus se torna mais letal?
Acima dos 80 anos, a taxa de letalidade é de quase 15%. Já entre 70 e 79, esse número cai para 8%. Dos 60 aos 69 anos, a mortalidade fica em 3,6%. Para quem tem entre 50 e 59, a taxa reduz ainda mais, para 1,3%. Entre a população com idade abaixo dessa o índice não chega a 0,5%.
Transplantados também são considerados como grupo de risco?
Sim. O Ministério da Saúde incluiu os transplantados como grupo de risco do novo coronavírus. A recomendação é mais uma vez o isolamento social e os cuidados com a higiene para evitar o contágio.
Por que não são apenas as pessoas de risco que precisam ficar isoladas?
Estudos mostram que cada pessoa infectada transmite para até outras três pessoas e que dois terços das transmissões são feitas por indivíduos assintomáticos. A estratégia de restrição social é recomendada pela OMS e adotada por diferentes países para "achatar a curva" de contaminação e evitar o colapso das redes de saúde.
VACINA
Existe vacina?
Ainda não existe vacina. Na mais otimista das previsões da OMS, não haverá antes de 18 meses. A estimativa do Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas (INI-Fiocruz) é de que ainda no primeiro semestre deste ano, no Brasil, tenhamos desenvolvido um produto adequado para testes. Nessa fase, conhecida como fase 1, é realizado o estudo de patogenicidade para analisar se o vírus estimula anticorpos e se faz algum mal ao organismo, entre outros pontos.
Há quantas vacinas em desenvolvimento no mundo?
Há mais de 50 grupos de pesquisadores internacionais tentando desenvolver um imunizante, inclusive no Brasil. Na China e nos EUA, duas versões já estão entrando na fase de testes em humanos.
Devo tomar a vacina da gripe?
Sim. Ela não evita a Covid-19, mas impede a gripe causada pelo vírus da Influenza, que também pode ser grave e levar à morte. Além disso, a vacina da gripe reduz a vulnerabilidade de seu sistema respiratório e de defesa, e ajuda a desafogar o sistema de saúde, abrindo espaço para atender pacientes da Covid-19.
E a do sarampo?
Sim. O sarampo está em circulação no Brasil e é extremamente grave. Ao se vacinar, a pessoa reduz o número de casos e a pressão sobre o sistema de saúde.
ANIMAIS DE ESTIMAÇÃO
O meu animal de estimação pode transmitir coronavírus?
Não há evidência disso.
Ele pode adoecer?
Também não há prova de que isso ocorra.
O vírus já foi detectado em cães?
Sim. Num lulu-da-pomerânia de 17 anos, que pertence a uma mulher infectada na China. O vírus foi detectado na saliva e na secreção nasal do cão. Mas ele não adoeceu. Veterinários chineses acreditam que o cão foi afetado como tudo o que a mulher tocou. Ele foi contaminado, mas não foi infectado.
Que cuidados devo ter com o meu pet?
Se você tem sintomas de doença respiratória, deve evitar contato com ele para protegê-lo. Se você precisar levá-lo para passear na rua, é recomendável que sejam feitos passeios mais curtos e sem interação com outras pessoas. Ao voltar para casa, é preciso higienizar as patinhas e o focinho do animal com água corrente e sabão. Os especialistas também aconselham aumentar a frequência dos banhos nos pets.
MITOS PERIGOSOS
Vitamina C ajuda a prevenir a infecção?
Não. Essa é uma das mentiras difundidas por redes sociais. Não existe vitamina, receita tradicional, terapia alternativa o u remédio conhecido capaz de evitar o contágio ou tratar a doença.
Como melhorar a imunidade?
Todas as promessas de tratamentos para aumentar a imunidade são enganosas. A única forma é com alimentação saudável, atividade física e sono de qualidade.
Devo fazer estoque de medicamentos?
Não. A não ser que você sofra de alguma doença crônica.
Produtos importados da China podem transmitir o vírus?
Não há risco algum neste caso, segundo infectologistas.
O novo coronavírus não resiste ao calor?
Circula nas redes sociais uma mensagem dizendo que a Covid-19 não resiste ao calor e que "temperaturas de 26ºC ou 27ºC já matam o dito cujo". Isso não é verdade, de acordo com o próprio Ministério da Saúde e especialistas da área.
Gargarejo com água morna, sal e vinagre elimina o coronavírus?
Não. Algumas mensagens em redes sociais dizem que isso elimina o vírus, mas é mentira. A informação é negada pela Organização Mundial da Saúde, pelo Ministério da Saúde e por especialistas.
O coronavírus foi criado em laboratório?
Não. Não há nenhum registro científico que indique que o vírus foi criado em laboratório. Um estudo publicado na revista “Lancet” fez uma descrição de dez sequências genéticas do novo coronavírus que demonstrou uma similaridade com o vírus SARs (COV), tendo o morcego como hospedeiro original.
É verdade que posso fazer meu próprio álcool gel?
Não. A receita caseira para reproduzir o frasco não funciona e ainda pode ser perigosa. O vírus é desconhecido e o uso inadequado do álcool pode deixar de ser uma arma de proteção e causar efeito contrário, como a potencialização de infecções e alergias.
Alguns tipo sanguíneo aumentam as chances de ser infectado pelo coronavírus?
Um estudo preliminar da China apontou que pessoas com sangue tipo A podem ser mais vulneráveis a serem infectadas pela doença. No entanto, especialistas dizem que são necessários mais estudos para que haja uma constatação sólida.
Posso contrair o Covid-19 pelo ato de doar sangue?
Não. A doação de sangue é segura. Não há riscos para quem doa. Segundo o governo federal, os mais de 30 hemocentros e 500 serviços de hemoterapia de todos Brasil estão preparados para receber os doadores. Esses serviços disponibilizam condições de lavagem de mãos, uso de antissépticos e estão atentos às recomendações para evitar aglomerações de pessoas.
PLANOS DE SAÚDE
Posso ir a um laboratório fazer o teste?
Para realizar o exame, é preciso ter uma avaliação médica. É o médico quem avalia os casos enquadrados como suspeitos ou prováveis da doença, que terão direito ao teste. A Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) recomenda que, antes de procurar uma emergência ou um laboratório, o usuário de plano de saúde busque a operadora para orientá-lo.
O teste só pode ser feito no hospital?
O médico definirá se o teste é indicado e orientará o paciente a procurar um estabelecimento da rede credenciada da operadora de planos de saúde. Alguns laboratórios particulares estão realizando o exame, mas o recomendado é consultar a operadora para que indique o local mais adequado.
Tenho o vírus, o plano de saúde cobre o tratamento?
Sim, os planos de saúde já têm cobertura obrigatória para consultas, internações, além de diversas terapias e exames que podem ser empregados no tratamento de problemas causados pela Covid-19.
Qual a orientação das operadoras, caso desconfie que fui contaminado?
A orientação é que o beneficiário procure primeiro os serviços ambulatoriais. Mas cada operadora definirá o melhor fluxo para atendimento. O primeiro passo é sempre entrar em contato com o plano de saúde e se informar sobre os locais de atendimento.
Pode ser cobrada coparticipação no exame e no tratamento do coronavírus?
Quando o contrato do plano de saúde já prevê coparticipação, ou seja, pagamento de um percentual do valor de exames e tratamentos pelo usuário, essa cobrança poderá ser feita também para o caso do novo coronavírus.
TRABALHO
Viagem a trabalho pode ser obrigatória?
Depende da atividade e do local. Por exemplo, se viajar a trabalho é parte da rotina do empregado, e desde que não seja para áreas de alto risco, poderia ser obrigatório. Mas o mais adequado, agora, é que a empresa ofereça alternativas, como videoconferência, que evitem viagens.
A empresa pode impedir viagens particulares?
A empresa não pode impedir que o colaborador faça uma viagem particular. Mas é obrigação do trabalhador comunicar ao empregador caso viaje para local com alerta de risco de contaminação. Se não o fizer, pode ser advertido.
A empresa pode me obrigar a trabalhar em casa?
Sim, a empresa pode estabelecer como regra interna para reduzir o risco de propagação do vírus, assim como para caso de empregado com sintomas para o coronavírus ou recém-chegado de região com risco de contaminação. É dever do empregador zelar por um ambiente de trabalho seguro.
No caso de home office, a empresa tem que fornecer as condições para o trabalho?
Tudo deverá ser acordado entre o empregador e o empregado e, de preferência, registrado por escrito. Por exemplo, se a empresa tem um computador que pode ser disponibilizado ao empregado ou se pagará acréscimos na despesa com telefone e internet.
E se o funcionário estiver com suspeita da doença?
O empregador deve afastá-lo das atividades de trabalho imediatamente, por pelo menos 14 dias e orientá-lo a procurar um médico.
Se estiver doente, como fica a situação do funcionário?
Os primeiros 15 dias de afastamento do trabalho serão pagos pelo empregador. A partir do 16º dia, caso a licença seja prolongada, o empregado passa a receber pelo INSS. Se houve a contaminação, mas o funcionário não tiver sintomas da doença, poderá trabalhar de casa.
Como fica a situação dos autônomos?
Se o trabalhador autônomo contribuir para o INSS, ele terá direito ao auxílio-doença a partir do primeiro dia de incapacidade para o trabalho. Para tanto, deverá obter um atestado médico que confirme a incapacidade e dar entrada no pedido de concessão do benefício no INSS. Os autônomos que não colaboram para o INSS não terão direito a auxílio-doença.
O prazo para entregar as declarações tributárias dos microempreendedores individuais (MEI) está mantido?
O governo, através do Comitê Gestor do Simples Nacional (CGSN), decidiu adiar para 30 de junho de 2020 a entrega da Declaração de Informações Socioeconômicas e Fiscais (Defis) e da Declaração Anual Simplificada para o Microempreendedor Individual (DASN-Simei). O objetivo é diminuir os impactos econômicos causados pela epidemia. O CGSN também aprovou resolução prorrogando o prazo para pagamento dos tributos federais para as empresas optantes pelo Simples Nacional.
Com a quarentena, como os pequenos empregados vão pagar os salários?
O Banco Central anunciou, no dia 27 de março, uma linha de crédito emergencial para pequenas e médias empresas com uma taxa de juros reduzida a 3,7% ao ano e 36 meses para o pagamento. A linha de crédito, no valor de 40 bilhões (20 bilhões por mês), será destinada exclusivamente às folhas de pagamento dos funcionários. O crédito, de no máximo dois salários mínimos por funcionário, será depositado diretamente na conta do trabalhador.
Aposentados e pensionistas do INSS precisam fazer prova de vida?
O INSS suspendeu até junho as provas de vida anuais obrigatórias para aposentados e pensionistas. No caso de benefícios bloqueados pelo INSS com data anterior a março, será necessária a realização dos procedimentos de prova de vida para desbloqueio das parcelas. A medida não afeta os pagamentos dos benefícios.
VIAGENS
Se a companhia aérea cancelar o voo, como fica o ressarcimento?
A empresa aérea deverá oferecer ao passageiro as alternativas de reembolso integral da passagem ou reacomodação em outro voo da própria empresa ou de outra para o mesmo destino na primeira oportunidade, ou em voo da própria companhia a ser realizado em data e horário de conveniência do passageiro. Essa regra está na Resolução 400 da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). É o consumidor que escolhe dentre essas alternativas. Em caso de dificuldade, o consumidor pode registrar queixa no Procon da sua região ou no portal de intermediação de conflito do governo federal, o www.consumidor.gov.br.
As empresas podem cobrar multa para cancelamento, mudança de data ou destino?
Para destinos internacionais e nacionais identificados com alto risco de contágio, especialmente em casos de passageiros idosos, o entendimento dos especialistas é que seria garantido o reembolso total ou remarcação sem custo. No entanto, dizem que não se trata de um direito líquido e certo dos consumidores, mas pode ser argumentado em negociação pessoal ou intermediada pelo Procon ou na Justiça.
Qual é a orientação da Secretaria Nacional do Consumidor para empresas?
A principal recomendação seria remarcar, sem custo adicional, as viagens turísticas previstas para os próximos 30 dias. As empresas devem ter flexibilidade e evitar se ater aos casos estritos estipulados pela Resolução 400 da Anac, tendo maior campo de negociação, reduzindo cancelamentos prematuros, discussões judiciais e prejuízos ainda maiores ao setor e aos brasileiros.
Qual tem sido a conduta das empresas nesses casos?
Há muitas queixas sobre a aplicação de multas aos consumidores que querem cancelar ou remarcar viagens. Mas já há empresas aéreas e agências de turismo flexibilizando a aplicação das regras e negociando com consumidores a remarcação de viagens, permitindo alterações de data e destino sem custo. Em alguns casos, há cancelamento e reembolso do valor ou a disponibilização de crédito para o consumidor redefinir sua viagem em prazos de até um ano.
Alguma orientação para remarcar viagens?
Recomenda-se que se evite remarcar viagens para períodos curtos. E também que não se antecipe o pedido de remarcação ou cancelamento de viagens programados para daqui a mais de 60 dias. A orientação é acompanhar as informações oficiais à medida da proximidade da viagem .
Para locais que não são de alto risco, quais as regras para cancelamento?
Sem evidências concretas de risco ou manifestação das autoridades nacionais de saúde brasileiras ou do local de destino, em caso de cancelamento ou remarcação serão aplicadas as regras contratuais, o que significa que é possível a aplicação de multa ao consumidor para cancelamento ou mudança de data.
Como ficam as contratações feitas no exterior?
A compra de viagens de trem, eventos culturais e hospedagem efetuada diretamente com empresas estrangeiras se sujeita às regras do contrato e à lei do país em que houve a contratação. É preciso verificar as medidas que vêm sendo adotadas por essas empresas e as possibilidades de remarcação e/ou reembolso disponíveis no país de origem.
E os intercâmbios?
Estudantes intercambistas, que embarcariam do Brasil para estudar em outros países nos próximos meses, terão o direito de remarcar a viagem gratuitamente para até dois anos, contados a partir do dia 11 de março. De acordo com o Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) firmado as agências, caso os estudantes não queiram remarcar a viagem, devem ser reembolsados em condições mais vantajosas do que o previsto em contrato. As regras para reembolso serão diferentes em cada caso.
A malha aérea do Brasil continua a mesma?
A Anac e as companhias aéreas decidiram reduzir em 60% o número de voos no país. O Brasil tinha uma média de 14 mil voos por semana. A partir do dia 28 de março, esse número cai para 1.241 voos. Desta forma, a Agência Nacional de Aviação Civil pretende garantir que todos os estados sigam atendidos pela malha aérea e que o transporte de equipes de saúde, medicamentos, órgãos e deslocamentos de emergência sejam mantidos. A Anac lembra que viagens de turismo e a passeio são desaconselhadas.
INVESTIMENTOS
O que fazer com os investimentos?
Quando a crise vem, não tem muito o que fazer. Não tem como saber, agora, quando é o fundo do poço. Neste momento, a recomendação dos especialistas é manter os investimentos como estão.
É possível recuperar as perdas, principalmente na Bolsa, das últimas semanas?
Sim. A questão é saber quanto tempo esse movimento vai levar. É preciso manter a calma e não se precipitar.
E o dólar? dá para saber até onde a cotação vai?
O cenário é muito incerto ainda para fazer previsões. Analistas recomendam, para quem tem compromissos em dólar no futuro (uma viagem de estudos, por exemplo), ir comprando aos poucos, para minimizar os riscos com a instabilidade das cotações.