06 de março de 2021 | 10h00
Há alguns anos, o Pato Fu produziu algo que muita gente já tentou fazer com os instrumentos musicais de crianças. O grupo mineiro colocava em disco canções executadas com esses apetrechos, como saxofone de plástico, pianinho de brinquedo e tecladinhos. Depois do sucesso do primeiro, em 2017 chegou o Música de Brinquedo 2, que tem canções nacionais e internacionais, como Severina Xique-Xique, Mamãe Natureza, Livin’ La Vida Loca, Datemi un Martello. E este é o trabalho que o Pato Fu escolheu para realizar sua primeira live, que será neste domingo, 7, às 16h, com transmissão pelo YouTube da Fundação ArcelorMittal e pelo Facebook do programa Diversão em Cena.
No palco do Centro Cultural Unimed-BH Minas, vão estar reunidos Fernanda Takai, John Ulhoa e Ricardo Koctus e também Glauco Mendes (bateria), Richard Neves (teclados), Thiago Braga e Camila Lordy, em vários brinquedos. Há ainda a participação especial de Groco e Ziglo, monstrinhos do Grupo Giramundo de Bonecos, manipulados pelos mestres Marcos Malafaia, Beatriz Apocalypse e Ulisses Tavares.
Sobre a live e o Música de Brinquedo, Fernanda Takai respondeu às questões do Estadão.
Tínhamos feito apenas uma apresentação assim durante toda a pandemia, mas foi com sinal fechado para um evento sobre educação. Para isso acontecer não é muito simples, é preciso testar todas as pessoas envolvidas na produção com o PCR molecular. Mesmo assim, muita disciplina no uso de máscaras e compartilhamento de áreas comuns, desde a montagem, passagem de som e o show. O espetáculo demanda dez pessoas no palco entre músicos e marionetistas, pois tudo é tocado ao vivo, sem bases programadas. Precisamos de muitas mãos e o Música de Brinquedo não funciona num formato pocket. O seu grande diferencial é a sonoridade coletiva dos brinquedos e miniaturas com a interpretação de humanos e monstros (Giramundo). E ainda é preciso lembrar que a equipe técnica é muito especializada na captação desse som diferente e também na iluminação de cada momento. Realizar um show assim e levá-lo em segurança até a casa das pessoas é desafiador, sem dúvida.
Foi há muito tempo. Em 1995, quando ouvimos a turma do Snoopy cantando músicas dos Beatles com arranjos de brinquedo, mas depois descobrimos que tinham usado alguns sintetizadores. Só em 2009, resolvemos tentar fazer versões de grandes sucessos nacionais e internacionais usando os brinquedos que a gente tinha em casa e alguns instrumentos em miniatura.
Todos os brinquedos e miniaturas que usamos até hoje são encontrados por aí em lojas, feirinhas de artesanato, sites na internet. Muitas vezes, tivemos de trocá-los pois alguns quebraram e não achamos mais para comprar. Outros se perderam nas viagens, tomaram chuva ou foram aposentados pela fadiga do material. Todos são muito frágeis.
Primeiro escolhemos as canções e só depois corremos atrás dos instrumentos que poderiam emular os arranjos originais de cada uma delas. Três critérios foram fundamentais: a música ser muito conhecida, o seu arranjo marcante e que tivesse trechos “cantáveis” pelas crianças.
Acho que esse trabalho tem um quê de experimental recheado com uma alma pop. E dá muito trabalho! Não acredito num terceiro álbum assim, mas há um experimento audiovisual em curso. Não posso dar detalhes agora.
Foi preciso muita insistência e dedicação a cada coisa que tocamos no estúdio. Transpor tudo para o palco foi a segunda etapa do desafio. À medida que as músicas iam ficando prontas, a gente ficava orgulhosa do resultado, além de perceber o sorriso no rosto de todos. As crianças brincaram de gravar, nem imaginavam que viria um disco depois de tudo.
Sim! Ganhamos nosso terceiro disco de Ouro e um Grammy Latino com ele, numa época em que muitos já se questionavam se valia a pena lançar álbuns completos, ainda mais com um projeto improvável e totalmente independente como o que fizemos. E acredito que a sua longevidade é a prova de que não tem prazo de validade. Todos os dias tem gente descobrindo esses dois álbuns, e compartilhando suas memórias através das redes sociais.